Capítulo 12

Depois um silêncio surgiu, o doutor ainda sentia a adrenalina em suas veias. O silêncio da sala de recuperação foi quebrado pela porta que se abriu. Um leve ranger fez o Dr. Hyunwoo virar a cabeça, tentando focar a visão. Para sua surpresa, quem entrava era o capitão Steve, como sempre impecavelmente fardado, sua presença imponente preenchendo o espaço.

Ele caminhou até a cama de Hyunwoo com passos firmes, mas com uma expressão diferente do habitual. Havia preocupação nos olhos de quem costumava manter a compostura em qualquer situação.

— Soube que acordou, então vim aqui. Como está se sentindo? — perguntou Steve, sua voz mais suave do que o esperado.

— Estou bem, obrigado pela preocupação!

— respondeu com um sorriso fraco, os lábios secos e a garganta arranhando.

Steve assentiu, mas seu olhar era grave. Ele sabia que aquilo era apenas o começo de algo maior.

— Que bom que está bem! Agradeço por tudo que fez. — se referiu a cirurgia.

Steve olhou diretamente nos olhos de Hyunwoo, observando a firmeza em suas palavras. Ele sempre admirou a serenidade do doutor diante do perigo, mas agora a situação parecia muito mais complicada do que qualquer um poderia imaginar.

— Quando aceitei esse trabalho, estive ciente que poderia acontecer muitos fatores. Compreendo o risco e ainda tenho interesse em ficar aqui. A minha profissão é perigosa e, apesar de algumas reações, estou acostumado a frequentar situações perigosas — disse Hyunwoo com convicção.

Steve respirou fundo, quase aliviado, mas ainda havia um peso em suas palavras.

— Eu admiro sua coragem, Dr. Hyunwoo, de verdade. Mas preciso que entenda o que está em jogo. A ameaça que enfrentamos agora não é algo comum, não são apenas criminosos ou terroristas. Esse inimigo tem recursos, influência, e é capaz de fazer tudo que pode imaginar. — Ele hesitou por um momento, avaliando o quanto poderia revelar. — O que aconteceu na perseguição foi apenas o começo. Eles não vão parar.

Hyunwoo manteve seu olhar firme, ouvindo atentamente, mas sem qualquer traço de hesitação.

Steve ficou em silêncio por um momento, digerindo as palavras de Hyunwoo. Levantou um pouco as sobrancelhas, surpreso. Em sua carreira, estava acostumado a lidar com soldados treinados para enfrentar o perigo, homens e mulheres que entendiam os riscos do campo de batalha. Mas ali estava Hyunwoo, um doutor, sem qualquer formação militar, demonstrando uma coragem e determinação que ele raramente via, mesmo entre seus melhores oficiais.

— Você é um homem corajoso, Hyunwoo.

— disse Steve, cruzando os braços e inclinando levemente a cabeça, avaliando o doutor com novos olhos.

— A coragem vem da necessidade de proteger o que importa — respondeu calmamente.

Steve por um tempo ficou sem palavras. A resposta de Hyunwoo o deixou sem reação fazendo perder por alguns segundos a capacidade de pensar em alguma palavra para dizer.

— Compreendo. Obrigado por ter me escutado! Deixarei descansar. — saiu da sala.

Steve saiu da sala em silêncio, os passos ecoando pelo corredor. Ao fechar a porta atrás de si, ele respirou fundo, refletindo sobre o encontro. Algo havia mudado dentro dele, uma nova compreensão, não apenas sobre Hyunwoo, mas sobre o que estava por vir. Naquele momento, Steve sabia que enfrentariam algo muito maior do que imaginava, mas, de algum modo, sentia que ter o doutor ao lado, com aquela coragem silenciosa, fazia toda a diferença.

Do lado de fora da sala, Steve caminhava pelos corredores do hospital, imerso em seus pensamentos. As palavras de Hyunwoo ainda ecoavam em sua mente: "A coragem vem da necessidade de proteger o que importa." Ele nunca havia refletido sobre isso dessa forma antes. Para ele, a coragem sempre estivera ligada a treinamento, disciplina e a capacidade de manter a cabeça fria em meio ao caos. Mas a simplicidade daquela frase o atingiu em cheio, forçando-o a reconsiderar o que sabia sobre força e determinação.

Ao chegar à sala de observação, ele parou. Ower e Artur estavam sentados ali, conversando em voz baixa. Ao vê-lo entrar, os dois homens silenciaram e se levantaram, as expressões carregadas de expectativa.

— E então? — perguntou Ower, curioso.

— Como ele está?

Steve hesitou por um momento antes de responder, ainda processando o que acabara de acontecer.

— Hyunwoo... está bem. Acredito que determinado a continuar — disse, sua voz ainda carregando um leve tom de surpresa.

Artur franziu a testa, visivelmente preocupado.

— Hyunwoo, não desiste fácil. Já esperava essa resposta, também ficarei, assim posso cuidar dele.

— falou Artur.

— Isso é arriscado, Steve. Ele não é um soldado. Se isso escalar como parece que vai... Será perigoso demais para eles. — falou Ower.

Steve assentiu, mas não havia espaço para dúvidas agora. Ele já sabia que Hyunwoo não voltaria atrás, e, por mais que quisesse protegê-lo, também reconhecia que não podia privá-lo da chance de lutar pelo que acreditava.

— Eu sei, Ower. Mas a decisão é dele. Acabei de concluir que ele tem mais coragem do que muitos que já vi por aí.

Ower, que ouvia em silêncio, finalmente falou, cruzando os braços com um leve sorriso.

— Então parece que temos doutores que se tornou parte da equipe, hein? Nunca pensei que veria isso.

— Ele olhou para Steve, um pouco mais sério agora. — Qual é o próximo passo, capitão?

Steve olhou pela janela, observando o céu nublado, uma tempestade se formando no horizonte. O que eles enfrentariam a seguir era incerto, mas uma coisa era clara: estavam todos no mesmo barco agora, e o perigo crescia a cada minuto.

— O próximo passo — começou Steve, com um tom grave — é nos prepararmos. Vamos reunir a equipe, armar o plano e descobrir qual é o objetivo por trás do Mateo. Não podemos falhar.

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