Samantha

Onde aquele paranóico se enfiou? Eu não gosto de ficar presa, é horrível. Olho para a hora na tela do meu celular e já passa do meio dia, meu estômago me lembra que comi pouco no café da manhã.

Vou até a cozinha e noto que os armários na parte de cima são mais altos que o normal, não me admira já que Dominic parece um poste de tão alto. Vou pegar uma cadeira, assim que encosto a cadeira no balcão de baixo piso no mesmo para dar altura e abrir a porta do armário.

Esse homem não faz compras? Não tem nada aqui em cima, o filho da puta é bilionário e não faz compras, que ótimo. O que eu vou comer? Bato meu pé indignada esquecendo que estou no alto é quando me desequilibro e caio.

Eu já estava preparada para sentir a dor do meu corpo se chocando com o chão duro, mas não aconteceu. Ao invés disso braços me seguraram, meus olhos estavam fechados pensei ter batido logo com a cabeça e morrido sem ter tempo de sentir dor até que uma voz profunda, rouca e sedutora fala:

— Pode abrir os olhos, morena, teu salvador chegou.

Abro meus olhos devagar, minhas mãos estão no peito do Dominic. Tem algo diferente nele, o azul de seus olhos está mais intenso e escuro e não claro e reluzente como ontem e sua voz está com um timbre diferente.

— Me-me solta, por favor. — sinto meu corpo estremecer ao sentir o calor do corpo dele.

Ao invés de me soltar como eu pedi o idiota me leva para a sala em seus braços e me mostra a mesa com algumas bolsas espalhadas por ela e uma garrafa de vinho rosé.

— Trouxe nosso almoço e até onde sei seu prato e bebida favorita. — olho para ele espantada, ele deve estar blefando.

Sim, vinho rosé é meu favorito, mas espero ser uma breve coincidência e que a comida nas sacolas seja apenas algo aleatório que ele tenha comprado. Dominic me soltou e eu fui até a mesa. Eu fui tola, tem lasanha e dois pratos de restaurante coreano, sim são meus pratos favoritos.

— Torrance, está me deixando assustada. Como sabia dessas coisas se eu não contei nada para você?

— Morena, me chama de Nic! E esqueceu de olhar na sacola da confeitaria que você vai sempre, comprei a sua torta preferida que tem três tipos de chocolate diferentes.

— Você é meu stalker? — pergunto me apoiando na mesa tentando manter minhas pernas trêmulas calmas novamente.

— Não sou seu stalker! Não me considero um, apenas me informei melhor sobre você. Isso é um crime? — o sorriso que ele abre para mim é diabolicamente sexy e sedutor, faz entre minhas pernas pulsar e aquecer ao ponto de minhas coxas se apertarem uma na outra para tentar manter minha sanidade intacta.

— Apenas pare com isso, logo terá que me deixar ir e não poderá continuar com isso.

O sorriso tentador some dando lugar a algo sombrio e frio no seu olhar e traços, ele vem até mim em passos calmos e lentos. Não percebi que estava me afastando até encostar na parede atrás de mim.

Dominic coloca suas mãos uma de cada lado da minha cabeça apoiando na parede, ele se inclina para baixo e olha nos meus olhos, sinto como se olhasse de volta para um precipício. Ele curva o lado direito do seu lábio e sussurra me fazendo abrir os lábios para buscar ar com agonia:

— Será que nós vamos mesmo te deixar em paz depois que sair por aquela porta? Será que você vai realmente nos esquecer tão facilmente depois de ter o melhor orgasmo da sua vida?

Nós? Como assim nós? Ele está ficando louco? Tento responder algo, mas não consigo me sinto hipnotizada e presa ao olhar dele. Dominic ameaça me beijar movendo seus lábios de um jeito tentador. Ele apenas se aproxima o suficiente para que eu sinta o calor de seus lábios, mas para um centímetro antes de tocar minha pele que anseia por esse toque.

— Morena, podemos tocar em você?

Ele sussurra e sinto as vibrações da voz dele contra os meus lábios quase me rendendo a essa loucura que me puxa e me atrai feito um ímã. Eu quase, quase toquei os lábios dele com os meus, mas fui tirada pelo transe ao ouvir dois telefones tocarem ao mesmo tempo e um desses telefones é o meu. O que me faz perguntar de onde vem o outro som.

— Quid infernum. — olho para ele sem entender o que disse até que ele me olha e diz — É latim, não deve atender o telefone.

— Por que não? Você disse que eu poderia usar meu celular, por que está voltando atrás?

— Não é ninguém importante! — ele fala olhando para um celular que está na sua mão.

Mas eu me afasto dele e consigo atender a chamada antes que ele me impeça. Ao atender escuto uma voz conhecida me chamar.

— “Samantha?” — depois disso a ligação é cortada, eu olho para a minha tela e penso: será que encostei meu rosto e desliguei a chamada?

Meu telefone volta a tocar e o outro que está com Dominic também. Antes que meus olhos voltem para a minha tela vejo ele desligar a chamada de seu celular, o meu também para de tocar e os dedos dele se movem rapidamente.

— O que está fazendo? Por que não atende? — pergunto me sentindo intrigada com a situação.

— São aquelas chamadas insignificantes, já bloqueei o embuste. Vamos comer? — sinto frustração e raiva na sua voz.

Mas meu estômago me lembra que eu preciso comer e o aroma da comida está me chamando. Vou até a cozinha e pego duas taças, talheres e pratos.

Volto para a sala e ele me ajuda a arrumar a mesa. Enquanto comemos as perguntas que ele me fez voltam a assombrar meus pensamentos e não resisto em perguntar:

— Por que falou aquilo para mim? Por um acaso pensa em quebrar o contrato que fez comigo? — Dominic lança seu olhar para mim e um sorriso aparece em seus lábios.

— Dom assinou um contrato com você, não eu!

— Não venha com essa para mim. Por um acaso tem dupla personalidade?

— Sim! Muito prazer, eu sou o Nic, a personalidade muito mais interessante e sexy.

Ele estende a mão para mim e eu começo a perceber que ele não está atuando e muito menos brincando. Tudo em seu personagem grita verdade, e um certo desespero me consome.

Dom pelo visto é o sensato e esse a minha frente completamente depravado. Preciso trazer Dom para a superfície ou esse sedutor vai tentar me possuir, não sei se tenho forças para lutar.

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