Lhe Convencendo

Alessa sentia-se inquieta. Vestida apenas com um vestido simples, ela observava a janela da carruagem. O vento rugia do lado de fora, insetos cantavam e nuvens bloqueavam parcialmente a luz da lua. Ela estava sozinha ali, apenas com seus pensamentos, que se resumiam em um amontoado de frustração e ansiedade.

Sua intuição gritava que algo estava errado, que ela deveria se manter em alerta, enquanto outra parte pedia — quase implorava — para ela se juntar aos outros diante da fogueira, numa pequena comemoração à chegada na fronteira entre Avaris e Astruna.

Ela não sabia qual parte deveria ouvir. Por isso, permaneceu sentada ali dentro, encarando a janela, após Bia pedir permissão para se juntar aos outros. Aquela altura, já não ouvia o burburinho animado dos soldados ou a voz animada de Bia ecoando na clareira. Apenas os insetos cantavam ao longe, o som se mesclando com o barulho do vento.

Alessa se sobressaltou quando ouviu a porta da carruagem ranger, as mãos indo para trás do corpo numa tentativa falha de encontrar algo para usar como arma. Ela cerrou os olhos, tentando identificar a silhueta que surgira na entrada, enquanto seu coração retumbava no peito.

A luz fraca da lua pouco ajudou nisso, obrigando-a usar esse fato ao seu favor. Silenciosamente, ela abaixou-se no chão, os dedos tateando na escuridão à procura de algo útil. Quando encontrou um grampo de cabelo, não hesitou em se arrastar até a figura, que permanecia parada, quase como se avaliasse o que fazer a seguir. 

Alessa não perdeu a oportunidade. Em um movimento ágil, ela atacou, as mãos rumando em direção a garganta do intruso. Sem hesitar. Com intenção de matar.

— Querida?

Ela piscou ao ouvir a voz. Parou o movimento a um centímetro de alcançar a pele do pescoço. No mesmo instante, as nuvens se dispersaram no céu, permitindo que o brilho prateado iluminasse a figura.

Ela abaixou a mão quando percebeu quem era, e um resmungo frustrado saiu de sua garganta ao encará-lo.

— Quase que você morre agora.

Liam franziu a testa, não entendendo o que ela dizia. Seus olhos verdes pousaram no grampo na mão de Alessa, afiado, e ela sorriu amarelo ao ver a expressão dele se transformar em puro entendimento.

— Está querendo ficar viúva tão cedo? — ele perguntou, um divertimento mal disfarçado aparecendo em sua voz.

Alessa revirou os olhos e se afastou para se sentar. O vestido subiu mais do que deveria com o gesto brusco, deixando parte de suas coxas à mostra, mas ela não se importou. Uma raiva intrincada cegava sua visão e sufocava seu bom senso.

— Onde está seu cachorrinho vigilante? — indagou ela, ignorando a pergunta dele.

Liam se sentou ao lado dela, os olhos verdes vagando pela pele exposta antes de encará-la.

— Ele bebeu muito, agora está dormindo como uma princesa.

Ela ergueu uma sobrancelha, ignorando o calor que sentiu ao ver um desejo crescente nas íris dele.

— E por isso você resolveu me visitar sem fazer um barulho sequer?

— É uma oportunidade rara. — Ele abriu um sorriso, se inclinando para ficar mais próximo dela. — Como eu poderia perdê-la?

— Você deveria ter disciplinado ele, isso sim — retrucou ela, em um resmungo. 

O cheiro de hortelã que vinha de Liam invadiu suas narinas e ela se pegou pensando em como ele fazia para cheirar assim mesmo durante uma viagem longa e estressante como aquela. Havia apenas um lago próximo do acampamento, onde ela se banhara antes do anoitecer. Liam também fizera o mesmo? Usara algum tipo de sabonete especial para cheirar tão bem?

— Está brava? — tentou supor, com os olhos cerrados. Alessa cruzou os braços, sufocando sua curiosidade acerca do cheiro dele.

— Claro que estou — ela confirmou, afinal era a verdade. Estava muito irritada com aquela situação. — Ele fez eu ficar longe do meu homem.

Ao ouvi-la, o sorriso no rosto de Liam aumentou e Alessa teve que se controlar para não desviar o olhar do dele, um pouco desconcertada com a intensidade presente ali. Percebendo isso, ele apertou os cantos dos olhos, como se pensasse no que diria a seguir.

— Ragal só estava tentando cumprir o pedido do seu pai e, ainda, ser o juízo que a gente mostrou não ter após o casamento — disse, por fim, o que deixou Alessa mais irritada.

— Está defendendo ele?

— Estou buscando uma justificativa.

