...Presente de Natal...
...Capítulo 1...
Jenna abriu os olhos e tentou focar onde estava. Só então lembrou que havia saído na noite anterior para se divertir e conhecerá um cara bacana num bar e toda bêbada acabou indo para a casa dele. Não era para ter dormido fora de casa, mas estava passando por um momento difícil em sua vida que às vezes voltar para casa lhe dava angústia, ainda mais com uma mãe que vivia pegando no pé dela.
Ela tinha feito muita coisa errada na sua vida e tentava dar um rumo certo, o que estava sendo difícil para ela, já que tinha uma filha de seis anos. Desde que ficará solteira com uma criança, voltará para a casa da sua mãe e por mais que negasse passava seus dias num estresse e agora que estava desempregada novamente já fazia três meses que tinha saído do restaurante que estava trabalhando. Havia trabalhado por três anos naquele lugar e só por que havia feito algo muito ruim por lá, seu chefe a dispensou como tinha feito com a sua única amiga.
Suspirou e desanimada, levantou-se devagar e se vestiu para que o cara não acordasse. Pegou suas coisas e saiu dali sem se importar com nada. Não estava tendo um dia bom, e sabia que sua mãe iria falar um monte quando chegasse em casa.
Enquanto andava na rua, tentou ajeitar o seu cabelo e estava horrível com aquela roupa. Precisava ir para casa e tomar um banho urgente, pois tinha uma entrevista de emprego para as nove horas, e como já era quase sete horas daria tempo para chegar em casa e se arrumar, isso se sua mãe viesse falar na sua cabeça.
Faltavam duas semanas para o Natal e Londres estava encantadora com seus enfeites de Natal por todo lado. Mesmo não gostando muito daquela época do ano, sabia que sua mãe tinha o costume de querer que ela ficasse em casa ao invés de sair para curtir o dia. Sabia que era uma péssima mãe e não precisava que sua mãe ficasse falando isso o tempo todo na sua cabeça.
Assim que chegou em casa foi direto para o seu quarto sem que sua mãe percebesse, o que não deu muito certo. Estava para entrar no quarto quando foi pega.
- Aonde você estava Jenna?
- Eu saí para beber.
- Quando é que vai aprender que não deveria fazer essas coisas? Você tem uma filha de seis anos.
- Eu sei disso. – ela respondeu ríspida enquanto pegava roupas no guarda roupa. – E não precisa ficar me lembrando disso todos os dias.
- Não é o que parece.
Jenna encarou a mãe.
- Quer me ensinar como cuidar da minha filha?
- Jenna olha para você. Você está um lixo, está desempregada e vivi dormindo por aí com qualquer idiota e deixa a sua filha de lado. – Sua mãe esbravejou. – É esse exemplo que você dá há ela?
Jenna hesitou e negou.
- Não.
- Então pare de bancar a idiota e cresça. Aquela menina merece muito mais do que você vem fazendo. – Sua mãe disse. – E diz para aquele idiota do pai dela que a garota não vivi se ele não ajudar.
Jenna engoliu em seco ao ver sua mãe sair do seu quarto. Sabia que ela tinha toda razão, desde que havia se separado do pai de sua filha que vinha brigando com ele com a pensão, o que não era nada fácil. Seu estresse havia aumentado desde então, vivia numa briga consigo mesma. E mesmo que quisesse o melhor para Rafaela ainda estava com dificuldades para fazer aquilo.
Suspirou desanimada e entrou no banheiro, tomou um banho rápido e se arrumou. Não podia deixar de perder mais essa chance de encontrar um emprego, e torcia para que desse certo.
Assim que terminou de se arrumar olhou-se no espelho e viu que estava apresentável. Havia escolhido uma calça jeans, blusa básica e um casaquinho por cima, e deixaria o cabelo solto. Pegou o casaco cinza e o cachecol já que nevava um pouco lá fora e desceu. Encontrou sua mãe fazendo o café e Rafaela estava sentada tomando seu leite com bolachas.
- Bom dia meu amor. – ela se aproximou da menina e lhe deu um beijo na bochecha.
- Bom dia mamãe.
Jenna viu que sua mãe estava de cara feia para ela, então tratou de tomar apenas um café antes de sair dali.
