Presente de Natal

Presente de Natal

A entrevista

...Presente de Natal...

 

...Capítulo 1...

 

Jenna abriu os olhos e tentou focar onde estava. Só então lembrou que havia saído na noite anterior para se divertir e conhecerá um cara bacana num bar e toda bêbada acabou indo para a casa dele. Não era para ter dormido fora de casa, mas estava passando por um momento difícil em sua vida que às vezes voltar para casa lhe dava angústia, ainda mais com uma mãe que vivia pegando no pé dela.

Ela tinha feito muita coisa errada na sua vida e tentava dar um rumo certo, o que estava sendo difícil para ela, já que tinha uma filha de seis anos. Desde que ficará solteira com uma criança, voltará para a casa da sua mãe e por mais que negasse  passava seus dias num estresse e agora que estava desempregada novamente já fazia três meses que tinha saído do restaurante que estava trabalhando. Havia trabalhado por três anos naquele lugar e só por que havia feito algo muito ruim por lá, seu chefe a dispensou como tinha feito com a sua única amiga.

Suspirou e desanimada, levantou-se devagar e se vestiu para que o cara não acordasse. Pegou suas coisas e saiu dali sem se importar com nada. Não estava tendo um dia bom, e sabia que sua mãe iria falar um monte quando chegasse em casa.

Enquanto andava na rua, tentou ajeitar o seu cabelo e estava horrível com aquela roupa. Precisava ir para casa e tomar um banho urgente, pois tinha uma entrevista de emprego para as nove horas, e como já era quase sete horas daria tempo para chegar em casa e se arrumar, isso se sua mãe viesse falar na sua cabeça.

Faltavam duas semanas para o Natal e Londres estava encantadora com seus enfeites de Natal por todo lado. Mesmo não gostando muito daquela época do ano, sabia que sua mãe tinha o costume de querer que ela ficasse em casa ao invés de sair para curtir o dia. Sabia que era uma péssima mãe e não precisava que sua mãe ficasse falando isso o tempo todo na sua cabeça.

Assim que chegou em casa foi direto para o seu quarto sem que sua mãe percebesse, o que não deu muito certo. Estava para entrar no quarto quando foi pega.

- Aonde você estava Jenna?

- Eu saí para beber.

- Quando é que vai aprender que não deveria fazer essas coisas? Você tem uma filha de seis anos.

- Eu sei disso. – ela respondeu ríspida enquanto pegava roupas no guarda roupa. – E não precisa ficar me lembrando disso todos os dias.

- Não é o que parece.

Jenna encarou a mãe.

- Quer me ensinar como cuidar da minha filha?

- Jenna olha para você. Você está um lixo, está desempregada e vivi dormindo por aí com qualquer idiota e deixa a sua filha de lado. – Sua mãe esbravejou. – É esse exemplo que você dá há ela?

Jenna hesitou e negou.

- Não.

- Então pare de bancar a idiota e cresça. Aquela menina merece muito mais do que você vem fazendo. – Sua mãe disse. – E diz para aquele idiota do pai dela que a garota não vivi se ele não ajudar.

Jenna engoliu em seco ao ver sua mãe sair do seu quarto. Sabia que ela tinha toda razão, desde que havia se separado do pai de sua filha que vinha brigando com ele com a pensão, o que não era nada fácil. Seu estresse havia aumentado desde então, vivia numa briga consigo mesma. E mesmo que quisesse o melhor para Rafaela ainda estava com dificuldades para fazer aquilo.

Suspirou desanimada e entrou no banheiro, tomou um banho rápido e se arrumou. Não podia deixar de perder mais essa chance de encontrar um emprego, e torcia para que desse certo.

Assim que terminou de se arrumar olhou-se no espelho e viu que estava apresentável. Havia escolhido uma calça jeans, blusa básica e um casaquinho por cima, e deixaria o cabelo solto. Pegou o casaco cinza e o cachecol já que nevava um pouco lá fora e desceu. Encontrou sua mãe fazendo o café e Rafaela estava sentada tomando seu leite com bolachas.