— Liam, já faz dias que a gente não tem privacidade — lembrou ela, um toque de rancor escapando por sua voz.

E era verdade. Quando não era Ragal que estava junto dos dois, era Bia ou um soldado. Às vezes, Alessa se sentia como uma criança arteira sendo vigiada constantemente pela babá. Em outros momentos, pensava ser uma criminosa que cometeu o maior dos pecados. Era uma situação que a frustrava cada vez mais.

— Eu sei — murmurou, a voz mais baixa. Como se compartilhasse do mesmo pensamento que ela. — E é por isso que estou aqui. Por que quero fazer valer a pena o deslize do Ragal e dos outros.

Alessa o olhou com a boca aberta. Não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

— Mas e o pedido do meu pai? E todo o sacrifício até aqui?

Ele sorriu, um sorriso malicioso que fez o corpo de Alessa estremecer.

— É só a gente não ultrapassar o limite — sugeriu ele. — O que me diz?

— Hum, não sei. — Alessa desviou os olhos prateados para a janela, observando a lua ser coberta outra vez pelas nuvens. — Não estou convencida ainda.

Liam aproveitou o momento de distração dela e se aproximou mais, o corpo musculoso inclinando-se na direção do dela. Alessa piscou ao voltar-se para ele. A respiração quente bateu contra seu rosto quando ele sussurrou:

— O que posso fazer para te convencer, raio de lua?

Um arrepio cruzou o corpo dela, fazendo-a morder o lábio.

— Tente descobrir por si mesmo. — Sua voz soou baixa, como um desafio, o que fez o arquiduque sorrir.

— Não seja malvada.

— Oh, mas eu sou malvada. — Foi a vez dos lábios dela se erguerem. — Então, como pretende fazer?

Liam não respondeu. Em vez disso, se aproximou mais, encerrando de uma vez por todas a distância entre eles. Alessa prendeu a respiração ao tê-lo tão perto, o coração retumbando no peito. Ela desviou os olhos para os lábios cheios dele, tão próximos dos seus. Por um instante, sentiu uma vontade gritante de se capturá-los com os dentes, até vê-lo se descontrolar.

— O que foi, querida? — ele soprou, erguendo uma mão para alcançar o queixo dela. — Já consegui te convencer?

Alessa conteve um suspiro, não querendo dar o braço a torcer. O toque de Liam enviou um calor por toda a sua pele, acendendo um desejo primitivo em seu âmago.

— Eu não disse nada… — replicou, a voz falhando ao final quando ele levou os lábios até sua orelha. Sem pressa, ele mordiscou a parte sensível, fazendo Alessa mover as mãos para se apoiar no peito dele, surpresa.

— Tem certeza? — Liam deslizou a outra mão pelas coxas dela, os toque suave dos dedos longos enviando uma corrente elétrica por todo seu corpo.

Ela mordeu os lábios, recusando-se a falar ou ceder. Isso fez uma risada rouca irromper dos lábios dele, que continuou subindo lentamente os dedos, até alcançar a parte interna da coxa dela. Liam fincou as unhas curtas ali, fazendo Alessa soltar um gemido. A mistura de dor e prazer deixou-a grogue, a mente como uma tela em branco.

— Liam… — balbuciou ela, a voz fraca, sem convicção.

— Sim? — Ele voltou a subir a mão, alcançando finalmente a peça íntima dela. Roçou de leve a ponta dos dedos sobre o tecido úmido, fazendo Alessa arfar. — Você está já perfeita, querida.

Ela o encarou nos olhos, as pupilas de ambos dilatadas de desejo. Sem vontade alguma de resistir mais, Alessa moveu as mãos até alcançar a nuca dele, e enfiou os dedos nos fios dourados, raspando as unhas na pele com agressividade. Usando toda a sua força, puxou-o para si, capturando os lábios de Liam em um beijo feroz.

Ele riu, retribuindo o gesto com igual intensidade. As mãos foram até a cintura dela e a puxou, a colocando sentada sobre seu colo. A língua dele pediu permissão, acariciando os lábios dela, algo que Alessa não hesitou em permitir.

Ela sentiu o mundo parar. Os lábios de Liam tinham um gosto maravilhoso de hortelã, misturado a algo mais que fazia o peito dela queimar. Eram doces, como o néctar dos deuses. Diferente da cerimônia de casamento, onde o toque fora breve e terno, esse era ávido, desesperado, como se uma barragem tivesse se rompido e a água furiosa jorrasse sobre eles, ameaçando consumir tudo em volta.

Alessa ofegou, desgrudando dos lábios de Liam em busca de ar por um breve instante. Ao recuperar o fôlego, passou a língua por eles, puxando a pele com os dentes igual tivera vontade. Liam estremeceu ao toque, apertando-a com mais firmeza. O corpo de ambos queimavam, à procura de alívio. Gemidos entrecortados escapavam por suas bocas, tornando o único som presente na carruagem.

