capítulo 10

Capítulo 10 – O Jantar e os Sentimentos Não Ditos

O jantar foi servido em uma mesa longa, iluminada por um lustre imponente. Helena sentou-se de frente para Eduardo, sentindo-se estranhamente nervosa. A conversa no escritório ainda ecoava em sua mente, e a proximidade entre eles parecia ter despertado algo que ela não conseguia definir.

Eduardo, como sempre, estava impecável. Sua postura reta e seu olhar atento faziam com que qualquer um se sentisse pequeno diante dele. Mas, agora, Helena começava a perceber nuances em sua expressão, pequenas mudanças que antes não notava.

— Como foi seu dia? — ele perguntou, enquanto um dos empregados servia vinho em sua taça.

— Diferente — ela respondeu, pegando o garfo. — Conheci melhor a casa… e conversei com Laura.

Eduardo ergueu uma sobrancelha, interessado.

— E o que minha filha lhe disse?

Helena sorriu de leve.

— Que você não se precipita e que gosta de analisar as pessoas antes de tomar qualquer decisão.

Eduardo soltou um leve riso.

— Parece algo que Laura diria.

— Ela tem razão?

Ele tomou um gole do vinho antes de responder.

— Sempre gostei de entender com quem estou lidando antes de dar qualquer passo. Isso evita arrependimentos.

Helena ponderou sobre aquilo.

— E já se arrependeu de muitas coisas?

Ele ficou em silêncio por um momento, como se escolhesse as palavras certas.

— Algumas. Mas não sou um homem que vive no passado. Prefiro olhar para o que posso construir.

Aquelas palavras a atingiram de uma forma inesperada. Construir. Eduardo não parecia ser um homem que fazia algo sem propósito. Então, o que ele pretendia construir com ela?

— E você, Helena? — ele perguntou, desviando sua atenção. — O que espera deste casamento?

Ela congelou por um instante. Não esperava que ele fosse tão direto.

— Eu… — Ela mexeu a comida no prato, tentando organizar seus pensamentos. — Eu ainda não sei.

Eduardo manteve o olhar fixo nela, como se analisasse sua resposta.

— Isso é justo.

Helena soltou um suspiro aliviado.

— E você? O que espera de mim?

Dessa vez, foi ele quem demorou a responder.

— Apenas que seja sincera.

Ela franziu a testa.

— Só isso?

— A sinceridade é algo raro — ele disse, colocando o copo sobre a mesa. — Já fui cercado por pessoas que diziam o que eu queria ouvir, e isso me custou caro.

Helena percebeu que Eduardo falava mais do que apenas negócios. A ex-esposa veio à sua mente, mas ela não quis tocar nesse assunto.

— Então, se eu disser que não sei como me sentir sobre tudo isso… você aceitaria?

Ele assentiu.

— Aceitaria. Desde que seja a verdade.

Os dois se encararam por alguns segundos, um estudando o outro.

— Helena — Eduardo quebrou o silêncio. — Quero que saiba que não espero que me ame de imediato.

Ela piscou, surpresa com a confissão.

— Você acha que eu poderia te amar algum dia?

Ele sorriu de canto.

— Isso depende de nós dois.

Um arrepio percorreu a espinha de Helena. A forma como ele dizia aquelas coisas, com tanta certeza e calma, a desarmava completamente.

— E o que fazemos agora? — ela perguntou, sem conseguir evitar.

Eduardo inclinou-se levemente para frente, apoiando os cotovelos sobre a mesa.

— Jantamos, conversamos e seguimos um dia de cada vez.

A simplicidade daquela resposta a fez relaxar. Talvez fosse exatamente isso que ela precisava: tempo.

O resto do jantar transcorreu com uma conversa mais leve. Eduardo perguntou sobre os hobbies de Helena, e ela descobriu que ele gostava de ler romances clássicos, algo que nunca imaginaria.

Quando terminaram, Eduardo levantou-se primeiro e ofereceu a mão para ela.

— Gostaria de caminhar um pouco pelo jardim?

Helena hesitou por um segundo antes de aceitar.

Lado a lado, sob a luz suave da lua, perceberam que algo novo nascia entre eles. Não era amor ainda, mas definitivamente não era indiferença.

E para Helena, isso já era o começo de algo real.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***