Entrámos numa sala no andar de baixo, onde estavam refasteladas belas mulheres em todas as superfícies estofadas. Espalhadas por entre os presentes havia pequenas zonas para as pessoas se sentarem, onde cadeiras baixas e divãs rodeavam mesas de apoio de tampos de vidro, com bases na forma de tigres de prata e ouro. Um quadro de raparigas asiáticas decorava cada área, elas próprias lembrando tigres estendidos sobre as rochas, na sua jaula no jardim zoológico. Possuíam cabelo brilhante que lhes caía pelas costas e estavam de ombros encostados, como se estivessem a amparar-se umas às outras. Ressaltavam contra um pano de fundo de estofos azul-escuros, cortinados verde-jade, um balcão de madeira escura e tapetes creme.
As mulheres eram de nacionalidades diferentes: tailandesas, filipinas, indonésias, malaias, talvez quarenta no total. Na outra ponta da sala, havia uma pista de dança, com uma bola de discoteca espelhada que projetava indolentes discos de luz sobre a cena. Todos os olhares se fixaram em nós quando entrámos na sala, exceto os de uma rapariga que, de olhos fechados, estava absorta num momento de abandono ao karaoke. Atrás dela, um ecrã enorme passava um vídeo de um homem e uma mulher a andar de carrossel, com enigmáticas palavras estrangeiras a aparecer no fundo a amarelo.
Uma mulher branca mal vestida, de testa larga e óculos de aros metálicos, avistou a Ari e veio, do lugar onde se encontrava junto ao bar, ao nosso encontro à porta. Era a Madge, a homóloga da Julie, a diretora de cruzeiros de O Barco do Amor. A Madge era uma inglesa que dirigia as festas, governava a casa e se certificava de que o príncipe Jefri se sentia permanentemente feliz e de que tudo corria conforme planeado. Usava telemóvel, nesse tempo ainda um objeto exótico, preso do lado do cinto, e um walkietalkie preso do outro.
Ari e a Madge cumprimentaram-se com um abraço afetuoso e trocaram algumas insidiosas cortesias antes de a Madge nos mostrar o nosso pequeno domínio. Ocupámos os lugares de honra, à frente da porta. Eu e a Destiny seguimos exemplo da Ari e da Serena, afundandonos nas almofadas fundas das cadeiras e pedindo flûtes de champanhe a um elemento do exército de criados a postos para receber os nossos pedidos. No Brunei, o consumo de álcool em público era proibido mas nas festas do príncipe fluía a rodos. Fui bebendo com uma certa inibição. Sentia que ninguém na sala falava senão de nós. As outras mulheres fixavam-nos e cochichavam, as suas palavras estrangeiras flutuando no ar e fundindo-se com os sons sintetizados de mau gosto da música pop asiática de karaoke.
A Ari e a Madge puseram em dia a conversa sobre Londres e um bando de pessoas cujos nomes eu ainda não conhecia. Depois, a Madge recebeu uma chamada e foi atendê-la no corredor enquanto a Ari aproveitava a oportunidade para nos dar instruções a respeito dos homens que estávamos em vias de conhecer, os membros da família real, ministros do governo, generais da Força Aérea e financeiros internacionais.
Os homens que estão com o príncipe são os amigos mais chegados dele. Não falem com eles a não ser que lhes dirijam palavra. Não mostrem a ninguém as solas dos sapatos; é um sinal de falta de educação nos países muçulmanos.
Enquanto ouvia explicações sobre a melhor maneira de posicionar os pés para não desrespeitar os costumes muçulmanos, pensei com irónico divertimento no que diria o rabino Kaplan se me pudesse ver. O pomposo rabino Kaplan, o cágado de lábios finos que tinha ficado ao meu lado enquanto eu cantava, distintamente e cheia de confiança, o meu haftorah. Eu era essa rara e antiquada criatura: a rapariga que levava a sério o seu bat mitzvah, a promissora estudante de Hebraico.