E foi aí que tudo mudou. Mesmo com a mente em branco, um arrepio estranho atravessou a nuca de Alessa. Ela percebeu que os insetos já não cantavam. Até mesmo o vento, que antes rugia, parecia ter parado, à espera de algo que fugia da compreensão de ambos.

— O que foi? — Liam sussurrou, notando a mudança em Alessa.

Ela se afastou dele, deixando-o confuso. Olhou para a janela, os olhos prateados vidrados em algo na escuridão. Com a mandíbula trincada, o rosto vermelho e o olhar mais mortal que ele já vira, murmurou:

— Parece que temos visitantes intrometidos do lado de fora.

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Comments

Faby

Faby

desmaiado com sua dama de companhia de tanto que bebeu

2025-02-10

3

Andréa Silva

Andréa Silva

É a magia suprema, a mais procurada e que só o Liam conseguiu aprender e ele usa sem moderação hahaha

2025-02-22

2

Faby

Faby

quase se deixou viúva 🤭🤣🤣🤣😂😂😂

2025-02-10

3

Ver todos
Capítulos
1 Escolha-me
2 De Volta Ao Passado
3 É Chegado O Dia
4 Futura Esposa
5 Futuro Marido
6 Decisão
7 Insinuação
8 Coisas Inevitáveis
9 Casamento
10 Está me provocando, querida?
11 Lobo Em Pele de Cordeiro
12 A Primeira Vida de Liam
13 Lhe Convencendo
14 Assassinos
15 A Inteligência de Uma Darnell
16 O Baile de Condecoração
17 O Veneno da Inveja
18 As Palavras do Imperador
19 Rancores À Vista
20 O Alto Sacerdote
21 Consumando O Casamento (+18)
22 Situação Humilhante
23 Na Sala de Banho
24 Repreensão À Mesa
25 Encontro No Corredor
26 A Doença Misteriosa
27 Cômodo Secreto
28 A Pequena Cloé
29 Poder Em Mãos Impuras
30 O Fardo das Esposas Oficiais
31 Uma Tarefa Para O Arquiduque
32 A Dama Descartada
33 O Primeiro Embate Com A Imperatriz
34 A Arte de Destruir Sem Tocar
35 Risos Após A Humilhação
36 Pecados da Realeza
37 Um Corpo Que Cede, Uma Luta Que Começa
38 Um Símbolo de Proteção
39 Noite de Ira e Magia
40 O Plano da Arquiduquesa
41 Um Espetáculo Malicioso
42 Conspirações e Contrataques
43 O Jantar Começa
44 Prova do Próprio Veneno
45 Desejo Ardente (+18)
46 Quem Ri Por Último (Parte 1)
47 Quem Ri Por Último (Parte 2)
48 Orgulho Em Chamas
49 Boatos e Sussurros
50 Quando Alessa Decide
51 Cheirando Vergonha
52 No Quarto da Imperatriz
53 Os Duques e a Queda
54 Pais, Planos e Problemas
Capítulos

Atualizado até capítulo 54

1
Escolha-me
2
De Volta Ao Passado
3
É Chegado O Dia
4
Futura Esposa
5
Futuro Marido
6
Decisão
7
Insinuação
8
Coisas Inevitáveis
9
Casamento
10
Está me provocando, querida?
11
Lobo Em Pele de Cordeiro
12
A Primeira Vida de Liam
13
Lhe Convencendo
14
Assassinos
15
A Inteligência de Uma Darnell
16
O Baile de Condecoração
17
O Veneno da Inveja
18
As Palavras do Imperador
19
Rancores À Vista
20
O Alto Sacerdote
21
Consumando O Casamento (+18)
22
Situação Humilhante
23
Na Sala de Banho
24
Repreensão À Mesa
25
Encontro No Corredor
26
A Doença Misteriosa
27
Cômodo Secreto
28
A Pequena Cloé
29
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30
O Fardo das Esposas Oficiais
31
Uma Tarefa Para O Arquiduque
32
A Dama Descartada
33
O Primeiro Embate Com A Imperatriz
34
A Arte de Destruir Sem Tocar
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Um Corpo Que Cede, Uma Luta Que Começa
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Um Símbolo de Proteção
39
Noite de Ira e Magia
40
O Plano da Arquiduquesa
41
Um Espetáculo Malicioso
42
Conspirações e Contrataques
43
O Jantar Começa
44
Prova do Próprio Veneno
45
Desejo Ardente (+18)
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Quem Ri Por Último (Parte 1)
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Quem Ri Por Último (Parte 2)
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