- Bom dia meu amor. – ela se aproximou da menina e lhe deu um beijo na bochecha.

- Bom dia mamãe.

Jenna viu que sua mãe estava de cara feia para ela, então tratou de tomar apenas um café antes de sair dali.

- Mamãe vai a uma entrevista e quando voltar podemos sair para dar uma volta.

- Com esse tempo? – Sua mãe a repreendeu.

- Vou levá-la ao shopping.

- Quando vai aprender que ela tem problemas de bronquite.

Jenna suspirou.

- Será que dá para parar de ficar falando na minha cabeça?

- Só quero que você se ajeite na vida, Jenna.

- Ok.

Ela deu mais um beijo na filha e levantou-se pegando a bolsa.

- Depois a gente vai passear, querida.

Tentou ignorar a sua mãe, e simplesmente saiu. Não precisava de mais sermões, sabia muito bem que estava fazendo as coisas erradas e que precisava dar um jeito, mas não estava pronta para conversar naquele dia.

Pegou um ônibus, pois morava em Notting Hill e precisava chegar ao centro. Pelo que soube o local era novo e fazia pouco tempo que estava aberto e saber que tinha uma vaga já ficará toda feliz. Assim que desceu do ônibus, andou alguns quarteirões até chegar no local, deu uma olhada na frente antes de entrar.

Era um local simples, a fachada era rústica e mesmo não gostando de lugares rústicos, aquele lhe chamou atenção. Era uma cafeteria pequena, dentro tinha umas seis mesas, além do balcão que formava em L e estava movimentado pelo jeito, a parede principal estava toda desenhada em estilo meio rock com uma frase escrita “ Começar é o primeiro passo,  não desistir é o segundo”.

Sorriu com a frase e se aproximou do balcão onde um homem estava atendendo uma cliente e esperou a mulher sair para se aproximar.

- Bom dia!

Ele levantou a cabeça e a encarou. Jenna ficou sem graça, era um homem muito bonito, cabelo castanhos claro, olhos verdes, um nariz perfeito e um boca ampla, o queixo quadrado mostrando uma atitude arrogante, ele usava um avental preto igual as outras duas moças.

- Bom dia, em que posso ajudar?

- Sou Jenna Wilson, vim para uma entrevista. Me ligaram ontem para mim aparecer aqui às nove horas.

Ele hesitou e sorriu.

- Claro. Só um minuto. – ele disse e chamou uma das moças. – Será que você pode ficar no meu lugar por favor?

- Sim, senhor.

Ele sorriu novamente pra ela e fez um gesto com a mão.

- Ok. Vamos lá...

Jenna mesmo toda confusa seguiu-o pela parte da porta que ele abriu, andou pelo corredor até dar para uma outra porta que ele abriu e pediu para que entrasse e aguardasse um pouco.

O lugar era pequeno, tinha uma escrivaninha com alguns equipamentos e um arquivo do lado, e uma prateleira com algumas coisas. Tudo muito neutro e simples.

Nervosa com a entrevista, aproveitou para tirar o casaco e o cachecol, afinal ali estava bem aconchegante para ficar com toda aquela roupa. Foi então que ouviu a porta abrir novamente e perceber que o homem que a atendeu antes estava ali de volta sem o... avental.

Agora pode vê-lo melhor, ele usava calça jeans e um suéter azul. Observou-o sentar-se e sorrir deixando-a sem graça.

- Então, srta. Wilson... Tudo bem?

Jenna franziu o cenho.

- Você é o... quero dizer estou bem.

- Deve estar se perguntando o que eu faço aqui, certo?

Ela assentiu.

- Sim, quero dizer não.

- Bem, liguei para você ontem marcando uma entrevista. Mas esqueci de dizer que tenho uma vaga, mas é temporário.

- Ah...

- Mas posso mudar de ideia se você for eficiente.

Ela sorriu.

- Bem, então vamos lá. – ele falou mexendo numa pasta e retirou uma folha e provavelmente era o seu currículo. – Aqui diz que você é solteira, certo?

- Sim.

- Filhos?