Isto só se tinha passado cinco anos antes. Como entrei tarde na puberdade, nem sequer tive de usar soutien debaixo do vestido. Ainda me recordava do peso do ponteiro de prata com que marcávamos o ponto em que íamos quando líamos do rolo da Tora, um tesouro escrito à mão em pergaminho. O pergaminho de pele de cabra tinha um ar quebradiço e oleoso, como a mais fina massa para empada estendida no balcão. De pé em cima da bimah, o rolo parecia reluzir à luz do alto vitral atrás de mim. Apetecia-me cheirar o papel, ver se cheirava a animal ou a óleo de cozinha ou a prata ou à verdade. Por qualquer razão, pensava que provavelmente cheirava a outono, a folhas húmidas no solo. Mas não podia ter a certeza porque me sentia demasiado inibida para baixar a cabeça e inalar a Tora diante do rabino.
De algum modo, acreditava que Deus estava naquele rolo, nos espaços entre as palavras. Deus vivia no espaço negativo, nos corredores silenciosos e abobadados do templo, entre o meu telhado e as nuvens, entre os ramos das árvores. Não questionava a existência de Deus porque o sentia. Deus era uma presença palpável, uma radiância atrás de mim. Falava constantemente com Deus, exceto quando estava deitada, tolhida de medo, na minha cama à noite. Porque, com a mesma certeza que tinha da presença de Deus durante o resto do tempo, sabia que Deus nesse momento não estava ali. Quando confrontada com os meus pesadelos, tinha de raciocinar depressa e começar a negociar com os monstros. Mas este tipo de negociação – acordos fechados, promessas feitas – dissolve-se com o alvorecer.
Tinha doze anos, e não treze, quando fiz o bat mitzvah. É permitida uma idade mais jovem, no caso das raparigas, especialmente as que fazem anos no verão e querem realizar a receção durante o ano letivo, quando as pessoas ainda não partiram de férias. Na época, na nossa cidade, o costume em voga era dar uma festa temática a seguir à cerimónia do bar ou do bat mitzvah: quanto mais chocante, melhor. Para celebrar este ritual sagrado de chegada à maioridade, esta simbólica travessia de um limiar, os meus colegas realizavam minicarnavais, bailes de fantasia e danças em que o traje de cerimónia era obrigatório. Um dos magnatas do setor imobiliário da cidade alugou o estádio dos Giants para a receção do filho a que compareceram membros dos Giants e cheerleaders da equipa de uniforme. Comemos cachorros-quentes kosher no restaurante do estádio enquanto uma fanfarra no campo soletrava GREG, o nome do miúdo cujo bar mitzvah era celebrado.
O tema da minha festa consistiu em espetáculos da Broadway. Cada mesa exibia um centro festivo em espuma e tecido representando um espetáculo diferente. O da minha mesa aludia a A Chorus Line. No átrio da sala de jantar, havia um posto de fotografia onde as pessoas podiam ter a sua foto impressa num cartaz de teatro. Para ser mais exata, chamava-se Jill’s Bill6 – uma peça de coleção hoje em dia, ao que ouvi dizer. Um tipo chamado RJ estava junto da entrada do restaurante a engolir fogo e a fazer malabarismo. Fizera parte do elenco original de Barnum, o que na altura achei que era a coisa mais fixe de sempre. Talvez eu tivesse reconhecido o mau augúrio se tivesse pensado por um momento que atuar em bat mitzvahs suburbanos não figurava à cabeça da lista de ambições pessoais do RJ.
A minha mãe trabalhou arduamente para fazer do meu bat mitzvah tudo o que eu podia desejar, desde o vestido com bolsinha e sapatos a condizer (desenhado por mim e ostentando montes de rosas de tecido e cristais Swarovski cor-de-rosa) até às flores, ao arco de balões, ao buffet de gelados e ao artista de circo que engolia fogo. Mas com a minha última dentada de bolo, foi como se tivesse também engolido um verme de dúvida que se alojaria na minha barriga e cresceria nos meses seguintes. Se Deus me tinha efetivamente levantado nos braços e transportado através do limiar que assinalava a minha entrada na idade adulta, esta sala que eu encontrava do outro lado seria dececionante? Uma sala cheia de um bando de pré-adolescentes mimados que, na sua maioria, não eram sequer meus amigos, usando lagostas de espuma na cabeça e dançando espasmodicamente ao som dos B-52?
