— Pelo jeito, seu amigo, trouxe a delegacia inteira aqui.
— Ele gosta de demonstrar poder, coisa que ele não tem.
— Vamos lá conhecer o delegado.
— Tenta não deixar o jeito dele mexer com você. Lembra que o problema dele é comigo?
Desci do carro e lá vem Júlio, fico olhando ele se aproximando e sei que vem piadinha.
— Oi, bonequinha, você tem sorte de ter gente boa como a Melissa trabalhando para você, senão não ia nem chegar perto desse corpo.
— Delegado Júlio, eu já te disse para não me chamar assim.
— O que você vai fazer? Vai mandar me prender? Espera! Você não pode mais fazer isso.
— Tá bom, Júlio, podemos falar do que aconteceu aqui?
— Bonequinha, ela está do jeito que eu queria te ver na minha cama, com as calças arriadas e com as mãos e os pés amarrados. Só que eu não ia te deixar morrer e sim gemer de prazer em meus braços.
— Você não tem jeito mesmo, pare de falar bobagens e mande seu pessoal sair, que o meu precisa trabalhar.
— Não é bobagem, Delegada Gi, você já conseguiu arrumar um cara para tirar sua virgindade? Porque, se não arrumou, estou aqui todo duro, pronto para te rasgar no meio.
“Guilherme”
Desci com ela, mas como não me apresentou para o delegado, fiquei na minha.
Vi ele tentar tirar Gi do sério com suas conversas sem graça e de entonação sexual.
Vi também o pessoal que trabalha com ela desconfortável por ver o jeito sem respeito que o delegado usa para se dirigir a delegada.
Mas na hora em que ele perguntou se ela ainda era virgem e que ele ia rasgá-la, eu não aguentei. Fui até Gi, passei a mão na cintura dela e falei:
— Meu amor, me apresenta para o delegado, estou aqui só ouvindo ele falar de coisas que só pode sonhar e que fazemos todo dia.
Gi ficou sem ação um momento, mas não me afastou dela.
Júlio olhou para minha mão na cintura da delegada e pude sentir a mudança no clima, ele gosta dela e não é pouco. Quase senti o cheiro do feromônio se espalhando no ar.
— Quem é você?
Gi já recuperada do susto falou:
— Esse é o detetive Mendonça, está trabalhando comigo e nós estamos nos conhecendo, né, Mendonça?
Júlio deu uma risada de escárnio e disse:
— Você vai querer que eu acredite que está namorando um policial?
— Não entendi o motivo da risada, você também é um policial e vive querendo sair comigo.
— Eu te conheço desde a academia, nós temos uma ligação e, com esse aí, o que você tem?
Gi olhou para o tal Júlio e disse:
— Eu não tenho que te dar explicação da minha vida pessoal, agora se me dá licença. Vamos, detetive, temos um crime para desvendar.
— Isso mesmo, Gi foge, é desse jeito que você sempre faz, mas vou descobrir se você está me traindo com esse guarda de trânsito.
“Gi”
Eu senti Guilherme respirando diferente, ele sabe que enfrentar um delegado pode dar problema para ele, tentei falar com ele, mas não adiantou.
— Posso ser mesmo um guarda de trânsito, mas sou também o homem que a Gislaine escolheu, então se porte como homem e vamos trabalhar porque até agora só escutei conversa, trabalho que é bom só a legista está fazendo.
Júlio deu outra risada, mas agora sozinho, até o pessoal dele se afastou.
— Seu novo capacho tem a língua afiada, mas sei que isso é só até ele descobrir seu segredo.
“Guilherme”
Até agora Gi vinha se mantendo tranquila, mesmo com todos os ataques do delegado tive a impressão que já não afetam ela, mas quando ele falou do segredo ela congelou e senti um tremor, abaixou a cabeça, se afastou de mim, foi em direção onde estava a nossa legista.
Fui atrás e cheguei em tempo de ouvir a legista falando: “Júlio é um cretino, mas não vai falar nada, nem quando ele pode usar isso para te tirar da disputa pelo cargo, não o fez, fique tranquila”.
