capítulo 9

Capítulo 9 – Aproximação Inesperada

Após a conversa com Laura, Helena sentiu que precisava entender melhor Eduardo. Seu marido era um mistério para ela, e se aquele casamento tinha qualquer chance de se tornar algo verdadeiro, precisaria decifrá-lo.

Ao longo do dia, Helena permaneceu na mansão, observando os funcionários em sua rotina. Rosa supervisionava tudo com eficiência, e os empregados respeitavam Eduardo, mesmo em sua ausência. Ela percebeu que ele não era um homem autoritário, mas sua presença impunha respeito naturalmente.

No final da tarde, decidiu dar uma volta pelo escritório de Eduardo. Sabia que ele não ficaria feliz se descobrisse, mas a curiosidade falou mais alto. Abriu a porta devagar e entrou.

O ambiente refletia a personalidade dele: organizado, sofisticado e um pouco frio. A mesa de mogno era impecável, os livros na estante estavam perfeitamente alinhados, e havia poucas fotos pessoais. Apenas uma chamou sua atenção.

Era uma foto antiga de Laura quando criança, sentada no colo do pai. Eduardo sorria, e sua expressão era tão diferente da seriedade que exibia agora que Helena mal o reconheceu.

— Procurando algo?

A voz grave e firme fez seu corpo congelar.

Ela se virou devagar e encontrou Eduardo parado na porta, o paletó já removido e as mangas da camisa dobradas até os cotovelos.

— Eu… — Helena engoliu seco. — Só queria conhecer melhor a casa.

Ele arqueou uma sobrancelha, fechando a porta atrás de si.

— Meu escritório não é o melhor lugar para um passeio.

Helena sentiu um leve constrangimento, mas se manteve firme.

— Achei que, como sua esposa, eu deveria entender um pouco mais sobre você.

Eduardo a observou por um momento antes de caminhar até a mesa.

— E o que descobriu?

Ela apontou para a foto de Laura.

— Que você já foi um homem mais… leve.

Ele pegou a foto, analisando-a por alguns segundos.

— Laura era pequena quando essa foto foi tirada. Eu ainda estava casado na época.

Helena cruzou os braços.

— Você parecia feliz.

Eduardo soltou um leve suspiro.

— Eu era. Mas a felicidade é frágil quando está nas mãos erradas.

Ela percebeu que ele evitava falar sobre a ex-esposa, e isso a fez se perguntar o quanto aquela mulher o havia machucado.

— Eu não quero ser um erro na sua vida, Eduardo.

Ele levantou os olhos para ela, surpreso com a confissão.

— Por que diz isso?

— Porque não fui eu quem escolheu esse casamento — ela respondeu com honestidade. — E talvez você também não tenha escolhido.

Eduardo ficou em silêncio por alguns instantes antes de caminhar até ela. Parou a poucos centímetros de distância, sua presença dominando o espaço.

— Helena, eu nunca faria algo contra a minha vontade.

Seu tom era firme, mas havia algo mais ali, algo que fez o coração dela disparar.

— Então por que aceitou esse casamento?

Os olhos dele escureceram levemente.

— Porque eu vi em você algo que não vi em ninguém há muito tempo.

Helena sentiu um arrepio percorrer seu corpo.

— E o que foi?

Eduardo inclinou-se ligeiramente, e sua proximidade a deixou sem fôlego.

— Verdade. Você não finge. Não joga jogos. Não tem segundas intenções.

Helena desviou o olhar, sentindo-se exposta.

— Não sei se sou tudo isso.

Ele ergueu sua mão e, com um gesto suave, levantou seu queixo para que ela o olhasse novamente.

— Você é mais do que imagina, Helena.

O coração dela pulsava descontroladamente. Eduardo não era um homem de elogios vazios, e suas palavras a afetaram mais do que gostaria de admitir.

Antes que pudesse responder, ele deu um passo para trás.

— O jantar estará pronto em breve. Gostaria de me acompanhar?

Helena assentiu, ainda sentindo a eletricidade do momento.

— Claro.

Eduardo abriu a porta e esperou que ela saísse primeiro. Enquanto caminhavam lado a lado até a sala de jantar, Helena percebeu que algo estava mudando entre eles.

E, pela primeira vez, não sabia se deveria temer ou desejar essa mudança.

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