Pouco depois, comecei a questionar a sabedoria de Deus. Não foram as cheerleaders dos Giants nem as lagostas de espuma. Não foi tão-pouco o Holocausto nem a fome em África que me afastaram de Deus. É possível que tivesse tido a ver com o instrutor de tiro ao arco que conheci nesse verão num campo de férias e por quem me apaixonei, o instrutor que estava de acordo com Deus a respeito do conceito do bat mitzvah: pensava ele que as raparigas de doze anos eram todas crescidas. Poderá ter sido o facto de, quando o nosso romancezinho foi denunciado e fomos arrastados para uma sala onde tivemos de confrontar o diretor do campo e todos os outros instrutores, com os meus pais do outro lado do telefone, ninguém ter saltado em minha defesa. Nem o meu pai, nem ninguém.
Antes dessa experiência, sentira várias vezes o género de solidão que resulta da suspeita de que não só somos geneticamente diferentes das pessoas à nossa volta, mas diferentes no âmago da nossa alma. Eu era uma princesa de outro reino, abandonada na soleira de uma porta por uma mãe que não queria saber de mim porque o feitiço de uma bruxa má a tinha transformado num cisne. Mas depois de o Nathan ser despedido, mergulhei numa solidão diferente. Sentia-me só e envergonhada de mim mesma. A bruxa não era culpada que eu tivesse degenerado numa pessoa que não inspirava amor aos meus pais ou a Deus ou a quem quer que fosse – exceto a um tipo nove anos mais velho do que eu. A culpa era exclusivamente minha.
Não foi propriamente uma relação de causa e efeito que me levou a deixar de acreditar em Deus; foi mais uma acumulação de provas. Comecei por deixar de falar com Deus e acabei por simplesmente me esquecer dele. Depois ingressei no liceu e descobri que muitas pessoas concordavam comigo a respeito da não existência de Deus. O meu alívio foi tremendo.
E assim ali estava no Brunei, já não crente no Deus judaico, mas na influência perniciosa de toda a religião organizada, e contudo sentindo-me de repente profundamente judia.
Não deixem que a vossa cabeça fique acima da do Robin. Se tiverem de passar à frente dele, quando está sentado, baixem a cabeça – continuou a Ari.
Baixamos a cabeça, como?
Vão ver.
Tive um déjà-vu de O Rei e Eu.
Quando me sento, tu sentas-te. Quando me ajoelho, tu ajoelhas-te. etc, etc, etc......
Cuidado com o que dizem. Quando pensam que ninguém pode ouvir, pode. Quando pensam que ninguém pode ver, pode.
O que ela queria dizer era que havia vigilância em toda a parte no Brunei, incluindo as casas de banho; daí a profusão de espelhos. Era uma fonte constante de especulação e paranoia entre as raparigas. Afinal, não era exatamente O Rei e Eu.
Uma mulher filipina com ar de fastio levantou-se de um divã do outro lado da sala e dirigiu-se para nós, parando aqui e ali de ambos os lados do percurso para trocar algumas palavras com outras mulheres. Parecia ser a única mulher na sala que quebrava as barreiras invisíveis que separavam uma zona de raparigas da outra. Era um pouco mais velha do que a média de idades na sala e tinha quase um ar de matrona, com um vestido preto de gola alta e brincos de gotas de diamante. Apresentou-se com um vago sotaque britânico.
Sou a Fiona. Bem-vindas ao Brunei.
A Serena levantou-se e beijou-a em ambas as faces. Pareciam excitadas por se encontrarem, cumprimentando-se como velhas amigas e pondo-se a par dos últimos mexericos.
Depois de a Fiona sair, a Serena disse: – Pelo que vejo, ela ainda não rapou o bigode.
A Fiona era a inimiga figadal da Serena e seria, em breve, a minha maior aliada.
No espaço de meia hora, arrependi-me do vestuário que tinha escolhido. Tinha posto o meu pequeno saia-casaco preto e sentia-me demasiado formal comparada com a Serena com o seu sedutor vestido solto e a sua banana à Grace Kelly. Mexime desconfortavelmente e retesei os músculos das coxas para não começar a deslizar dos estofos escorregadios.
