capítulo 17

Capítulo 17 – Entre o Passado e o Presente

Helena ajustou a alça da bolsa no ombro e respirou fundo antes de entrar no carro que a levaria ao escritório com Eduardo. O caminho foi silencioso, mas não desconfortável. Havia uma nova dinâmica entre eles, uma espécie de entendimento que não precisava ser dito em palavras.

Quando chegaram à empresa, Eduardo a guiou até uma nova sala, onde um grupo de analistas discutia números e projeções.

— Quero que você conheça Daniel, nosso diretor financeiro — Eduardo disse, apresentando um homem alto, de cabelos grisalhos e olhar afiado.

— Prazer em conhecê-la, senhora Vasconcellos — Daniel cumprimentou com um aperto de mão firme.

— O prazer é meu — Helena respondeu, tentando parecer confiante.

Eduardo se acomodou à cabeceira da mesa e sinalizou para que ela se sentasse ao seu lado.

— Hoje vamos revisar os relatórios do último trimestre. Fique à vontade para fazer perguntas — ele disse, entregando-lhe alguns papéis.

Helena observou os gráficos e números, tentando acompanhar a discussão. Aos poucos, algumas coisas começaram a fazer sentido.

— Aqui diz que os investimentos em tecnologia tiveram um crescimento expressivo, mas houve uma queda no setor imobiliário. Isso significa que é um risco continuar investindo nessa área? — ela perguntou, surpreendendo até a si mesma.

Daniel ergueu as sobrancelhas, impressionado.

— Não necessariamente. A queda pode ser momentânea. Mas essa é uma boa observação.

Eduardo sorriu de leve, satisfeito.

— Você tem um olhar analítico. Isso pode ser útil.

Helena sentiu um calor diferente no peito. Pela primeira vez, percebeu que poderia ter um papel naquele mundo.

Um encontro inesperado

Depois da reunião, Eduardo precisou resolver alguns assuntos urgentes, então Helena decidiu explorar um pouco mais a empresa.

Enquanto caminhava pelo corredor, ouviu uma voz familiar chamando seu nome.

— Helena?

Ela se virou e viu Laura, sua melhor amiga e filha de Eduardo, parada ali com um sorriso surpreso.

— Laura! — Helena exclamou, indo ao encontro da amiga.

As duas se abraçaram, e Laura a observou com um brilho divertido nos olhos.

— O que está fazendo aqui? Achei que não se interessava pelo trabalho do meu pai.

Helena sorriu, um pouco sem graça.

— Acho que estou começando a mudar de ideia.

Laura cruzou os braços, fingindo uma expressão séria.

— Isso é interessante. Você e meu pai parecem mais… próximos.

Helena sentiu as bochechas corarem.

— É apenas convivência.

— Sei… — Laura arqueou uma sobrancelha, claramente não convencida. — Mas confesso que gosto de ver vocês assim. Achei que esse casamento seria difícil para você, mas parece que as coisas estão se ajeitando.

Helena olhou para a amiga, ponderando suas palavras.

Sim, as coisas estavam mudando. Mas até que ponto?

Um jantar a dois

Mais tarde, ao voltarem para casa, Eduardo sugeriu que jantassem juntos, em um restaurante mais reservado.

— Acho que merece um momento de descanso depois de hoje — ele disse.

Helena hesitou por um instante, mas assentiu.

O restaurante tinha um ambiente intimista, com luzes baixas e música suave ao fundo. Helena olhou ao redor, sentindo-se um pouco nervosa.

Eduardo notou e sorriu.

— Não precisa ficar tensa. É apenas um jantar.

Ela soltou uma risada baixa.

— Apenas um jantar?

— Apenas um jantar — ele repetiu, mas o brilho em seu olhar dizia algo mais.

O garçom serviu o vinho, e a conversa fluiu naturalmente. Eles falaram sobre trabalho, sobre viagens, até mesmo sobre memórias da infância.

Helena percebeu que estava gostando de conhecer Eduardo além da imagem do empresário sério.

— Nunca pensei que você gostasse de música clássica — ela comentou, surpresa.

— E eu nunca imaginei que você gostasse de literatura russa — ele retrucou.

Eles riram, e pela primeira vez, a barreira entre eles pareceu ainda menor.

Quando Eduardo tocou levemente sua mão sobre a mesa, Helena não recuou.

Ela apenas sustentou o olhar dele, sentindo que algo estava prestes a mudar entre eles de forma definitiva.

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