- Mamãe vai a uma entrevista e quando voltar podemos sair para dar uma volta.
- Com esse tempo? – Sua mãe a repreendeu.
- Vou levá-la ao shopping.
- Quando vai aprender que ela tem problemas de bronquite.
Jenna suspirou.
- Será que dá para parar de ficar falando na minha cabeça?
- Só quero que você se ajeite na vida, Jenna.
- Ok.
Ela deu mais um beijo na filha e levantou-se pegando a bolsa.
- Depois a gente vai passear, querida.
Tentou ignorar a sua mãe, e simplesmente saiu. Não precisava de mais sermões, sabia muito bem que estava fazendo as coisas erradas e que precisava dar um jeito, mas não estava pronta para conversar naquele dia.
Pegou um ônibus, pois morava em Notting Hill e precisava chegar ao centro. Pelo que soube o local era novo e fazia pouco tempo que estava aberto e saber que tinha uma vaga já ficará toda feliz. Assim que desceu do ônibus, andou alguns quarteirões até chegar no local, deu uma olhada na frente antes de entrar.
Era um local simples, a fachada era rústica e mesmo não gostando de lugares rústicos, aquele lhe chamou atenção. Era uma cafeteria pequena, dentro tinha umas seis mesas, além do balcão que formava em L e estava movimentado pelo jeito, a parede principal estava toda desenhada em estilo meio rock com uma frase escrita “ Começar é o primeiro passo, não desistir é o segundo”.
Sorriu com a frase e se aproximou do balcão onde um homem estava atendendo uma cliente e esperou a mulher sair para se aproximar.
- Bom dia!
Ele levantou a cabeça e a encarou. Jenna ficou sem graça, era um homem muito bonito, cabelo castanhos claro, olhos verdes, um nariz perfeito e um boca ampla, o queixo quadrado mostrando uma atitude arrogante, ele usava um avental preto igual as outras duas moças.
- Bom dia, em que posso ajudar?
- Sou Jenna Wilson, vim para uma entrevista. Me ligaram ontem para mim aparecer aqui às nove horas.
Ele hesitou e sorriu.
- Claro. Só um minuto. – ele disse e chamou uma das moças. – Será que você pode ficar no meu lugar por favor?
- Sim, senhor.
Ele sorriu novamente pra ela e fez um gesto com a mão.
- Ok. Vamos lá...
Jenna mesmo toda confusa seguiu-o pela parte da porta que ele abriu, andou pelo corredor até dar para uma outra porta que ele abriu e pediu para que entrasse e aguardasse um pouco.
O lugar era pequeno, tinha uma escrivaninha com alguns equipamentos e um arquivo do lado, e uma prateleira com algumas coisas. Tudo muito neutro e simples.
Nervosa com a entrevista, aproveitou para tirar o casaco e o cachecol, afinal ali estava bem aconchegante para ficar com toda aquela roupa. Foi então que ouviu a porta abrir novamente e perceber que o homem que a atendeu antes estava ali de volta sem o... avental.
Agora pode vê-lo melhor, ele usava calça jeans e um suéter azul. Observou-o sentar-se e sorrir deixando-a sem graça.
- Então, srta. Wilson... Tudo bem?
Jenna franziu o cenho.
- Você é o... quero dizer estou bem.
- Deve estar se perguntando o que eu faço aqui, certo?
Ela assentiu.
- Sim, quero dizer não.
- Bem, liguei para você ontem marcando uma entrevista. Mas esqueci de dizer que tenho uma vaga, mas é temporário.
- Ah...
- Mas posso mudar de ideia se você for eficiente.
Ela sorriu.
- Bem, então vamos lá. – ele falou mexendo numa pasta e retirou uma folha e provavelmente era o seu currículo. – Aqui diz que você é solteira, certo?
- Sim.
- Filhos?
- Tenho uma filha.
Ele sorriu.
- Legal. Você nasceu aqui mesmo em Londres?
- Sim.
- Você tem disponibilidade para qualquer horário?
- Sim. No meu último emprego era meio rotativo.
- Trabalhou lá por três anos. Por que saiu de lá? – ele perguntou encarando-a.
Jenna nervosa começou a mexer em suas mãos e respondeu.
