No shopping

...Capítulo 9...

Na manhã seguinte acordou num pulo, seu celular havia despertado, porém a canseira falará mais alto e meio que acabou dormindo de novo. Havia caído um garoa a noite, pois o dia estava nublado e adorava o tempo daquele jeito. Terminou o banho e vestiu uma calça legging grossa, blusa de moletom e tênis, deixou o cabelo solto e maquiou-se antes de sair. Deu um beijo na sua filha que dormia ainda e correu para poder pegar o ônibus.

Chegou bem na hora de abrir, pediu desculpa a Débora e foi se trocar. Assim que terminou foi para frente, como seria só ela e Debby trabalhando na frente, aproveitou para aprender mais algumas coisas, atendeu alguns clientes, quando teve um tempo perguntou se Debby.

- Você sabe fazer esse café sem a máquina?

Debby a olhou.

- Sim. Aprendi fazer na outra loja, por que a pergunta?

- Ah, só fiquei interessada. Por que o Sr. Coleman não colocou uma máquina dessa lá?

- Bem, pelo que sei lá começou assim e ele não quis tirar o modo tradicional. Pera aí você foi para outra loja ontem?

- Sim.

Debby franziu o cenho.

- Estranho, ele levou-a até lá?

- Sim.

- Sr. Coleman nunca levou funcionária nenhuma no carro dele... Pelo menos até onde sei. – Debby contou olhando. – Não está dando em cima dele, está?

- Não. Posso ter saído com clientes algumas vezes... Mas com chefes, não. – ela respondeu, acrescentou. – Mas não vou negar que ele é um belo pedaço de mau caminho.

Debby sorriu assentindo.

- Sim. Bonito, solteiro e canadense.

- Sr. Coleman é canadense? – indagou surpresa.

Debby ia dizer mais algum coisa, mas chegou mais clientes e tiveram que atender, e não parou mais. Foi então que descobriu que o único dia em que não viam o seu chefe era no domingo. Era o dia em que elas se sentiam mais à vontade e passavam mais tempo conversando. Soube que Debby era casada, tinha dois filhos quase adolescentes e Melissa já tinha filhos quase casados e só esperava os netos.

Passaram a manhã toda conversando enquanto trabalhavam é claro, e gostou de saber um pouco mais sobre elas. Era uma pena que no dia seguinte teria que ir para a outra loja com aquele povo sem graça.

Estava quase na hora de fechar quando Debby pediu para que ela adiantasse às coisas para não ter muita coisa para fazerem depois que fechasse. Como não tinha ideia do que se fazia depois de fechado, aproveitou para limpar as mesas como sempre fazia. Quando o último cliente saiu e Debby fechou, correu para pegar o balde de água. Elas tinham que fazer limpeza antes de saírem.

Fizeram tão rápido e rindo que nem viram que fizeram em menos do que o previsto. Ajudaram Melissa na cozinha e faltavam dez minutos para as duas horas quando estavam saindo de lá.

Melissa lhe deu carona para casa já que morava quase próxima e ficou feliz por saber que havia feito amizade. Assim que chegou em casa foi recebida com um abraço e se surpreendeu Rafaela já estava pronta para sair, e como prometera há ela que iria levá-la para sair, foi direto para o banho e depois ficou indecisa no que vestir, acabou por um vestido tubinho de tricô de manga longa, vestiu uma meia calça e bota de cano alto com salto, maquiou-se e deixou o cabelo solto.

Assim que ficou pronta, pegou sua bolsa e o casaco antes de descer e ver sua filha conversando com sua mãe. Ela estava linda com um vestido rodado, meia calça e botas, cabelo preso com duas xuxinhas.

- Pronta?

Rafaela sorriu assentindo.

- Ótimo. Não quer ir mesmo com a gente mãe?

- Não. Eu vou na casa da Soraia ver algumas coisas que chegou.

Jenna franziu o cenho, sua mãe tinha uma mania feia de comprar coisas do catálogo das amigas que moravam ali perto.

- Ok. Se precisar de algo e só me ligar.

Saiu de casa e pegaram o ônibus, chegaram no shopping por volta das quatro e meia. Ainda bem que naquela época do ano os shoppings lucravam bastante, apesar de não ficarem aberto até tarde. Aproveitaria o máximo com sua filha ali, levou-a para brincar um pouco, depois olharam algumas lojas de brinquedo para depois verem o papai Noel, tinha uma pequena fila e ficaram por ali já que Rafaela queria ver o papai Noel falso, para sua sorte ninguém estava prestando atenção no que ela dizia.

- Mamãe, será que depois daqui podemos comer alguma coisa?

- Claro.

- Oba!!

