Quando Liam retornou ao salão de baile acompanhado de Alessa e Miguel, todos os nobres o encararam. Liam tinha absoluta certeza que eles não sabiam quem ele era ou de onde vinha, apesar de suas belas roupas chamarem atenção por serem claramente mais caras do que a maioria, mais caras do que qualquer um que não fosse a família imperial.
Claro que, quando chegou, o arauto tentou anunciá-lo. Mas bastou um punhado de moedas de ouro para fazê-lo aceitar o pedido do arquiduque de discrição, dando a ele a oportunidade de entrar no salão sem ser incomodado.
A música, as conversas e as risadas abafaram o som da porta se fechando atrás dele. Foi algo perfeito, que seu amigo, Ragal, não teve a sorte de conseguir. O arauto já estava com os bolsos cheios, afinal.
— Onde estava, Liam? — perguntou Ragal, ao se aproximar do arquiduque assim que o viu.
Ragal era um homem de pele negra, cabelo curto e olhos amendoados. Alto, forte e com um cicatriz na testa que atraía a atenção de todos por si só.
Ele era um guerreiro com quem Liam fezira amizade na guerra. Embora Ragal fosse o general do exército inimigo na época, os dois fizeram amizade rapidamente após tudo chegar ao fim. Para Liam, esse era um pequeno detalhe que desapareceu quando ele o derrotou, deixando apenas a cicatriz como uma lembrança visível desse primeiro encontro marcante. Nada além.
— Estava fazendo exatamente o que vim fazer aqui — respondeu ele, apontando para Alessa, que observava com curiosidade a interação dos dois. — Deixe-me apresentá-la a você. Essa é Alessa Darnell, minha futura esposa.
— Darnell? — Ragal olhou confuso para Liam e depois para Alessa. Era óbvio em seus olhos que ele desconhecia aquele nome, afinal, fora do Império de Avaris, os Darnell não eram nada. Não significavam nada além de uma família em ruínas.
Alessa sorriu para ele, os dentes brancos aparentando mais afiados. Ragal recuou, algo que fez Liam e Miguel rir.
— Algum problema, pai? — perguntou ela, piscando os olhos de maneira inocente.
Miguel balançou a mão à frente do rosto, como quem dispensa a pergunta, e encarou Liam. Os dois possuíam alturas semelhantes.
— Ainda não decidimos a data do casamento.
— Por mim, querido sogro, seria agora mesmo — respondeu Liam, com tranquilidade. — Mas acho que sua filha gostaria de ter tempo para se preparar primeiro, não é, querida?
Alessa apertou os olhos, parecendo controlar a vontade de revirá-los. Por fim, murmurou:
— Talvez.
— Quantos dias? — Ragal perguntou, se intrometendo na conversa. — Temos que voltar para Astruna em, no máximo, um mês para o baile de condecoração.
— Não se preocupe, até lá estaremos com alianças nos dedos — garantiu Alessa, observando Ragal com mais atenção. — Mas, me diga, você seria…?
— Sou Ragal. É um prazer conhecê-la.
Liam moveu o olhar de Ragal para Alessa. Observou o cenho dela franzir, tentando entender porque Ragal não tinha sobrenome. Depois de um tempo, como se não tivesse encontrado uma resposta satisfatória, ela apenas suspirou.
— O prazer é meu, Ragal. — Alessa sorriu. — Você é um…
— Desculpe a intromissão, mas estão falando de casamento? — Uma voz feminina ecoou atrás de Liam, e ele virou-se para encarar quem ousou interromper a fala de sua mulher.
Quando viu uma garota ruiva se aproximar com um leque tampando parte do rosto e encarando Alessa com escárnio, o sangue dele ferveu.
— Lady Valéria Dirgan — Alessa cumprimentou, o sorriso em seu rosto se tornando afiado. — Nós nos encontramos de novo.
Valéria ignorou Alessa e voltou a atenção para os homens.
— Não me diga que estão com tamanha pressa por ela estar grávida? — perguntou com malícia, abaixando o leque para permitir que seu sorriso venenoso ficasse bem visível para quem quisesse ver.
A voz ecoou alta, atraindo a atenção dos nobres ao redor. Todos encaram a cena, aguardando a resposta que viria de um deles. Pareciam estar apreciando um espetáculo acima de tudo.
Em resposta, Liam abriu um sorriso ameaçador e puxou Alessa para perto de si
— Não, mas, se depender de mim, logo estará.
Alessa corou, escondendo o rosto no peitoral dele — parte por vergonha, parte para deixar Valéria irritada. Algo que Liam achou incrivelmente fofo.
— E isso por acaso é coisa de… — resmungou Valéria, vermelha, sem saber onde enfiar a cara.
Os nobres ao redor estavam de boca aberta, não sabendo se ficavam surpresos pelas palavras de Liam, um desconhecido para eles, ou pela reação de Alessa, que sempre parecera uma muralha sem sentimentos e inalcançável.
— Você foi um inconveniente ao perguntar isso à minha filha, Lady Valéria — ralhou Miguel, dando um passo para ficar à frente de Liam e Alessa. Seus olhos castanhos queimavam. — Por favor, eu peço que tenha mais decoro da próxima vez e não insulte minha filha assim. Afinal, não sabe o que nós, os Darnell, somos capazes de fazer.
Valéria abriu a boca, atônita, mas não disse nada. Apenas se virou e saiu pisando fundo, esculachando qualquer dama que se aproximou dela para tentar acalmá-la. Em seu rosto, poderia ser vista uma promessa de retaliação. Para quando, porém, era um mistério que ninguém conseguia decifrar.
— Bom, foi até divertido, não foi? — perguntou Liam, com um sorriso.
Alessa revirou os olhos e se afastou um pouco, entrelaçando os dedos nos dele e o puxando em direção a saída do salão. Os dois ignoraram os cochichos, os olhares, até a voz de Ragal e Miguel, que falavam para eles esperem.
Eles só queriam sair dali, talvez assinar o acordo de casamento, e enfim dar seguimento ao futuro que estavam perto de se iniciar.
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Atualizado até capítulo 54
Comments
Faby
o que um punhado de moedas de ouro não faz né??? o arauto até ficou em silêncio kkkkkk
2025-02-04
4
Faby
falou o que não devia ouviu o que não queria kkkk
2025-02-04
3
Faby
hum então é bonitão kkkkk
2025-02-04
3