“Guilherme”
Sei que cada palavra dita por ela não é para o prefeito, é para mim, posso sentir a raiva contida nela e o pedido de socorro também.
Vou deixar que me agrida o quanto quiser, eu sei que pode ficar pior, sei como é ter uma mágoa de anos no peito.
Quando começa a sair, parece um dique rompido, sai até destruir tudo o que tem pela frente e o alvo dela são os homens, principalmente eu, que fiz bobagem.
Jurei não me envolver com nenhuma mulher mais do que o necessário, mas a delegada tem conseguido atravessar as barreiras que construí, e agora me sinto em dívida com ela.
Vou ajudar com as feridas dela e depois saio de cena.
O advogado de Pradela entrou e disse:
— Seu sobrinho agrediu verbalmente a delegada e por isso vai ficar detido. Vou tentar um habeas corpus para a semana que vem.
O prefeito ainda fez mais uma tentativa.
— Delegada, libera meu sobrinho, eu te prometo mantê-lo na coleira.
— Agora não está mais em minhas mãos, temos que cumprir a lei.
— A senhora ainda vai se arrepender dessa nossa conversa e por não ter me escutado.
— Senhor advogado, leve seu cliente daqui, senão o senhor vai ter que tirar dois da prisão.
Pradela tentou se aproximar de mim e o detetive Mendonça entrou na frente.
— Senhor, por favor, se controle, a delegada é a lei aqui.
— Eu vou, mas isso não vai ficar assim.
O homem saiu e eu resolvi pedir desculpas, para ver se amenizo a raiva que vejo nos olhos dela.
— Delegada, queria pedir desculpas pelo ocorrido, mais cedo eu me excedi, não tinha o direito de fazer o que fiz.
Gi nem levantou a cabeça para me olhar.
— O senhor não me deve desculpas, fui eu quem provoquei, mas fique tranquilo que já percebi meu erro e não voltará a acontecer.
Estiquei minha mão tentando um contato visual, para ver se consigo romper a barreira de gelo que ela construiu entre nós.
— Amigos?
— Não, Mendonça, eu não tenho amigos aqui, só pessoas com quem trabalho, se me dá licença, tenho assuntos a resolver.
Ela acha que vai me afastar com essa atitude distante, eu sei o que está passando nessa cabeça, já estive nesse buraco em que ela se encontra e vou tirá-la de lá, mas primeiro tenho que reconquistar a confiança que eu tinha adquirido.
— Você não tem mais nada para fazer?
— Já estou indo, delegada.
Marcos me esperava do lado de fora.
— Ela te deixou vivo, ainda temos esperança.
— Marcos, acho que o gelo da geladeira me dá mais atenção que ela, está tão distante que mal consigo conversar com ela.
— Mas ela não mandou te prender e nem te expulsou da delegacia, ela te quer por perto, isso deve ser um bom sinal.
— Tenho a impressão de que ela vai me torturar de alguma forma, mas ainda não resolveu de que jeito.
“Gi”
Meu pai me manda uma mensagem.
“Delegada, achamos o homem que você está procurando, só que você não vai gostar, ele está morto”.
Não acredito nisso, quem será que matou o assassino da Bárbara? Vou ter que chamar Mendonça e voltar lá na delegacia da Vila Toninho para ver se tem alguma evidência.
Saí da minha sala e vi o detetive Vasques.
— Detetive, cadê Mendonça?
— Está na cozinha, delegada. Quer que eu o chame?
— Pode continuar fazendo seu serviço, eu vou procurá-lo.
“Guilherme”
Entrei na cozinha para beber água e Carla entrou atrás de mim, começou a passar a mão em minhas costas.
— Mendonça, não vejo a hora de sentir esses músculos em minhas mãos.
— Por favor, Carla, esse é nosso ambiente de trabalho e a delegada não gosta que façamos isso aqui.
— Você parece distante, ela não vai sair da sala dela, agora quero o beijo que você me prometeu.
