Capítulo 17
Eleonor acordou sob o som estridente da campainha, o coração disparando ao saber que o dia começaria com um peso imenso. Ao abrir a porta, encontrou um envelope com o selo do tribunal, o papel amassado nas suas mãos trêmulas. Ela respirou fundo antes de rasgar o envelope, as palavras dentro dela fizeram seu estômago afundar:
Ordem de despejo.
O peso das palavras a fez afundar nos ombros, como se uma carga invisível tivesse sido colocada sobre ela. O apartamento que tanto representava para Eleonor, seu refúgio, estava prestes a ser tirado dela. O mundo parecia ter desmoronado, e o que restava era um vazio imenso, uma sensação de impotência que a paralisava. Não havia para onde ir, nenhuma solução à vista. Tudo o que ela tinha parecia escapar por entre os dedos.
Antes que ela pudesse processar o que havia acabado de ler, o telefone tocou. Era a companhia elétrica. O tom de voz da atendente soava mecânico, indiferente, enquanto informava que a luz seria cortada em poucas horas devido ao não pagamento. O silêncio que se seguiu foi pesado. O estalo dos disjuntores desligando parecia o som de sua própria vida se desintegrando, de algo que estava fora de seu controle.
Ela sentou-se no sofá, olhando em volta, sem saber o que fazer. As paredes, que antes pareciam acolhedoras, agora a pressionavam, como se estivessem se fechando sobre ela. Sentia-se perdida. O medo de não ter um plano, de não saber para onde ir, lhe dava a sensação de estar se afundando em um abismo escuro.
Foi quando Camily apareceu. Ela bateu suavemente na porta, como se já soubesse que algo estava errado. Eleonor levantou a cabeça ao ouvi-la, mas não teve forças para disfarçar a tensão em seu rosto.
— Ei, está tudo bem? — Camily perguntou, a preocupação estampada em seu olhar, enquanto entrava sem esperar. Ela tinha aquele jeito direto, mas carinhoso, que sempre conseguia derreter a resistência de Eleonor.
— Não... não está. — Eleonor falou, a voz quebrada. — Eu... eu tenho uma ordem de despejo e ainda vou ficar sem luz. Não sei mais o que fazer, Camily.
A amiga a abraçou com força, como se pudesse aliviar um pouco da dor que Eleonor carregava. As palavras que Camily disse em seguida foram como um bálsamo, mas também um lembrete de que ela não estava sozinha, mesmo que tivesse a sensação de estar afundando no próprio desespero.
— Você não está sozinha, Eleonor. Eu não vou te deixar sozinha nessa, nunca. — Camily segurou seu rosto com as mãos e olhou diretamente nos olhos dela, transmitindo uma segurança que Eleonor estava desesperadamente precisando. — Vamos dividir o meu apartamento. Não precisa se preocupar com nada, ok? Vamos dar um jeito nisso juntas.
Eleonor sentiu um aperto no peito, mas, ao mesmo tempo, uma sensação de alívio a invadiu. Ela sabia que não queria sobrecarregar ainda mais Camily, que já tinha seus próprios problemas, mas a oferta de sua amiga era inegável. O que ela poderia fazer? Não tinha para onde ir.
— Não quero ser um peso para você, Camily... — Eleonor sussurrou, a vergonha corroendo seu peito.
— Você nunca será um peso. Já te disse isso. Vamos passar por isso juntas, eu e você. — Camily sorriu, e seus olhos transmitiam uma confiança que Eleonor, no fundo, sabia que precisava abraçar.
As duas se mudaram para o apartamento de Camily naquele mesmo dia. Era pequeno, mas acolhedor, e, por um momento, Eleonor se sentiu grata. Ela não estava sozinha. Mas a sensação de ser uma intrusa, de estar ocupando o espaço de alguém que já tinha sua própria vida, não a deixava em paz. Camily fazia tudo parecer leve, mas Eleonor sentia o peso da sua própria necessidade. Ela se esforçava para não transparecer, mas, em seu íntimo, estava desesperada para conseguir sua independência, para não ser um fardo.
Ela procurou por empregos. Camily a ajudava, mandava currículos e fazia contatos, mas as respostas eram sempre as mesmas: "Desculpe, não há vagas no momento." Cada "não" fazia o desespero de Eleonor crescer um pouco mais, cada recusa era um lembrete cruel da sua vulnerabilidade.
Até que, um dia, Camily mencionou algo que poderia mudar as coisas.
— Olha, Eleonor, tem uma oportunidade que talvez você possa aproveitar... — Camily disse com um sorriso travesso enquanto preparava o café na cozinha.
Eleonor levantou a cabeça, curiosa, mas também um pouco cética. Camily, com seu jeito sempre animado, parecia ter um truque na manga.
— O amigo do meu ficante está procurando uma babá para cuidar dos filhos dele. Ele tem quatro crianças, e todas as outras babás que ele contratou conseguiram ser expulsa por elas. — Camily fez uma pausa, o sorriso ampliando. — Eu sei que você pode dar conta. Eles precisam de alguém forte, com paciência, e você... bem, você tem tudo isso.
Eleonor pensou por um momento. Cuidadora de quatro crianças? A ideia parecia uma loucura, mas, por outro lado, não havia muitas opções. Ela não podia deixar que o medo a paralisasse mais uma vez.
— Você acha que eu sou capaz de fazer isso? — perguntou ela, a insegurança vazando na sua voz, mas a esperança também começando a brotar.
— Claro que sim! — Camily respondeu rapidamente, com confiança. — Eu conheço esse cara, ele é sério. Ele está precisando de alguém de confiança, e quem melhor do que você, que já passou por tantas coisas?
Eleonor não sabia se estava pronta para mais essa responsabilidade, mas algo dentro dela dizia que essa oportunidade poderia ser o que ela precisava para recomeçar. Com um suspiro profundo, ela assentiu.
— Tudo bem, eu aceito.
Ela se levantou e foi até a janela, olhando para a cidade que parecia imensa e indiferente lá fora. A sensação de incerteza ainda a acompanhava, mas agora havia algo mais — uma chance. Um caminho, ainda que incerto, estava diante dela, e ela decidiu segui-lo.
Era hora de recomeçar.
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Atualizado até capítulo 105
Comments
Krisca Cavalcante
desgraça pouca na vida de pobre é bobagem... Tô lendo esse livro pelos comentários que disseram ser um livro muito bom, mas até agora.... enfim, ler um pouco mais pra vê se dá pra continuar
2025-03-17
13
Graça Barbosa
Aurora está de parabéns 👏👏👏👏
seu livro é interessante Eleonor é uma jovem que mora sozinha e luta com muita garra por sua sobrevivência mesmo com todos os problemas ela não deixa de acreditar em dias melhores, e é uma pessoa solidária e de cabeça erguida diante dos problemas ela tem a minha admiração e tenho certeza que ela irá dar a volta por cima e será muito feliz ❤️
2025-04-04
3
Dudinha_chegou
aí q tudooo! nossa o ficante dela é o Edward? /Applaud//Joyful//Hammer/
2025-03-28
3