Cheguei perto e elas mudaram de assunto.
— Delegada, a moça tem um afundamento na cabeça que só vou poder falar melhor com o que foi feito quando limpar o corte e o pescoço parece quebrado.
— Será que ela quebrou o pescoço quando foi jogada da ponte?
— Não, delegada.
Ela tem marcas que parecem um fio, ou um cinto em volta do pescoço, se ela tivesse quebrado o pescoço na queda não teria sinais, minha conclusão inicial é que ela já estava morta quando caiu.
— E quanto tempo faz?
— Ela já está saindo do Rigor Mortis, isso significa que ela morreu há mais de 36 horas. O rigor mortis acontece de uma a duas horas após a morte e desaparece em média 36 horas depois.
— Tem algum sinal visível que podemos usar para identificá-la?
— Ela tem uma borboleta tatuada no braço esquerdo.
“Gi”
Conheço bem a borboleta porque também tenho uma. Quando estávamos no último ano, resolvemos fazer uma tatuagem para que nunca nos esquecermos da nossa amizade. Éramos 10 meninas e todas fizemos a mesma tatuagem, mas cada uma escolheu o lugar do corpo que preferiu. A minha é na clavícula.
— É uma borboleta preta com traços bem definidos e a ponta das asas cheia.
— Isso mesmo, como a senhora sabe?
— Porque também tenho uma, foi uma prova de amizade, coisa de adolescente.
— Eu nunca tive coragem, dizem que dói muito.
— Eu quase chorei, mas a alegria das meninas e a empolgação do último ano escolar me ajudaram a superar a dor.
— Mas a sua não é no braço.
— Cada uma fez na parte do corpo que quis.
“Guilherme”
Onde será que a menina certinha tatuaria uma borboleta?
Ainda vou descobrir, senhora delegada.
— Então, já que sabemos que essa é Bárbara, agora procuramos um assassino e não uma desaparecida.
— Sim, detetive, você veio de São Paulo procurando uma vida mansa, mas acho que não vai encontrar.
— Até agora, estou adorando tudo o que estou encontrando, desculpa, não estou falando do crime.
— Não precisa se explicar, eu entendi, e muito obrigado por ter me ajudado com o Júlio.
— Eu só não avancei nele porque não quero ficar preso, mas bem que ele merecia uma surra.
— Se você acha que dá conta, ele frequenta a mesma academia que nós, só que faz luta livre.
— Vou pensar no assunto, como vamos tirá-la daqui?
Ajudamos a legista a transportar o corpo até o furgão e voltamos para a delegacia, Gi em um silêncio constrangedor.
— Detetive, nada mudou entre nós, continuamos só amigos.
— E quem disse que pensei em outra coisa? Te ajudei como amigo e nada mais.
— Que bom, não quero ter que te prender de novo.
— Isso não vai acontecer, delegada, a não ser é claro que você queira ficar junto comigo na cela.
— Detetive!
— Foi só uma brincadeira entre amigos.
— Você não tem jeito.
— Tenho sim e você vai ver como tenho jeito. Me conta uma coisa, mate a curiosidade de um amigo, onde é sua tatuagem?
— Por que você quer saber isso?
— Porque você me lembra uma amiga nerd que eu tinha na escola e ela nunca faria uma tatuagem, ela era muito certinha.
— Você não sabe nada sobre meninas certinhas,"Mendonça”.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Maria Silva
que segredo será esse que o Júlio tem dela que ela tem medo dele contar e se fosse ela gravava a conversa dele e depois entregava pra justiça
2025-04-14
3
Marlene Almeida
delegado nojento eu ia presa mais dava na cará dele
2025-02-19
2
Lu e a Estante de Sonhos
Sabe mesmo não!!! As minhas borboletas 3 borboletas são na pelvi e no umbigo. E sou super conservadora!!🤣🤣🤣🤣🤣
2025-03-26
4