Abruptamente, a música de karaoke parou e as luzes diminuíram no momento em que o DJ mudava de chapéu e se posicionava diante de um teclado. Os lânguidos adornos dos divãs passaram de relaxados pontos de interrogação a pontos de exclamação. Cruzaram atrativamente as pernas quando uma mulher tomou o seu lugar ao lado do teclista. Começou a cantar «All Around the World», de Lisa Stansfield.
Senti-o chegar antes de ele entrar na sala. O príncipe Jefri apareceu, nessa noite, de calções e com um casaco desportivo brilhante Sergio Tacchini. Trazia uma raqueta de squash como se tivesse acabado de jogar uma partida. Quando surgiu, todas as raparigas se iluminaram com determinação. As fotografias não tinham mentido. Em pessoa, ele era atraente, apesar do seu penteado em ondas volumosas, fora de moda, à ator pornográfico, e do bigode fino. Projetava na sala uma onda de carisma. Era quase visível, como calor a irradiar do asfalto num dia de verão. Atrás dele vinham uns dez homens vestidos de maneira semelhante. Toda a comitiva estacou quando ele se deteve para passar de relance os olhos pela sala.
Os seus olhos pousaram em nós, mais concretamente na Serena. Fez uma expressão de falsa surpresa e em seguida aproximou-se para dar à Serena e à Ari um rápido beijo na cara. De perto, o príncipe parecia extremamente tenso, os músculos tonificados enrolados em torno dos ossos, sob a pele esticada que unia tudo. Cheirava a um excesso de água-de-colónia cara. Sentou-se ao de leve no braço da cadeira da Ari. Que é que a Ari tinha que parecia tão deslocado? Desengraçada não era exatamente a palavra certa para a descrever. Era mais como um morango autêntico numa sala cheia de Pop-Tarts de morango.
Quando a Ari nos apresentou ao Robin, ele saudou-nos com um sorriso ensaiado, logo nos ignorando e virando-se para a Serena. Esta transformou-se num estudo de gestos coquetes e relances sensuais: queixo baixo, olhos levantados para ele, risadinhas e sacudidelas com a cabeça, ligeiro ajeitar da saia, delicados sinais com as mãos. Arrumou comigo. Eu era muitas coisas mas, ai de mim, delicada nunca fui.
Enquanto conversavam, o príncipe observava a Serena com algo que parecia fascínio até que qualquer coisa do outro lado da sala lhe chamou a atenção. Vi os seus olhos mover-se, desviando a atenção dela. Acenou com a cabeça mais algumas vezes e deu-lhe uma palmadinha familiar na perna antes de se afastar.
Depois de o príncipe se dirigir à próxima mesa, o Eddie, o adulador braço direito do príncipe, como que se teletransportou para a cadeira ao meu lado. O Eddie era assim furtivo; nunca se dava pela aproximação dele. Era demasiado obsequioso para o meu gosto, perguntando se precisávamos de alguma coisa com olhos protuberantes que pareciam prestes a saltar-lhe das órbitas e aterrar na plataforma dos seios da Destiny. Devíamos «entreter» os amigos do príncipe? Era essa a nossa função? Não sei por que razão isto constituía uma deceção tão grande. Eu não era assim tão exigente quando se tratava dos clientes do Crown Club. Eram higiénicos? Tinham dinheiro? Eram relativamente normais ou, pelo menos, não eram homicidas? Os critérios eram estes. Mas, a dado ponto do percurso, na minha cabeça tinha-me tornado amante de um príncipe.
Mas o Eddie não tardou a desaparecer. Mais dois homens, chamados Dan e Winston, aproximaram-se e cumprimentaram-nos. Pareciam dar-se bem com a Serena e a Ari e não me causaram arrepios como o Eddie, mas também não se demoraram muito por ali.
Havia um trio talentoso de cantoras que se revezava de vez em quando e cantava um medley foleiro de canções pop malaias e americanas. As canções americanas eram do género das que são tocadas em supermercados, do género que faz chorar quando se anda a comprar cereais Cap’n Crunch e tampões às duas da manhã numa noite solitária.
