Chegamos de volta na delegacia, e não vou entrar agora, preciso pensar.
— Detetive entra e encerra o caso Bárbara, eu tenho um assunto para resolver.
— Estamos bem?
— Eu ainda não sei, mas mais tarde conversamos.
Vi ele descendo chateado, mas não posso dar uma resposta agora, vou procurar a única pessoa que pode me ajudar agora, meu pai.
Liguei e marquei com ele em meu apartamento e dali fui direto, cheguei primeiro no prédio, avisei na portaria que meu pai ia chegar, para que o deixassem subir.
Subi, coloquei uma roupa mais leve, fiz um café e logo meu pai chegou.
Entrou nervoso, me olhou e perguntou:
— Vamos, menina, não mate esse velho de preocupação, o que está acontecendo.
— Entre, pai, preciso te contar algumas coisas.
Meu pai entrou e sentou-se comigo na sala, eu contei toda a história de Guilherme para ele.
Ficou olhando para a frente em silêncio.
— O que você pretende fazer?
— Não sei, pai, se fosse só minha vida que estaria correndo perigo, eu deixaria ele ficar e pronto, mas é a vida de todos que estão convivendo conosco.
— Pode acontecer deles não descobrirem nunca.
— Mas, com o mundo conectado do jeito que está, pode acontecer a qualquer momento.
— Nossa profissão é perigosa, pode aparecer um drogado e puxar a arma e nos alvejar, deixa ele ficar e vive um dia de cada vez.
— E se eu acabar me envolvendo com ele?
— Filha, eu não queria que você fosse policial, você teimou e me mostrou que tudo pode acontecer, hoje você é reconhecida como uma ótima delegada, todos querem trabalhar em sua delegacia, se for para você se envolver com Guilherme, que seja.
— E se eu deixar acontecer, e morrer alguém, não vai ser uma imprudência minha?
— Escolha os de sua confiança e conta, e coloque todos em alerta.
— Preciso escolher a dedo para quem conto, porque dependendo de quantas pessoas estiverem sabendo, já não será mais segredo.
— O filme dizia 11 homens e um segredo, então acho que você pode juntar a elite da sua equipe e pedir a opinião deles.
— Pai, o que seria de mim sem o senhor? Vou fazer isso, muito obrigado por me ouvir.
Troquei e fui para a delegacia, passei na padaria, comprei pão e alguns ingredientes, uma garrafa de suco porque sei que todos têm fome.
Cheguei com as coisas, entreguei para a menina da cozinha e fui falar com Marcos. Sei que Melissa acha que ela é meu braço direito, mas Marcos é que é.
— Marcos manda Guilherme ir à minha sala, espera uns 10 minutos e chama Carla, Melissa, Luiz, Paulo e entra na minha sala.
— Sim, senhora, já vou indo.
Por isso que gosto do Marcos, não fica me questionando, simplesmente vai fazer o que mandei. Nem me perguntou porque falei os nomes e não os sobrenomes.
“Marcos”
Tem alguma coisa importante acontecendo, ela convocou uma reunião com os amigos, isso me deixou ansioso, mas vou me acalmar, não deve ser nada importante.
Fui até onde Guilherme estava e já o mandei ir à sala da delegada.
— Estou te sentindo nervoso, o que aconteceu?
— A delegada convocou os amigos e isso é novidade.
— Como você sabe que ela convocou os amigos?
— Chamou todos pelo nome, isto quer dizer que ela não quer na sala dela o detetive Mendonça, ela quer o Guilherme, entendeu a diferença?
— Vou lá ver o que está acontecendo.
— Vai lá, Guilherme, daqui a pouco chego com os outros.
“Guilherme”
O que será que ela decidiu? Será que vai me expulsar e, para isso, resolveu contar a todos, para que lhes deem apoio?
O pedaço da cozinha até a sala dela me pareceu longo, será que estou preparado para escutar ela me rejeitando na frente de todos?
Ou será que me chamou primeiro porque vai me expulsar? Aí saio e ela explica para os outros por que me expulsou.
Cheguei na porta e estou parecendo uma noiva na noite de núpcias, suando de nervoso, entrei. Gi levantou a cabeça e me mandou sentar.
