capítulo 4

Capítulo 4 – Laços e Limites

Helena sentiu um arrepio percorrer seu corpo com as palavras de Eduardo. "Você é minha." Ele as disse sem hesitação, como se esse fosse um fato inquestionável. E talvez fosse. A decisão já tinha sido tomada, o destino já havia sido traçado.

Ela desviou o olhar para as luzes da cidade, tentando processar o que sentia. Não era medo, mas também não era conforto. Era algo novo, indefinido, como se estivesse prestes a cruzar uma fronteira invisível.

— Ser sua… — ela repetiu baixinho. — Isso significa exatamente o quê?

Eduardo virou-se para ela, apoiando-se no parapeito do terraço. Seu olhar era firme, avaliador.

— Significa que agora temos um compromisso. Você não precisa me amar, Helena. Mas precisa confiar em mim.

Ela mordeu o lábio, refletindo sobre aquelas palavras. Eduardo Montenegro era um homem de poucas emoções, mas cada frase dele carregava peso. Não prometia contos de fadas, apenas algo sólido, algo que ela ainda não sabia se queria ou não.

— E você confia em mim? — perguntou, desafiando-o com o olhar.

Ele ergueu uma sobrancelha, surpreso com a pergunta.

— Ainda não — admitiu. — Mas aprenderemos juntos.

O vento soprou entre eles, trazendo consigo um silêncio carregado de tensão. Então, Eduardo endireitou os ombros e ofereceu o braço.

— Vamos voltar. As pessoas estão esperando.

Helena hesitou, mas aceitou. Ao cruzarem de volta o grande salão, percebeu que os olhares estavam sobre eles. Eram um casal agora, pelo menos aos olhos da sociedade.

O jantar seguiu com discursos formais e brindes. A cada momento, Helena sentia a presença de Eduardo ao seu lado como uma sombra constante. Ele era atencioso, mas mantinha certa distância. Como se estivesse lhe dando tempo para se acostumar.

Quando a noite chegou ao fim, ele a acompanhou até o carro que a levaria de volta para casa. Antes de abrir a porta para ela, inclinou-se levemente.

— Em breve, você estará vivendo comigo — disse, sua voz baixa e controlada. — Se houver algo que precise antes disso, me diga.

Helena o encarou por um instante.

— Você realmente quer esse casamento, Eduardo?

Ele não desviou o olhar.

— Eu nunca faço nada que não queira.

O coração dela acelerou, e, sem dizer mais nada, entrou no carro.

Nos dias seguintes, os preparativos do casamento se intensificaram. Vestido, convidados, cerimônia. Tudo acontecia em um ritmo que não lhe dava tempo para respirar. Sua mãe estava radiante, e Isabela continuava empolgada com a ideia de Helena se tornar sua madrasta.

Mas, dentro dela, as dúvidas permaneciam. Não sobre Eduardo em si, mas sobre o que esperavam dela nesse casamento.

Certa noite, recebeu uma mensagem inesperada no celular.

Eduardo: "Quero que jante comigo amanhã. Apenas nós dois."

Ela encarou as palavras na tela, sentindo um misto de nervosismo e curiosidade.

No dia seguinte, encontrou-se com ele em um restaurante discreto. Desta vez, Eduardo estava sem terno, vestindo apenas uma camisa social e as mangas dobradas. Isso o fazia parecer menos distante, menos formal.

— Está se adaptando à ideia? — ele perguntou assim que se sentaram.

Helena brincou com o guardanapo, evitando seu olhar.

— Ainda parece irreal.

Eduardo inclinou-se um pouco, apoiando os braços sobre a mesa.

— Você pode ser honesta comigo, Helena. Se há algo que a incomoda, quero saber.

Ela hesitou antes de levantar os olhos para ele.

— Você já foi casado antes. Como era?

Eduardo não pareceu surpreso com a pergunta. Respirou fundo antes de responder.

— Diferente. Meu primeiro casamento foi por amor, mas amor nem sempre é suficiente.

A resposta a pegou desprevenida.

— E o que seria suficiente?

Ele segurou sua taça de vinho, girando o líquido lentamente.

— Respeito. Lealdade. Compromisso.

Helena absorveu aquelas palavras, sentindo que, com Eduardo, nada seria simples.

E talvez fosse isso que a assustava mais do que tudo

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