Dominic

Depois do expediente fui direto para casa, normalmente não me importo com nada depois que chego na minha casa e me sirvo uma bebida. Só que hoje algo está diferente, tem um pequeno demônio no meu ombro sussurrando que essa noite tem algo me esperando lá fora.

Vou até o meu closet e procuro algo especial, se qualquer um entrar no meu closet agora vai pensar que vivo um luto eterno por só ter roupas, sapatos, acessórios na cor preta. Mas é apenas o meu gosto para cor, não tem nada de especial nisso.

Caminho pelo meu closet procurando algo perfeito, até que meus olhos batem nos meus coturnos pretos que não uso faz algum tempo. Pego eles e separo, depois encontro uma calça jeans preta com alguns rasgos pelas pernas e pego ela. E numa caixa em cima do guarda roupa pego uma máscara preta de caveira que cobre do meu nariz para baixo.

Ganhei essa máscara do meu pai quando fiz treze anos para ir até uma festa de halloween e agora vou usá-la novamente. Tomo um banho relaxante e volto para o closet vinte minutos depois. Pego um par de meias e coloco no meu pé, visto uma boxer preta, depois a calça e por último os coturnos.

Me olho no espelho e faço um contorno preto em cada olho, me admiro por um tempo e sinto falta de algo no meu look. Observo mais um tempo, decidi passar um pouco de óleo corporal para dar um efeito suado até que olho para as minhas mãos.

Descobri o que falta no meu look, preciso cobrir minhas digitais, preciso de um par de luvas. Vou até a minha gaveta de luvas e pego um par de luvas de couro preto. Agora sim, cabelo espetado, look perfeito.

— Dom? Já está pronto? — Jason entra no meu quarto gritando.

— Se você não estiver pronto, vamos te levar do jeito que estiver. — Jack ameaça.

Saio do meu closet e ambos estão jogados na minha cama. Eles sabem o quanto isso me deixa irritado e continuam fazendo.

— Mais um conjunto de roupa de cama que será queimado. Obrigado, primos.

— Você está de sacanagem? — Jason pergunta se levantando ao me olhar de cima a baixo.

— Alguma coisa errada? — pergunto.

— É claro! Está chamando mais a atenção que nós dois, isso não é justo! — Jack se queixa.

— É simples, tirem as blusas assim como eu e depois vamos embora.

— Só um minuto… Agora é você que está pedindo para ir? — Jack me analisa — Jason, abduziram o nosso primo e colocaram um alien no lugar.

— Acho melhor ver se ele não está levando uma arma, estou desconfiado.

— Se me revistar vão encontrar um par de algemas e três canivetes.

Eles me olham e começam a rir, eu não ligo se não estão acreditando. Na verdade, não tem mesmo importância. Quero desbravar essa noite que me parece tão atrativa.

Seguimos para fora, eles vieram de moto, mas eu optei pelo meu carro. Sigo eles que brincam na pista com suas motos, meia hora depois observo luzes saindo de um beco e eles entram ali. Mais na frente tem uma garagem e eu coloco meu carro lá, voltando e entrando no beco onde eles me esperam.

— Esse beco tem uma saída?

— Um corredor ali na frente, onde é a festa! — Jason responde.

De fato o beco está iluminado com um irritante show de luzes coloridas. Quando chegamos no final do beco do lado direito tem um corredor que dá para um espaço aberto enorme. Tem pessoas para todos os lados, alguns vestidos com algo semelhante ao que estamos usando e outros na maior parte são mulheres vestidas com roupas que as fazem parecer puras e inocentes.

Elas querem parecer presas fáceis para predadores desse mundo dark, mas para mim está algo muito forçado, todas parecem a Bella da saga Crepúsculo. Umas até imitam os gestos dela, isso é tão medíocre e entediante.

— Cheio de gatas, bebidas e música no tema. Alguém aí quer pegar uma gostosa para a noite de hoje? — Jack pergunta esfregando as mãos.

Começamos a andar pela festa, encontrei um taco de beisebol, gostei do objeto e comecei a arrastá-lo por aí até que um imbecil esbarrou em mim e me chamou de idiota. Acho que ele precisa de um médico agora.