- Tenho uma filha.

Ele sorriu.

- Legal. Você nasceu aqui mesmo em Londres?

- Sim.

- Você tem disponibilidade para qualquer horário?

- Sim. No meu último emprego era meio rotativo.

- Trabalhou lá por três anos. Por que saiu de lá? – ele perguntou encarando-a.

Jenna nervosa começou a mexer em suas mãos e respondeu.

- Na verdade, eu fui dispensada.

- Ah... Gostava de trabalhar lá?

- Sim.

- Bem, isso é bom. Mas uma curiosidade, por que foi dispensada?

Jenna engoliu em seco.

- Fiz algo de errado.

- Acho que isso é normal nas pessoas. É muito bom errar, assim podemos aprender com isso, não acha?

- Claro.

- Então, tenho uma vaga por meio período. Preciso de alguém que saiba lidar com as pessoas e que seja responsável... Mas vejo que como mãe deva saber disso.

Ela assentiu, mesmo sabendo que estava mentindo.

- Ótimo. Só mais uma coisa, por que precisa desse emprego?

- Bem, eu tenho uma filha e preciso muito trabalhar para poder... dar o melhor para ela. – disse toda calma, acrescentou. – Sei que sou capaz de qualquer coisa e aprendo rápido.

Ele sorriu. Será que ele tinha ideia de como aquele sorriso era encantador.

- Ótimo. Foi muito bom falar com a senhorita, te ligo se... precisar.

- Ok.

Ele levantou-se e abriu a porta para ela, pegou seu casaco e o acompanhou e só então pôde sentir o cheiro da colônia dele. Confusa ainda com a entrevista rápida, e com aquele homem misterioso.

- Muito obrigado, srta. Wilson.

Ela sem saber o que dizer, apenas assentiu sorrindo e ao alcançar a porta encarou-o para dizer algo, mas decidiu que deveria ficar calada. Se perdesse aquele emprego, sua mãe a mataria com certeza.

Somente se despediu e saiu dali em passos firmes para que ele não reparasse que estava nervosa. Nunca tinha ficado nervosa em uma entrevista e muito menos na frente dos homens, afinal ela sempre fora um alvo fácil para aqueles tipos de caras.

Ela era bonita, mesmo depois de ter se tornado mãe, sabia que continuava atraente. Não deixará de se cuidar e mesmo não tendo muito tempo para estar em academias e salões de beleza como muitas por aí, ela fazia o possível de fazer tudo em casa. Malhava com sua filha do lado e ela mesma cuidava do próprio cabelo e pele, e mandava muito bem nisso.

Chegou em casa por volta das onze e como prometera a filha que a levou no shopping depois do almoço. Ainda bem que ela ainda tinha um pouco de dinheiro e deixou Rafaela brincar em alguns brinquedos que tinha por lá, comeram algum lanchinho por lá mesmo e voltaram para casa, no meio do caminho ela adormecera dentro do ônibus, desceu do ônibus com ela no colo, faltava pouco para chegar em casa quando o seu celular tocou.

Toda atrapalhada por estar carregando a menina no colo, conseguiu pegar o celular e atendeu toda ofegante.

- Alô.

- Srta. Wilson.

- Sim.

- Você fez a entrevista hoje cedo comigo e estou ligando para avisar que você pode estar vindo amanhã cedo para fazer um teste.

Jenna parou chocada e só então disse.

- É sério isso?

- Sim. Vou te dar um teste rápido e depois discutiremos o salário, pode ser?

- Claro.

- Ok. Então esteja aqui amanhã às seis.

- Obrigada.

Jenna desligou o celular e sorriu toda feliz. Deu um beijo em sua filha e sussurrou mesmo sabendo que estava dormindo.

- Mamãe arrumou um emprego... Vamos viver só eu e você.

Esse era o seu plano desde que havia sido mandada embora do restaurante. Estava de saco cheio de ouvir sua mãe falando na sua cabeça, sabia que não seria fácil ter que começar tudo do zero, porém, estava sentindo que tudo iria mudar dali para frente.

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