Capítulo 5

Steve apitou. — Façam o mesmo circuito de antes.

— se referiu aos soldados.

Hyunwoo foi despertado pelo som de vozes e passos firmes vindos de fora. O campo militar estava agitado desde cedo, e ele sabia que aquele seria mais um dia movimentado. Com um bocejo longo, calçou as pantufas e esticou os braços, sentindo os músculos ainda preguiçosos da noite de sono.

— Wow, os soldados já estão treinando?

— murmurou para si mesmo, surpreso com o ritmo incansável do lugar.

Levantou-se da cama e, com passos leves, foi até o lado onde seu amigo Artur dormia, enrolado nos cobertores. Balançou o ombro do amigo com cuidado.

— Artur, acorde! Daqui a pouco teremos que atender os soldados — avisou, tentando ser paciente.

— Só mais um pouquinho... — respondeu Artur, ainda meio dormindo, com a voz abafada pelo travesseiro.

Hyunwoo suspirou, cruzando os braços.

— Não esqueça que estamos em uma área militar, tudo pode acontecer. Pare de moleza! — alertou, embora soubesse que Artur sempre relutava em sair da cama.

Enquanto o amigo continuava a se virar preguiçosamente, Hyunwoo caminhou até a pequena cozinha do alojamento, abrindo a geladeira e pegando uma caixa de leite. Começou a se preparar para o dia, os ouvidos sempre atentos ao som do treinamento que se intensificava do lado de fora. Os gritos de comando e o barulho de botas pesadas ecoavam pela área.

Alguns minutos depois, enquanto ele tomava o primeiro gole de leite, dois toques firmes e rápidos soaram na porta, fazendo com que Artur pulasse da cama em um sobressalto.

— O quê? O quê foi isso? — exclamou Artur, os olhos arregalados e a mente ainda confusa.

Hyunwoo riu baixinho, mas logo se aproximou da porta, olhando para o amigo de soslaio.

— Não disse para você? — sussurrou, divertindo-se com a situação. — Sempre precisamos estar prontos. Agora vai, levanta!

Artur esfregou os olhos, ainda meio sonolento, mas sabia que Hyunwoo tinha razão. Estavam no meio de uma zona militar e qualquer minuto de distração poderia custar caro. Ele saltou da cama, já procurando a roupa, enquanto Hyunwoo abria a porta, preparado para o que quer que o dia trouxesse.

Hyunwoo passou a mão rapidamente pelo cabelo, um gesto automático de quem sempre estava preparado para qualquer situação. Ele já sabia que, em uma área militar, estar alerta era regra, não exceção. Ao abrir a porta, deu de cara com o comandante, que o saudou com um sorriso formal, mas amigável.

— Bom dia, Dr. Hyunwoo! — disse o comandante com uma voz firme, mas educada. — O tenente gostaria de conversar com você e o Dr. Artur. Poderia comparecer?

Hyunwoo, sempre calmo, respondeu com um leve aceno de cabeça.

— Bom dia! Claro, podemos sim. Poderia aguardar um minuto? — pediu educadamente, enquanto lançava um olhar rápido para Artur, que ainda estava às voltas com sua roupa.

O comandante assentiu, mantendo sua postura rígida.

— Sim, sem problemas. Estarei esperando aqui fora.

Com isso, Hyunwoo fechou a porta por um momento, virando-se para Artur, que agora, mais acordado, lutava para botar as calças no lugar e prender os últimos botões da camisa.

— Anda logo, Artur — Hyunwoo brincou, um sorriso de canto de boca. — O tenente quer falar com a gente.

Artur, ainda um pouco atrapalhado, resmungou baixinho, mas não perdeu o senso de urgência. Sabia que, em um ambiente como aquele, não se podia perder tempo.

Hyunwoo, por sua vez, estava tranquilo. Ele sempre tinha o hábito de se preparar antes de qualquer imprevisto, e isso o deixava confiante. Já acostumado com o ritmo acelerado do campo militar, ele sabia que cada minuto contava.

— Vou abrir a porta, Artur. 3… 2… — Hyunwoo contava em tom de brincadeira, segurando com todas as forças uma risada enquanto cobria a boca com a mão.

Artur, ainda se apressando para ajustar o uniforme, mostrou o dedo do meio para o amigo, irritado, mas sem perder o humor. Hyunwoo, agora mais sério, abriu a porta e ambos seguiram o comandante pelo corredor do alojamento.

Enquanto caminhavam em silêncio, apenas o som das botas ecoando nos corredores, Artur começou a demonstrar sua típica preocupação, sussurrando para Hyunwoo:

— Será que o comandante chamou a gente para demitir? Não queria ser demitido… Só comi a comida da geladeira escondido, não pensei que fosse grave.

Hyunwoo olhou de canto de olho, tentando não rir de novo, mas não conseguindo evitar o sorriso. Respondeu baixinho.

— Deve ter acontecido algo importante. Mas, espera aí… por que você estava comendo comida escondido? Não é mais fácil pedir? — Hyunwoo balançou a cabeça, fingindo reprovação, mas claramente se divertindo com a situação.

