“Gi”
Por um momento achei que estava delirando de fome, mas realmente Guilherme está na porta da minha sala de jeans e camiseta regata com uma cesta com lanches e uma térmica de suco.
Tentei mandá-lo embora, mas não foi e ainda me disse que fez os lanches. Já que ele está aqui e eu estou faminta, vamos ver como são esses lanches. Deve ser pão, presunto e mussarela, apesar de que, com a fome que estou, pão com manteiga seria ótimo.
— Entre, detetive, vamos ver se você é bom de cozinha.
Fechei a pasta que estava lendo e fiquei esperando Guilherme acabar de entrar.
Me pareceu atordoado porque deixei ele entrar, mas logo se recuperou e veio com a cesta até perto da mesa, tirou um lanche embrulhado em papel toalha e me entregou.
— Isso é só um lanche, um dia desses, cozinho de verdade para você, você tem copo aqui?
— Tenho, mas cozinhar para mim não vai dar, exceto se você chamar todos da delegacia.
Abri meu armário e tirei duas canecas da Minnie e entreguei para ele.
— Canecas da Minnie?
— Gosto da Minnie e todos que sabem me dão lembranças com a figura dela.
— Legal, já sei o que te dar de Natal.
Abri o embrulho e tem um lanche de frango desfiado com maionese, feito no pão de padaria.
Dei uma mordida e não sei se é fome ou está bom demais.
— O suco de laranja fiz natural e sem açúcar, se você quiser açúcar, vou à cozinha buscar.
— Não precisa, me diz o que tem nesse seu recheio, está muito saboroso.
— É segredo de estado, você gostou?
— Está uma delícia, muito obrigado por pensar em mim e me desculpe por hoje, mas tenho que manter minha autoridade e você estava passando dos limites.
— Só porque te chamei de Gi?
— E de “você”. Detetive, você não sabe como é difícil para uma mulher comandar uma delegacia. Como faço, se eu permitir intimidades, minha autoridade logo será nula, nenhum deles vai estar me obedecendo.
— Eles já te respeitam, você não vai perder a autoridade se abdicar só um pouco da sua cara amarrada, ou deixar que te chamem pelo nome.
— Você é homem e não entende, eu amo meu trabalho e não vou deixar ninguém estragar o que construí com muita dificuldade.
— Você é uma mulher linda, mas ninguém consegue ver porque você se esconde atrás dessa personagem que você criou.
— É aí que você se engana, eu não criei um personagem, eu sou essa pessoa que você está vendo, eu sou a delegada.
— E aquela que estava na boate? Por um acaso, não era você?
— Lógico que era eu, a única diferença é que eu estava à paisana e sem a farda parece que tudo fica mais leve.
— Isso quer dizer que amanhã, na hora que eu entrar aqui, vou ter que te chamar de delegada e nada de “você”.
— É bem isso, você deve entender que sou a autoridade e você me deve respeito, não é tão difícil, lá na delegacia onde você trabalhava, como você tratava seu superior?
— De delegado!
— E por que comigo está tão difícil de aceitar?
**Porque nunca fui comandado por uma mulher, uma mulher muito gostosa que a única coisa que penso é em fazer amor, se possível aqui nessa mesa.**
Fiquei parado porque, se expressar meus pensamentos, acho que vou passar um mês preso, e falei:
— Acho que é porque lá eu tinha autonomia, não precisava dar satisfação a cada passo que dou.
“Gi”
Guilherme mente bem, mas conheço as pessoas e sei que ele está incomodado por ter que responder a uma mulher, mas se é assim, por que veio para minha delegacia?
Resolvi parar de conversar, é melhor manter a distância, ele é perigoso, mexe com meus pensamentos e eu preciso me concentrar em meu trabalho.
Acabei de lanchar, bebi o suco, me levantei para ir ao banheiro lavar minha boca.