- Na verdade, eu fui dispensada.
- Ah... Gostava de trabalhar lá?
- Sim.
- Bem, isso é bom. Mas uma curiosidade, por que foi dispensada?
Jenna engoliu em seco.
- Fiz algo de errado.
- Acho que isso é normal nas pessoas. É muito bom errar, assim podemos aprender com isso, não acha?
- Claro.
- Então, tenho uma vaga por meio período. Preciso de alguém que saiba lidar com as pessoas e que seja responsável... Mas vejo que como mãe deva saber disso.
Ela assentiu, mesmo sabendo que estava mentindo.
- Ótimo. Só mais uma coisa, por que precisa desse emprego?
- Bem, eu tenho uma filha e preciso muito trabalhar para poder... dar o melhor para ela. – disse toda calma, acrescentou. – Sei que sou capaz de qualquer coisa e aprendo rápido.
Ele sorriu. Será que ele tinha ideia de como aquele sorriso era encantador.
- Ótimo. Foi muito bom falar com a senhorita, te ligo se... precisar.
- Ok.
Ele levantou-se e abriu a porta para ela, pegou seu casaco e o acompanhou e só então pôde sentir o cheiro da colônia dele. Confusa ainda com a entrevista rápida, e com aquele homem misterioso.
- Muito obrigado, srta. Wilson.
Ela sem saber o que dizer, apenas assentiu sorrindo e ao alcançar a porta encarou-o para dizer algo, mas decidiu que deveria ficar calada. Se perdesse aquele emprego, sua mãe a mataria com certeza.
Somente se despediu e saiu dali em passos firmes para que ele não reparasse que estava nervosa. Nunca tinha ficado nervosa em uma entrevista e muito menos na frente dos homens, afinal ela sempre fora um alvo fácil para aqueles tipos de caras.
Ela era bonita, mesmo depois de ter se tornado mãe, sabia que continuava atraente. Não deixará de se cuidar e mesmo não tendo muito tempo para estar em academias e salões de beleza como muitas por aí, ela fazia o possível de fazer tudo em casa. Malhava com sua filha do lado e ela mesma cuidava do próprio cabelo e pele, e mandava muito bem nisso.
Chegou em casa por volta das onze e como prometera a filha que a levou no shopping depois do almoço. Ainda bem que ela ainda tinha um pouco de dinheiro e deixou Rafaela brincar em alguns brinquedos que tinha por lá, comeram algum lanchinho por lá mesmo e voltaram para casa, no meio do caminho ela adormecera dentro do ônibus, desceu do ônibus com ela no colo, faltava pouco para chegar em casa quando o seu celular tocou.
Toda atrapalhada por estar carregando a menina no colo, conseguiu pegar o celular e atendeu toda ofegante.
- Alô.
- Srta. Wilson.
- Sim.
- Você fez a entrevista hoje cedo comigo e estou ligando para avisar que você pode estar vindo amanhã cedo para fazer um teste.
Jenna parou chocada e só então disse.
- É sério isso?
- Sim. Vou te dar um teste rápido e depois discutiremos o salário, pode ser?
- Claro.
- Ok. Então esteja aqui amanhã às seis.
- Obrigada.
Jenna desligou o celular e sorriu toda feliz. Deu um beijo em sua filha e sussurrou mesmo sabendo que estava dormindo.
- Mamãe arrumou um emprego... Vamos viver só eu e você.
Esse era o seu plano desde que havia sido mandada embora do restaurante. Estava de saco cheio de ouvir sua mãe falando na sua cabeça, sabia que não seria fácil ter que começar tudo do zero, porém, estava sentindo que tudo iria mudar dali para frente.
...Capítulo 2...
James Coleman sorriu ao colocar o fone do telefone de volta. Estava surpreso consigo mesmo por estar fazendo isso. Nunca imaginaria que iria fazer aquilo, gostava muito de ajudar as pessoas e todas as moças que contratava eram mães solteiras, mas havia algo naquela moça que entrevistara naquela manhã. Teria dito há ela de cara que estava contratada, mas não poderia demonstrar que já havia escolhido a assim de cara.