— Fala logo Gi, você vai me expulsar é isso? Já vou indo para que você conte para os outros porque eu não vou estar mais aqui.
— Senta, Guilherme, você já deu sua sentença e sua condenação sem que eu abrisse a boca.
— Mas se não é para me expulsar, é porque você chamou seus amigos.
— Porque vamos precisar do apoio deles, se seus inimigos te localizarem aqui, eu não vou colocar a vida deles em perigo se eles não concordarem.
— Você vai contar o que te contei para eles?
— Você vai contar e vamos ver se eles te apoiam ou te condenam, eu vou estar ao seu lado.
— Como, minha amiga fiel?
— Como uma pessoa que achou que você merece uma chance de viver sem carregar esse fardo sozinho.
— Eu te agradeço, mas não quero arriscar a vida de mais ninguém.
— Você já fez isso quando entrou para trabalhar aqui conosco?
Marcos bateu na porta já acompanhado por todos que chamei, entraram meio ressabiados e foram sentando.
— Bom, agora que estão todos aqui, Guilherme tem uma coisa para contar e por favor escutem com atenção. Depois que ele acabar, vou fazer uma pergunta e vocês têm total liberdade para responder se aceitam ou não.
Guilherme contou a história toda e, quando acabou, ficou um silêncio na sala.
Dei um tempo para absorverem tudo o que escutaram e comecei.
— Vocês são o que tenho mais próximo de uma família, convivo mais com vocês que com meus familiares e não podia deixar vocês no escuro, correndo risco de que aconteça uma tragédia, então agora preciso que vocês me ajudem a resolver se Guilherme fica ou se vai.
A primeira a se manifestar foi Melissa:
— Guilherme fica, risco corro todo dia quando vou em busca de um marginal.
Depois Paulo e Luiz.
— Estamos viciados no sanduíche que ele faz, não dá para ficar sem, com certeza fica.
Carla ficou parada pensando.
— Vou pedir transferência, desculpa Gui, mas amo minha vida e não vou arriscá-la por ninguém, mesmo você sendo esse gostoso que você é.
Resolvi tirar o peso da decisão das mãos do Marcos, ele está quase se aposentando e não posso pedir que se arrisque desse jeito.
— Marcos, você não precisa ficar, pode se aposentar, eu vou entender.
— Posso te dar essa resposta amanhã, vou falar com minha esposa primeiro.
— Tudo bem, eu não quero que você se sinta pressionado a ficar, resolva escolhendo o que é melhor para você.
Paulo e Luiz começaram a falar das aventuras de trabalhar disfarçado e Guilherme foi relaxando. Logo estávamos todos conversando como amigos, só Carla que ficou quieta e logo saiu da sala.
Quando todos saíram, Guilherme ficou e veio me abraçar.
— O que você pensa que está fazendo?
— Abraçando você, como amigo, é claro.
— Me solta, detetive, pode voltar para seu trabalho.
— Me deixa sentir o cheiro do seu perfume só mais um pouco, como amigo, é claro.
— Sei! Como amigo?
— Você poderia relaxar e me abraçar também, só como amiga.
— É claro.
Me virei de frente com ele e abracei ele também, me sinto protegida nesse abraço de urso, fiquei assim por um momento e logo lembrei onde estou e me afastei.
— Chega de demonstração de afeto por hoje.
— Claro, minha querida delegada.
— Para com isso, Mendonça, eu posso achar você muito abusado e mandar te prender.
— Eu não atravessei o seu limite, tudo o que fiz foi só como seu amigo “é claro”
Dei um beijo estralado na bochecha dela e saí correndo da sala, só escutei ela gritando meu nome.
— Mendonça!!
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Rosilene Oliveira
Essa Carla não é de confiança,ela que deve tá passando informação da vida da delegada para o Júlio,agora eles estão correndo perigo 😮😡
2025-04-10
4
Boravercuriosa🌹🌪️
Essa Carla não é de confiança, mulher rejeitada é o pior inimigo. Ela vai entregar ele. Será?🤔🤦
2025-04-08
2
Gensiane Santos
concordo plenamente com você minha jovem ,essa deve ser a espiá do delegado escroto.,
2025-04-11
1