Jenna sorriu e ao olhar para o lado pensou ter visto alguém conhecido, foi então que se deu conta que estava sendo observada. Desviou o olhar e fingiu não tê-lo visto, seu chefe estava ali andando no shopping. O que ele fazia ali, afinal?

Tentou respirar fundo, olhou para onde ele estava e sorriu aliviada por ver que não estava mais ali.

- Oi.

Jenna se assustou ao ouvir a voz dele do outro lado seu, tentou sorrir.

- Oi.

- Tudo bem?

- Sim. Você está me seguindo?

Ele fez careta.

- Não. Por que eu iria querer persegui-la?

- Sei lá.

Jenna deu de ombros, ele estava tão bonito usando calça jeans despojada, camiseta e uma jaqueta e segurava uma sacola.

- Fazendo compras, Sr. Coleman?

- Estou tentando e você passeando ou gastando?

- Ah, só passeando.

Ele sorriu e olhou para sua filha que não parava de encará-la.

- Sua filha? – ele perguntou e ela assentiu. – Oi.

- Oi.

- Ela fala?

- Sim. Ela usa um aparelho para poder escutar melhor... só usa os sinais às vezes. – Jenna contou.

- Isso é ótimo.

James fez um sinal para Rafaela que sorriu. Quase que gritou de louca quando viu-o dizer “ Você é muito bonita" para sua filha em sinais.

- Você sabe....

- Sim. Eu sei a linguagem de sinais. – contou. – Eu tinha um amigo na escola que era surdo e mudo e tive que aprender para conversar com ele.

- Legal. E vocês ainda conversam?

- Não. Ele mora muito... longe, e além do mais ele está bem casado e não gosto de atrapalhar.

- Pessoas casadas também tem amigos, sabia.

- Eu sei. Mas sou do tipo que prefere...

Ela bufou fazendo com que ele parasse de falar.

- Está sendo chato. Deveria parar de ser tão fechado, senhor.

- Será que poderia deixar o senhor de lado quando não tivermos no trabalho.

Ela hesitou.

- Ok.

- Acho que ela é a próxima. – ele avisou olhando para o papai Noel, em seguida para Rafaela e perguntou em sinais. – Você já sabe o que pedir ao papai Noel?

- Sim. Mas esse é falso, o verdadeiro está descansando para quando chegar o grande dia e ele trabalhar.

James hesitou e riu.

- Quem lhe contou isso?

- Minha mãe.

James olhou-a e sorriu.

- Você é amigo da minha mãe?

- Na verdade... quero dizer... sim. – ele se embaraçou na resposta. – Tem algum problema?

- Não. Meu pai não sabe falar comigo direito como você.

- Fico feliz por ouvir isso...

- Rafaela. Mas pode me chamar de Rafa.

Jenna sorriu sem graça, mas só de observar seu chefe se comunicar com sua filha tão naturalmente que deixou seu coraçãozinho palpitando de orgulho, nenhum homem havia conversado com Rafaela daquele jeito até aquele dia.

- Eu chamava meu avô de Rafa.

- Seu avô era mulher?

Ele riu negando.

- Não. Ele se chamava Rafael, mas ele não era tão bonito assim que nem você. – ele tentou não deixá-la triste. – Agora é sua vez.

Rafaela sorriu e soltou da sua mão e correu para ir até o papai Noel onde sentou no colo e deu aceno aos dois. Jenna olhou-o e fez um bico.

- Não precisava de... tudo isso.

- Eu gosto de crianças. Minha irmã tem uma menina de dois anos e... agora vai ter um menino. – ele contou sem graça, encarou-a. – Você vai fazer alguma coisa depois daqui?

- Ah, nós vamos comer alguma coisa e depois ir embora. Por quê?

- Quer me ajudar comprar algo para... os meus sobrinhos?

Jenna franziu a sobrancelhas.

- Está falando sério?

- Sim. Eu não entendo disso, e como vou visitá-los quero levar alguma coisa, mas não sei o que comprar.

- Ah, entendi.

- Mas se não puder, vou entender perfeitamente.

Jenna balançou a cabeça.

- Eu até ajudaria, mas não sei se Rafa iria querer ter paciência para isso.

- Ah... Não precisa ficar sem graça. Eu entendo que não queira misturar as coisas, e pode ficar tranquila que isso aqui... – ele fez um gesto com a mão. – Ninguém vai ficar sabendo.

- Tem certeza? Não quero ser um alvo naquele lugar, já fui... já me dei mal por tanta coisa.

- Nem me fale. Vai me ajudar?

Jenna ia responder mais aí Rafa se aproximou sorrindo e pegando em sua mão.

- Vamos comer, mamãe? Eu estou com fome... – ela fez um gesto com a mão na barriga. – Quer ir com a gente moço?

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