Tinha o costume de fazer aquilo, de olhar para as pessoas e ver o desespero no timbre da voz de que precisava de ajuda, todas as moças que contratavam para trabalhar, a maioria eram pessoas assim. Essa era a segunda cafeteria que abria ali em Londres. Seus pais tinham negócios na sua cidade natal e ele resolveu sair de lá para expandir para outros lugares e estava dando muito certo.
Havia feito faculdade de administração e desde que terminou sairá de Churchill na província de Manitoba, Canadá. Não era para ser um sempre, mas estava gostando de morar em Londres, a sua cidade natal era um lugar bom para se viver mas não para ele que gostava de viver aventuras por aí. Tinha vindo para Londres só para um passeio na casa de um amigo e acabou ficando por ali, até seu pai dar a ideia de expandir os negócios da família e achou a ideia ridícula no começo, porém, agora estava se dando bem. Afinal, ali era bem mais lucrativo do que na sua cidade, que só havia mil habitantes.
Seus pais viviam querendo que ele voltasse, mas depois pensavam bem e diziam para que ficasse por ali mesmo, já que sabia que se voltasse para Churchill seus pais iriam arrumar um casamento logo para ele, o que não estava a fim tão cedo.
Em seus trinta e um anos a palavra casamento estava fora de cogitação naquele momento, e mesmo assim sua mãe sempre que ligava perguntava se ele tinha uma namorada. À única vez que seus pais vieram lhe visitar foi quando ele inaugurou a sua primeira cafeteria, depois não vieram mais. Todo fim de ano ele visitava seus pais, uma semana antes do Natal só para que eles pudessem ficar contentes e por isso estava contratando mais uma funcionária para poder seguir tranquilo por três dias.
Só de lembrar de Jenna Wilson o fez pensar em como fazia tempo que não namorava. Estava sempre ocupado com o trabalho que não tinha tempo para sair e paquerar as mulheres londrinas, apesar de já se fazer seis anos que morava ali, sairá com poucas mulheres e nenhuma fez despertar o interesse de querer levar alguma coisa sério. Da última vez que sua mãe estivera ali quando ele havia inaugurado a cafeteria ele estava saindo com uma moça, mas meio que não deu certo e terminou dois meses depois e até hoje sua mãe pensava que ele ainda estava com ela, desde então vem mentindo no fim de ano que ela estava ocupada e não podia levá-la para Churchill.
No entanto, já desconfiava que sua mãe pensasse que estava mentindo e não querendo desfazer, deixando por assim. E mais um ano ele iria para lá com a mentira, logo teria que arrumar outra desculpa ou já estava na hora de dizer que não tinha namorada coisa nenhuma.
Jenna era muito bonita, magra, alta, talvez com um metro e setenta comparado ao dele, que era uns doze a mais que o dela. O cabelo encaracolado ruivo é que o deixou fascinado, e pode notar as sardas sobre o nariz pequeno e perfeito, a boca carnuda bem desenhada e tinha um belo sorriso.
Confuso com aquela pequena atração que sentiu ao colocar os olhos sobre Jenna e que o deixou para lá de desconfortável. Deveria começar a pensar que ela seria apenas mais uma funcionária e nada mais.
Olhou para o relógio de pulso e viu que já estava quase próximo de fechar, não costumava ficar muito tempo ali, pois como havia duas moças trabalhando e ele só ajudava quando precisava, afinal ele tinha mais uma loja daquela há algumas quadras dali.
James ajeitou suas coisas e saiu do escritório, ao se aproximar as moças já estavam ajeitando tudo ali e como era ele que fechava o caixa aproveitou para fazer isso enquanto elas arrumaram tudo antes de fechar.
Assim que terminou, esperou que elas fossem embora para poder fechar. E já eram quase seis e meia, provavelmente a outra loja também estava para fechar, ele decidirá que não ficaria com as lojas tão tarde, pois não servia-se refeições como outras cafeterias.
Fechou tudo e saiu, pegou seu carro que estava no estacionamento e foi para casa. Para sua sorte não morava tão longe dali, morava no bairro Pimlico é uma área residencial de luxo com ruas tranquilas repletas de casas imponentes do século 19. Seus muitos hotéis, além da proximidade da galeria Tate Britain e do elegante Chelsea, o tornam famoso entre os viajantes. Multidões no happy hour visitam restaurantes chiques e pubs antigos em torno da movimentada Vauxhall Bridge Road. O tranquilo St. George's Square Garden tem vista para o rio Tâmisa, e os corredores seguem o Thames Path à beira do rio.