Eu tentei fugir sem constranger a moça porque vou ter que vê-la todo dia, mas ela foi rápida e encostou a boca na minha.
Quando fui desviar, ouvi a voz da delegada me chamando, minha alma saiu do corpo.
Já não bastava eu ter a machucado, agora me vê beijando outra.
— Mendonça, quando acabar o que está fazendo, me encontre no carro que precisamos ir à delegacia da Vila Toninho.
“Gi”
Cheguei na cozinha e quase tive uma crise de ciúmes, ele estava beijando a Carla, é isso, ele é um cafajeste, safado. Não adianta, Gi ele não fez o que fez por você, ele fez porque você não deu lado, aí achou que te beijando na marra te dobraria.
Homens são todos iguais, só pensam em sexo.
Saí mais nervosa do que já estava, entrei no carro e logo ele entrou do outro lado, largou rápido o rabo de saia.
— Delegada, a Carla me pegou desprevenido, eu não tive culpa.
— Isso não é assunto meu, você faz o que quiser da sua vida particular, só não deixe atrapalhar seu trabalho porque aí vou me envolver e você não vai gostar.
— Gi eu não beijei a Carla, eu estou interessado em você, dá para me escutar.
— Nosso assunto acaba aqui, agora vamos ao necrotério. O homem que matou Barbara está lá nos esperando.
— Nosso suspeito está morto?
— Está, ele foi executado com dois tiros na cabeça.
— Esse caso não para de surpreender, quem será que matou o homem? Será que foi a filha da Bárbara?
— Eu não gosto de supor, trabalho com evidências.
Quando chegamos ao IML, o delegado Floriano já veio nos cumprimentar e percebeu que a filha não estava bem.
— Seu dia está sendo difícil, delegada?
— Muito delegado, mas eu já estou resolvendo.
— O que aconteceu entre vocês dois? Estão estranhos.
— Pai, não está acontecendo nada, nós nem somos amigos, como poderia estar acontecendo alguma coisa?
— Tudo bem, eu já entendi, brigaram, espero que seja uma briga boba e logo se entendam, você estava mais leve no outro dia em que esteve aqui com seu “não” amigo.
— Vamos ver o corpo do homem?
— Acho que vocês vão gostar mais de um item da vestimenta dele, um cinto de cowboy.
Fomos ver as evidências e o cinto tem os sinais que Bárbara tem no pescoço.
— Isso prova que ele tentou matá-la com esse cinto.
— Tem manchas de sangue nos joelhos, como se tivesse ajoelhado na poça.
— Talvez se arrependeu?
— Não vamos saber, mas já sabemos que foi ele quem matou Barbara, agora temos que descobrir quem o matou.
Saímos da delegacia já estava de noite, senti-a nervosa, sei porque moramos no mesmo prédio, mas ela não sabe que sei.
— Pode me deixar na delegacia que chamarei um Uber para ir até meu prédio.
— Eu te deixo lá.
— Gi não precisa se incomodar, eu me viro.
— Amanhã, sem falta, vou resolver o problema do seu carro, por hoje te levo.
Ela me deixou na entrada do prédio, deve ter dado a volta no quarteirão e entrado no estacionamento.
Eu não sei como fazer ela voltar a confiar em mim, eu fui um escroto insensível, homem das cavernas, se eu fosse ela nem me olhava mais na cara, mas continua me tratando bem.
“Gi”
Eu não posso mais ficar perto dele, vou acabar o caso da Bárbara e assim vou conseguir manter um distanciamento. Ele mexe comigo, mas é tão insensível como todos os outros, não vou me deixar intimidar de novo, agora ele vai conhecer a delegada Gi.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Tania Cassia
maravilhoso e eles é uma mulher preta🥰🥰
2025-03-23
3
Simone Silva
parabéns autora pelo seu livro ❤️ por favor colocar mais capítulos quando você puder ❤️ ❤️ ❤️
2025-02-22
2
Amélia Rabelo
eita que história boa essa viu
2025-02-23
1