— Eu tava com fome de madrugada! Não dava pra pedir nada... — Artur sussurrou de volta, ligeiramente envergonhado, mas tentando se justificar.

Hyunwoo apenas riu de leve, sabendo que o amigo sempre acabava se metendo em pequenas confusões, mesmo que de forma inocente. Enquanto isso, o comandante mantinha seu ritmo de marcha, completamente alheio à conversa paralela dos dois médicos. O ar à volta deles parecia ficar mais tenso à medida que se aproximavam da sala do tenente, onde descobririam o motivo da convocação.

O comandante abriu a porta com precisão militar e deu espaço para que Hyunwoo e Artur entrassem na sala. Ao cruzar o limiar, Hyunwoo não pôde deixar de observar o ambiente ao redor: um lugar luxuoso e bem decorado, completamente diferente do resto do alojamento espartano que estavam acostumados. Artur, por sua vez, olhou com admiração disfarçada, claramente impressionado.

Ao centro, estava o tenente, sentado atrás de uma grande mesa de madeira escura. Assim que os médicos entraram, ele os saudou com uma expressão séria, mas cordial.

— Bom dia, senhores! — a voz firme do tenente ecoou pela sala. — Sentem-se, por favor.

Hyunwoo e Artur obedeceram rapidamente, sentando-se lado a lado nas cadeiras dispostas em frente à mesa. O silêncio era pesado, e os dois médicos trocavam olhares breves, curiosos sobre o motivo do chamado tão cedo.

— Vou ser bem direto. — continuou o tenente, cruzando as mãos sobre a mesa. — Em primeiro lugar, peço desculpa por chamá-los a essa hora, mas é uma questão urgente. Em segundo lugar, gostaria de fazer um pedido.

Os dois médicos permaneceram atentos, esperando pelas próximas palavras. O tom do tenente indicava que o assunto era sério.

— Durante uma conversa recente, ficou claro que estamos precisando de dois médicos qualificados para ajudar a Flórida. A situação lá é complicada, e a necessidade de suporte médico é urgente. Me recomendaram vocês.

Artur e Hyunwoo se entreolharam. O comentário de Artur sobre ser demitido agora parecia ainda mais ridículo. Era o oposto: estavam sendo requisitados para uma missão importante.

— Sei que é uma tarefa difícil — continuou o tenente, notando o leve espanto nos rostos dos dois. — Mas estamos confiando nas suas habilidades. Há muito em jogo. Podem contar conosco para o que precisarem, mas a decisão final é de vocês.

Hyunwoo respirou fundo, absorvendo o peso do pedido. Já imaginava que algo sério estava por vir, mas uma missão médica em uma zona de crise era algo de outra magnitude. Artur, apesar de geralmente mais descontraído, parecia igualmente preocupado, mas havia uma chama de determinação nos olhos de ambos.

Hyunwoo finalmente quebrou o silêncio.

— Entendemos a seriedade da situação, senhor. Podemos discutir os detalhes da situação?

O tenente assentiu enquanto o comandante complementava a explicação.

— As pessoas são de renda baixa, e a situação no local é bem complicada. Devido à falta de recursos e suporte médico adequado, muitas delas estão precisando de atendimento urgente — explicou o comandante, com um tom de preocupação evidente em sua voz.

Hyunwoo franziu o cenho, absorvendo cada palavra. Ele já tinha lidado com situações difíceis antes, mas algo na maneira como o comandante descreveu o local indicava que a situação era mais grave do que ele havia imaginado. Artur, ao seu lado, ouviu em silêncio, agora completamente atento, a expressão séria substituindo a habitual descontração.

— A falta de infraestrutura tem dificultado o trabalho das equipes que estão lá.

— continuou o comandante. — A construção de uma torre está em andamento, o que deveria ajudar a estabilizar a área, mas até que seja finalizada, precisamos de uma equipe médica experiente para lidar com o que vier. E é por isso que vocês são tão importantes para essa missão.

Hyunwoo respirou fundo, ponderando a situação. Ele sabia que, apesar dos desafios, era exatamente esse tipo de trabalho que ele e Artur se prepararam para fazer. Oferecer ajuda onde era mais necessário, mesmo nas condições mais adversas. Ele olhou para Artur, que pareceu entender o que se passava na cabeça do amigo.

— Isso vai ser difícil, mas estamos preparados — respondeu Hyunwoo calmamente, quebrando o silêncio. — Nós aceitamos. Vamos dar o nosso melhor para apoiar as pessoas de lá.

O comandante sorriu de forma discreta, mas satisfeito com a resposta.

— Sabia que podia contar com vocês. A missão começa em breve. Preparem-se, e mais detalhes serão dados assim que possível. Obrigado pela disposição, senhores.

Artur deu um suspiro aliviado, e Hyunwoo apenas assentiu, ciente da responsabilidade que estavam prestes a assumir. Mesmo em meio a tantas dificuldades, os dois sabiam que fariam a diferença.

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