Meus primos pegaram o taco da minha mão e jogaram num galão que está pegando fogo. O homem desacordado foi deixado atrás de uma enorme lixeira e logo me tiram dali arrastando para o outro lado da festa e é quando meus olhos bateram em uma mulher que não tem nada comparado às outras que estão aqui.

Ela me olha por um segundo e desvia seu olhar. Jaqueta, vestido, meia, botas, minha cor favorita predomina no seu corpo e acessórios. Seu lindo cabelo trás um charme especial ao seu rosto, sua boca com um batom vermelho me faz desejar beijá-la.

— Dom? Você está bem? Parece estar hiperventilando. Se acalma, primo. — Jack coloca a mão no meu ombro e eu tiro.

— Sigam sua noite a partir daqui, já encontrei o que me trouxe até aqui.

— Como assim? Para onde você vai? — Jason pergunta e eu pergunto de volta:

— Jason, você gosta de ruivas, não é?

— Claro, você sabe que sim! Por que a pergunta?

— Apenas olhe e você irá entender!

Eu ando calmamente até a mulher, mas conforme me aproximo noto sua estatura baixa olhando daqui ela deve ter um e sessenta e isso só me deixa mais atraído. Paro na frente dela que me encara olhando para cima e fala para sua amiga:

— Pronto, Nala, está aí um gigante e intimidador cheio de músculos com cara de psicopata como você queria. Pode aproveitar sua noite, eu vou beber, já sabe onde me encontrar.

Ela tenta dar um passo para o lado e eu sigo no seu ritmo, ela olha para cima mais uma vez. Eu olho para Jason e faço um sinal com a cabeça para a ruiva e ele logo entende. A mulher na minha frente começa a falar:

— Olha, sei que estou aqui, mas sou apenas uma companhia para a minha amiga. Ela está atuando, eu não. Então vai se divertir com ela.

A mulher dá mais um passo para o lado, desejando ir na direção do bar e eu sigo seu movimento. Assim que Jason pega a ruiva no colo e sai andando com ela, faço o mesmo com a morena na minha frente. Mas a direção que vou é a do estacionamento.

— O que pensa que está fazendo? — ela bate no meu peito e no meu ombro — Me solta, me coloca no chão agora. Socorro… Socorro.

Ela grita, mas as mulheres à nossa volta invejam ela e falam coisas como: socorro? Sua noite está feita. Mas no momento eu só consigo me ligar no meu corpo que não rejeitou o toque na pele dela.

Não sinto minhas cicatrizes que estão cobertas pelas tatuagens queimarem. Sempre sinto isso quando outras mulheres me tocam, sinto elas queimarem como se ainda estivessem em carne viva.

Mas com essa mulher isso não está acontecendo. Eu já estava me preparando mentalmente para a dor, mas até agora a única coisa que sinto no meu corpo é um calor misturado com um tesão consumirem meu corpo e minha alma.

Chegando no meu carro coloco ela no chão e prendo seus pulsos com a algema. Ela me olha irritada e se sacode para sair do meu aperto até que insiste:

— Olha, grandão, vou falar mais uma vez e dessa vez bem devagar: eu não estou atuando, não estou participando dessa loucura, não estou vestida como as mulheres lá dentro. Me solta que eu prometo não te denunciar para a polícia por ter tocado em mim sem a minha permissão.

— Você não está atuando? — pergunto, fingindo me importar — Eu também não.

Falo sério lançando meu pior olhar para ela que arregala os olhos em choque. Eu empurro ela para dentro do meu carro e fecho a porta. Ela chuta a porta e tenta abri-la, mas não consegue pois travei as portas, faço ela se distrair comigo por um segundo até que entro no carro e travo as portas novamente.

— O que pensa que está fazendo? Me deixa ir, eu não vou contar para ninguém sobre o que está acontecendo aqui.

— Eu também não. — falo ao me inclinar para o lado dela e pegar um spray que tenho no porta luvas.

— O que você vai…

Borrifo o conteúdo do frasco no rosto dela duas vezes e a mesma apaga na hora por inalar demais o sedativo.

— Morena, você virou a minha maior curiosidade no momento, vamos brincar?

Dou uma gargalhada alta por saber que ela não pode responder. Sigo para o meu apartamento que fica próximo daqui, um lugar escondido que chamo de paraíso.

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