Decidirá morar em uma casa ao invés de apartamento por dois motivos. Odiava lugares pequenos e gostava de animais, ainda mais ele que adotará um cachorro a dois anos atrás, só para não ficar sozinho.
James guardou o carro, tirou as chaves do bolso da calça e subiu pela pequena escada da frente da casa e entrou, foi recebido com um latido e um abraço do seu cachorro.
- Ei amigão.
Sorriu para o seu companheiro que ficou todo alegre e pulava ao seu redor, que com certeza estava com fome. Era um dálmata, estava muito bem treinado e quando podia dava algumas voltas pelo quarteirão para que ele pudesse se exercitar, o que era quase todo dia quando ele também estava disposto em correr um pouco.
Deu comida ao cachorro e foi para o andar de cima direto para o banheiro. Sua casa era um duplex simples, mas muito bem conversada e moderna, diferente dos outros que tinham ali. E claro que não pode negar, que comprará com um preço bem bacana, apesar de ter reformado ele nesse último ano.
Ao terminar de tomar banho, vestiu algo confortável e foi para a cozinha onde seu companheiro estava ali e tentou preparar algo para jantar. Era mesmo um homem solitário e uma rotina para lá de chata, mas o costume era tanto que nem se importava.
Depois de jantar, aproveitou para trabalhar um pouco no notebook, tinha algumas anotações que deixava para fazer quando estava em casa, já que passava a maior parte ajudando na cafeteria.
Era quase dez horas quando percebeu que deveria ir dormir. Chamou seu cachorro que dormia com ele, às vezes e trocou de roupa antes de deitar na cama.
Jenna acordou no dia seguinte e sorriu ao ver sua filha dormindo de lado. Rafa tinha o costume de dormir consigo às vezes e mesmo que ela chorasse um pouco gostava da companhia. Levantou-se devagar e foi ao banheiro tomar banho, precisava estar cedo lá para mostrar que era uma pessoa competente e pontual.
Assim que saiu do banho vestiu uma calça jeans, uma blusa básica e tênis, colocaria uma bota mas sabia que não poderia trabalhar tão produzida ainda mais no primeiro dia. Estava terminando de se arrumar quando viu sua garotinha levantar da cama e vim até ela toda sonolenta.
- Mamãe...
- Querida, volta para a cama. A mamãe vai trabalhar e você vai ficar com a vovó. – ela disse fazendo sinal com as mãos ao mesmo tempo.
- Eu não quero ficar com a vovó, ela grita muito.
Jenna sorriu, pegou-a no colo e levou-a para cama.
- Quando a mamãe estiver bem, vamos morar em outro lugar. – Jenna fez novamente os sinais.
Rafaela havia nascido com deficiência auditiva, mas conseguirá tratamento que a fizesse poder falar e usava o aparelho fonador, às vezes ela não entendia e tinha que usar a linguagem de sinais. Passará por muita coisas e o pai dela também não ajudava em praticamente nada, sua mãe a condenava por muitas coisas que havia feito, mas algo que não se arrependia nunca foi ter tido Rafaela.
- Então, volte a dormir. Quando a mamãe chegar eu deixo você ser minha cabeleireira, ok.
Rafaela sorriu concordando. Pois sabia que ela gostava de pentear o seu cabelo.
- Certo, estamos combinadas.
- Eu te amo, mamãe.
Jenna sorriu e deu um beijo nela.
- Eu também te amo, minha princesa.
Jenna se despediu da filha e pegou sua bolsa antes de sair. Sua mãe estava acabando de sair do quarto quando a viu.
- Aonde você vai tão cedo?
- Eu arrumei um emprego.
- E a Rafa?
- A senhora não vai trabalhar hoje, pode ficar com ela para mim, por favor.
- Jenna tem que arrumar alguém para ficar com ela.
- Eu sei. E vou dar um jeito nisso depois que eu passar no teste hoje.
- Então não é certo que está empregada?
