capítulo 6

Aqui está o Capítulo 6,

Capítulo 6 – Entre o Medo e a Curiosidade

A noite passou lentamente para Helena. Deitada na cama enorme do quarto que lhe foi designado, ela observava o teto, sem conseguir pregar os olhos. O vestido de noiva já havia sido substituído por uma camisola leve, mas o peso simbólico da nova vida que começava ainda estava sobre seus ombros.

Por mais que tentasse se convencer de que aquele casamento era apenas uma formalidade, algo dentro dela não conseguia aceitar essa ideia. Eduardo Montenegro não era um homem comum, e agora, ele era seu marido.

O silêncio da mansão era quase absoluto. Apenas o som distante do vento batendo contra as janelas quebrava a monotonia. Helena virou-se na cama, tentando encontrar uma posição confortável. Sua mente estava inquieta, cheia de perguntas sem respostas.

Foi então que um som suave chamou sua atenção. Um leve bater à porta.

Seu coração disparou.

— Helena?

A voz de Eduardo, baixa e firme, atravessou a madeira da porta.

Ela sentou-se rapidamente, puxando o cobertor para mais perto do corpo.

— Sim?

— Podemos conversar?

Helena hesitou por um momento antes de se levantar e caminhar até a porta. Suas mãos estavam levemente trêmulas quando girou a maçaneta.

Eduardo estava ali, vestindo apenas uma camisa branca de botões, sem o terno formal que sempre usava. As mangas estavam dobradas até os cotovelos, e seu semblante era indecifrável.

— Eu não queria assustá-la — ele começou, notando sua expressão tensa. — Mas achei que seria melhor conversarmos.

Helena respirou fundo, tentando acalmar o coração acelerado.

— Sobre o quê?

— Sobre nós.

Ela abriu mais a porta e sinalizou para que ele entrasse. Eduardo caminhou até o meio do quarto e virou-se para encará-la.

— Quero que fique tranquila, Helena. Sei que tudo isso aconteceu rápido, e não espero que aja como minha esposa da noite para o dia.

Ela cruzou os braços, sentindo-se levemente vulnerável de camisola na frente dele.

— Então… o que você espera de mim?

Eduardo a analisou por um instante antes de responder.

— Apenas sinceridade. Não quero que se sinta obrigada a nada.

A resposta a pegou de surpresa. Parte dela temia que Eduardo fosse exigir algo desde a primeira noite, mas, ao contrário, ele lhe dava espaço.

— Você é um homem de negócios — ela disse, observando-o com cautela. — E homens de negócios não costumam fazer acordos sem exigências.

Ele sorriu de canto, como se estivesse esperando por essa observação.

— Eu sei que este casamento começou como uma tradição familiar, mas eu não quero que ele seja apenas isso. Podemos construir algo, Helena, mas no nosso tempo.

Ela relaxou um pouco os ombros, sentindo-se menos pressionada.

— E se eu precisar de tempo?

— Você terá — ele garantiu.

Os olhos de Helena percorreram o rosto dele, buscando alguma mentira escondida, mas tudo que encontrou foi uma tranquilidade que a desconcertava.

— Você já esteve casado antes, Eduardo. Como foi?

Ele desviou o olhar por um breve momento, como se estivesse escolhendo as palavras certas.

— Foi um casamento diferente — ele disse, enfim. — No começo, houve amor. Mas o amor, sozinho, não é suficiente.

Helena ficou em silêncio, absorvendo aquelas palavras.

— E o que é suficiente?

Eduardo voltou a encará-la.

— Respeito. Lealdade. E confiança.

Por um momento, Helena sentiu algo dentro dela vacilar. Não esperava que Eduardo fosse tão direto, tão honesto.