Lavei o rosto, escovei os dentes e voltei à minha pose de delegada, agora é fazê-lo ir embora.
Entrei séria na sala e o sorriso de Guilherme quase me desarmou, mas me controlei e falei:
— Muito obrigada pelo lanche, mas vá para casa descansar, eu preciso trabalhar mais um pouco.
— Você mudou, o que eu fiz? Se falei algo que te ofendeu, me desculpe, não foi minha intenção.
— Guilherme só vai embora! Não tenta me entender, nem eu me entendo.
— Mas Gi achei que você tinha gostado do lanche.
— Gostei, mas você está me distraindo e eu tenho que trabalhar, vai embora.
— Nossa, Gi você muda de humor como muda de roupa, agora entendo porque você não tem namorado, homem nenhum suporta isso.
— É! Isso sou eu, agora pode sair, por favor.
“Guilherme”
Saí da sala soltando fogo pelas ventas, que mulher difícil quando acho que estou me aproximando, ela volta para a pose de delegada fria e me expulsa.
Marcos estava vindo ao meu encontro, mas não estou a fim de falar com ele. Quando ia dizer isso, entrou um travesti alucinado pela porta gritando pela delegada.
— Delegada! Cadê a delegada? Preciso falar com ela.
Passou por mim e ia indo em direção à sala da Gi. Marcos tentou parar a figura, mas não deu conta.
“Negro, 1,90 com o salto ainda parece mais alto, forte para cacete”
Pensei comigo, acho que vou tomar uma surra, mas vamos segurar o cara.
Tentei por bem primeiro.
— Senhora, pare e se acalme, a delegada está ocupada.
— Sai da minha frente, policialzinho, você é até gostoso, mas preciso falar com a delegada agora.
— Ela não está disponível, pare, senão vou ter que te parar.
— Eu não tenho tempo para isso, preciso falar com a delegada “Meu filho vai nascer e só ela pode me ajudar”
“Guilherme”
Olhei desacreditado para aquele cara, estava com a mão na barriga, como se estivesse realmente grávido. Acho que deve estar drogado e alucinando, só pode.
— Tudo bem, eu também posso te ajudar, vou te levar para o hospital, se acalma e vem comigo.
— Você não entende que a única que pode me ajudar é a delegada.
Começou a gritar de novo, eu dei um salto e pulei nas costas do gigante e derrubei ele no chão, puxei o braço para trás, imobilizando assim o cara.
Gi saiu do escritório e eu achei que ela ia me agradecer por ter lhe salvo a vida.
— Detetive, o que você está fazendo com a Mona? Solte-a.
— Esse cara estava descontrolado, eu achei que ia te agredir.
— Esse cara tem nome, Monalisa, dá para soltá-lo agora.
Saí de cima do cara que não se levantou, foi engatinhando até Gi e disse.
— Me ajuda, meu bebê vai nascer a qualquer momento.
— Você não fez isso de novo? Da outra vez, você quase morreu. Marcos chama os médicos, avisa que Mona é uma “mula”.
— Sim, senhora.
— Quantos você ingeriu?
— Desculpa, delegada, eu precisava do dinheiro, você é uma grande amiga.
— Para com isso, “Mona” o socorro já está a caminho.
— E eu não sei quem é o policial que me segurou, mas é um exemplar de macho a sua altura, dá uns pegas nele por mim.
— Não, “Mona” você vai dar uns pegas nele, aguenta.
— Te vejo no céu, pensando bem, acho que vou para o inferno, nunca fui uma filha que cumprisse as leis de Deus.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 60
Comments
Angela
🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣
se não fosse trágico essa mona estar com drogas dentro da barriga ...
ai esse Guilherme tentando impressionar a delegata 😅
2025-03-20
2
Selma Bezerra da Silva
kjkkkkjjkkkkkkk é um doido mesmo
2025-03-31
2
Mereliza Canto
estou adorando essa história
2025-03-26
2