- Mãe, não vou ficar aqui discutindo isso. Preciso estar lá cedo... então até mais tarde.
Jenna virou -se para ir embora, pode ouvir sua mãe resmungar e entrar no seu quarto. Se não corresse, iria perder o ônibus, e se perdesse esse ônibus chegaria atrasada o que não queria que acontecesse.
...Capítulo 3...
Assim que chegou lá, ficou nervosa ao se aproximar do local. Havia chegado dez minutos mais cedo e ficou surpresa por ver o local fechado ainda, deu uma olhada para dentro e estava ajeitando o casaco quando o reconheceu.
Seu futuro chefe era mesmo um cara bonito, naquele dia ele usava calça jeans, suéter vermelho e camisa branca por baixo, e mais um casaco por cima. Forçou um sorriso quando ele se aproximou sorrindo.
- Bom dia!
- Bom dia!
- Chegou faz tempo?
- Agora pouco.
- Vem, a gente entra pela porta dos fundos. – ele disse fazendo um gesto com a cabeça. – Abrimos às sete e meia, as outras moças chegaram às sete. Pedi para que viesse mais cedo para lhe mostrar as coisas.
- Ah claro.
Ele olhou-a de relance e abriu a porta do fundo, ao passarem por um portão. Seguiu-o sem dizer nada, mas estava muito nervosa e não soube por que estava assim. Ficar por quase uma hora com ele ali sozinhos e que a deixava nervosa.
Observou-o ir até uma porta e mostrou há ela onde ficava o estoque das coisas, depois mostrou a frente.
- Bem, então vamos começar. Quer um café?
- Ah...eu...
- Não precisa ficar acanhada. O café é por conta da casa. – ele disse ligando a cafeteira e pegando duas xícaras. – Sabe mexer em uma cafeteira?
- Claro.
- Mas essa é diferente. Ela é uma máquina expressa que faz latter art com o desenho que você quiser. – ele contou pegando um celular que estava ali do lado preso numa corrente. – Esse aparelho fica aqui... sempre. Temos vários modelos para as pessoas escolherem, e pode acreditar que tem um aqui que sai todo dia.
- Ah, legal. E qual é?
- Coração. – ele respondeu ficando sem graça. – Vou fazer um para você, e assim você já vê como que faz.
Jenna observou-o como que se preparava o café expresso e achou muito fácil, só de pensar que teria que fazer aquilo todo dia já a deixava aflita. Quando ficou pronto ele lhe deixou tomando o café, enquanto mostrava o resto das coisas. Lanches eram feitos na hora, e tudo ficava na cozinha onde uma moça cuidava das coisas, geralmente elas revezavam como ele contou.
- Qualquer dúvida você pode perguntar, srta. Wilson.
- Adorei o café.
- Que bom. Você vai ter meia hora de descanso por enquanto, então aproveita... isso. – ele disse olhando para ela. – E vai ter que prender o cabelo, ok.
- Claro.
- Vou pegar um avental para você. – ele falou já indo até o escritório, voltou em segundos e pegou-a olhando o painel. – Colocamos frases aí. Ideia da minha mãe isso.
Jenna sorriu.
- Interessante. É a primeira vez que vejo uma cafeteria colocar algo assim para os clientes.
- Minha mãe acha que isso motiva os clientes há voltarem sabendo que são bem vindos.
- Sua mãe deve ser uma pessoa sábia.
- É. Quer escolher uma frase?
Jenna olhou para o painel e negou com a cabeça.
- Hoje não. Estou sem ideia, agora.
- Ok.
- Posso te perguntar uma coisa?
- Claro.
- Eu não sei o seu nome.
- Ah, me desculpe. É James Coleman, acho que me esqueci de me apresentar. – ele falou, acrescentou em seguida. – Só não me chame de Sr. Coleman.
- Ok.
Jenna terminou o seu café e colocou o avental em seguida, seu chefe bonitão estava lhe mostrando algumas coisas na cozinha quando uma moça chegou dando um bom dia a ambos que responderam juntos.
- Melissa, está é a Jenna. Vai fazer um teste hoje aqui e mostre a ela como faz as coisas aqui na cozinha, por favor. – ele pediu, pegando no celular. – Quando a Debby chegar pedi para ela mostrar a parte da frente. Vou precisar ir na outra loja, mas volto logo.