No fim da noite, tive de beliscar as coxas para obrigar as pálpebras a manterem-se abertas. Tinha a sensação de estar numa aula de Matemática, numa sala superlotada, a fazer estalar um elástico no pulso para não adormecer. O príncipe acabou sentado numa cadeira junto da parede, ao lado da Fiona. Do outro lado estava uma cadeira vazia e, embora muitas pessoas se inclinassem para falar com ele, ninguém se sentou nela. O resto dos homens ia convivendo e bebendo com as raparigas asiáticas. Alguns passavam o braço pelos ombros de uma delas ou davam-lhe a mão. Tirando as breves visitas no início da festa, todos nos ignoraram. Pensei se se esperaria que eu fizesse mais do que estar sentada a beber champanhe, mas sentia-me demasiado cansada para perguntar.
A uma dada hora escandalosamente tardia, as luzes diminuíram ainda mais e uma música de dança, já com dois anos, rompeu em altos berros das colunas de som. A pista de dança encheu-se imediatamente de raparigas, mas os homens permaneceram sentados a observar. Eu estava perra de estar sentada e sentia-me como uma lapa na cadeira e, como tal, quando a Destiny me pegou na mão para me levar para a pista de dança, não protestei.
O único trajeto para a pista de dança era um caminho estreito que passava à frente da cadeira do príncipe. Eu tinha estado toda a noite a observar as vénias das mulheres que passavam diante dele. Era a minha oportunidade de praticar. Imitei as outras, caminhando com um ligeiro arrastar dos pés e dobrando-me pela cintura, com a cabeça inclinada. Deu-me vontade de rir. Quase esperei que ele desatasse a cantar «‘Tis a puzzlement!» à Yul Brynner, mas ele ignorou-nos. Senti o olhar dele escaldante sobre mim ao passar e corei. Teria sido a vénia em si que me enchera subitamente de timidez?
A Destiny manteve as costas provocantemente aprumadas e puxou por mim.
Sou americana, foda-se – disse ela quando já não podíamos ser ouvidas pelo Robin. – Tenho muita pena mas não faço vénias.
Quando chegámos à pista de dança, a Destiny entrou num desvario, o que deliciou as dançarinas e os observadores em igual medida. Eu via o príncipe a observar, por entre o mar de mulheres, com a cabeça inclinada na direção da Fiona que lhe estava a sussurrar ao ouvido. Os olhos na sala estavam todos pousados na Destiny, exceto os do Robin. Este estava decididamente a olhar para mim. Fui acometida desse pico de tensão que se experimenta quando se é observada, do género que torna a luz de uma lâmpada um pouco mais brilhante. As pessoas verdadeiramente belas do mundo devem viver a vida inebriadas com esta sensação. Desviei os olhos mas os meus pés estavam mais firmes no chão e as minhas ancas meneavam-se na perfeição com a linha do baixo.
Ao fim de uma hora de dança, o Robin levantou-se. Todos os homens pressentiram este movimento, como que graças a um sexto sentido, e puseram-se de pé de um salto uma fração de segundo mais tarde. Ele apertou a mão a dois deles, saindo então da sala com o Eddie no encalço. Assim que começou a subir as escadas e desapareceu de vista, a música foi cortada e as luzes acenderam-se. Os convidados da festa juntaram-se num grupo ao pé da porta onde a Madge estava plantada à frente das pessoas, com a mão no walkie-talkie como se fosse uma pistoleira e o aparelho o seu revólver. Uns minutos depois, uma voz estalada e ininteligível saiu da sua anca e ela tirou o walkie-talkie do cinto e agradeceu a quem tinha falado antes de se afastar para o lado. Toda a gente saiu com um ar exausto. Até os homens pareciam strippers a fazer as contas do fim da noite, pessoas completamente diferentes do que eram meia hora antes.
De que estávamos à espera? – perguntei à Ari quando nos dirigíamos para os carros de golfe.
Esperamos que ele saia do edifício, para o caso de mudar de ideias e querer voltar.
Nunca, nem uma vez, ele voltou depois de se ir embora. Gostava simplesmente de saber que as pessoas continuavam à espera.
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Atualizado até capítulo 30
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