Melissa assentiu e sorriu para ela assim que James saiu. Era uma moça mais encorpada, tinha olhos castanhos como o cabelo.
- Bem vinda ao Coleman café.
- Obrigada.
- O Sr. Coleman te ensinou a usar a máquina de café?
- Sim.
- Ele gosta de fazer isso. Servimos café gelado, o que é uma delícia. – Melissa contou. – Espero que goste daqui, ele é um ótimo chefe apesar de ser mais novo que eu.
- Sério?
- Não conta para ninguém, mas eu descobri que o Sr. Coleman tem trinta e um, e veio para Londres para fugir dos pais.
- Ah é mesmo.
Melissa sorriu e ia dizer mais algum coisa quando outra moça chegou. Foram apresentadas e era Harriet, magra, morena e tão jovem como ela.
Ambas lhe mostraram mais coisas, e como era muita coisa pra se aprender assim no primeiro dia, tentaria fazer as coisas com calma. À outra moça que chegou era a tal de Debby, ela que comandava a parte da frente, viu-a escrever a frase do dia e achei legal “ Não deixe pra amanhã nem o café e nem a atitude que você pode tomar hoje". Quando ela finalmente abriu, lhe ensinou conforme os clientes chegavam e meio que aprendeu rápido.
Como já estava acostumada com o corre, não teve problemas em servir as mesas e tratar bem os clientes. Seu novo chefe chegou por volta das dez horas, e ficou observando-a do caixa.
Achou interessante que muitas pessoas gostavam mesmo do coração no café, e dos croissant que serviam ali, lanches naturais, salgados e até bolo.
Estava terminando de limpar uma mesa quando Debby veio até ela dizendo que podia fazer um intervalo. Para sua sorte é que podia comer alguma coisa dali mesmo, sentou numa mesa pequena que tinha ali na cozinha e Melissa lhe deu um croissant e uma xícara de café simples, ficaram conversando enquanto Melissa não parou nenhum minuto.
Faltavam cinco minutos para voltar quando o seu celular tocou. Era sua mãe.
- Oi.
- Charlie veio buscar a Rafa, ele disse que você autorizou.
- Mãe... Você deixou ele levá-la? – ela suspirou e baixou a voz ao ver que Melissa estava escutando. – Eu não autorizei.
- Mas ele é o pai, então deixei que levasse.
- Nossa mãe, não sei por que me liga se era para me deixar estressada.
- Você que me estressa. Está mesmo trabalhando?
- Sim. Vou sair meio dia hoje.
- Ótimo, assim você pega e fique com ela.
Jenna engoliu em seco quando sua mãe desligou na sua cara. Aproveitou que tinha alguns minutos e mandou mensagem ao pai de sua filha e sem ver a resposta voltou ao trabalho.
Colocou o avental novamente e foi para a frente, viu seu chefe sentado em frente ao caixa conversando com a Debby, falavam sobre a frase do dia.
- Achei legal.
- Ótimo.
Ele falou e sorriu ao vê-la.
- Teve alguma dificuldade, Jenna?
- Não, senhor.
James fez careta, ia dizer alguma coisa mas ele foi interrompido pelo toque do celular dele. Ele simplesmente levantou-se e saiu indo pra o escritório.
- Está gostando daqui?
- Sim, bem diferente da onde trabalhei. – contou sem graça. – Trabalhava a noite num restaurante.
- Logo você vai conhecer a outra loja, às vezes uma de nós vamos para lá quando precisa. – Debby contou. – Lá da bem mais movimento.
- Por que ele fica mais aqui?
- Por ser loja nova. Eu estava lá, mas tive que vir para cá para ensinar as novatas. – Debby contou e uma cliente chegou, ambas atendeu e depois ela continuou. – Já estou aqui há três anos e meio. E não tenho intenção de sair daqui.
- Sério?
Debby sorriu.
- Quem quer sair daqui com um salário bom, um chefe charmoso e bonzinho.
- Ah, eu ia perguntar sobre o salário... – ela meio que sussurrou. – Eu... Não sei ainda.
- Já que ele conversa com você. Quer atender, por favor.
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