De volta ao colégio

Respirei fundo quando o motorista estacionou.

De volta ao inferno.

Acredito que ninguém nesta escola lamenta mais às voltas às aulas do que eu. – Mais um ano para que eu finalmente me forme, e com sorte, apenas mais uns meses para voltar ao Tennesse.

Estou contando os minutos.

- Senhorita Puente. -  diz educadamente Eddie meu motorista. Eddie é um dos senhores estátuas, como Train e eu costumamos chamar os seguranças e motoristas particulares de papai. E apesar da idade, e dos anos de serviços que eles, às Estátuas de papai, prestam, nada além de “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, “Senhorita Puente” ou “Ordens do Senhor Puente, senhorita” sai de suas bocas.

Tédio puro.

- Eddie, pode mandar levarem minha mala para meu dormitório? Ou levar pessoalmente. Não vou conseguir sozinha... – pedi

- Sem problemas.

Agradeci com um sorriso me dirigindo para o pátio central, deveria ter anotado em uma lista o que tinha que fazer assim que chegasse aqui. A única coisa que se passa na minha cabeça e sobre correr para pegar meu armário.

  Quem não chora, não mama não é mesmo?

- Anahi.... – Cantou Izabel, certamente a pessoa que mais odeia minha existência que tudo no mundo. E, é claro, a mais queridinha da escola.  Líder de torcida e namorada do capitão de futebol.  clichê.  Seria ridículo se o capitão não fosse Alfonso Herrera. Porque  ridículo é algo que ele está longe de ser.... – A aleijadinha voltou por fim. Achei que seu pai fosse te mandar de volta pro chiqueiro da onde você saiu. Ficou com pena? – riu

Ah sim, agradecemos a Bruna minha “Irmã do coração” por Izabel me odiar tanto. Têm  dois anos desde que cheguei ao México e iniciei os estudos no Elite Way, contei a ela sobre minha paquera por Alfonso. E como ela me ama apaixonadamente não pensou duas vezes para contar a Izabel, sua amiga e claro, colega de trabalho. – Ambas trabalham como editoras em uma revista de moda cujo papai e o Senhor Cooler’s, pai de Izabel, são sócios.

Perfeito, não é ?

E  a verdade é que, retrucar não me somaria em nada. Izabel é simplesmente perfeita, todos à amam, todos à idolatram. Uma briga com ela só ia ocasionar algo que eu mais tento evitar: Chamar a atenção. Já basta a perna manca, não preciso das legiões de fantoches da Izabel no meu pé.  Então eu ignoro.

-  Meow! – ironizou – o gato comeu sua língua? Acho que deveria pedir ela de volta, Any querida. – conferindo minha grade semanal, fechei o armário com alguns livros em mão, o que foi um erro é claro, virando de frente para ela. – Sabe eu até senti saudades, -disse ela esbarrando propositalmente em mim ao sair – Ops! Caiu. Pede ajuda, aleijadinha. Não queremos que se machuque.  -zombou

Respirei fundo segurando às lágrimas de ódio. E me abaixando para recolher meu livros, agora não tão novos assim.

-  Ignora elas  - Bufou, Eugênio, meu Loirinho se aproximando de mim -   Tudo bem, Annie?? – perguntou recolhendo meus livros por mim, e me ajudando a levantar

- Tudo sim. – sorrio -  Obrigada, Eugê . - disse quando ele me entregou meus livros novamente, recebendo uma careta dele. A verdade é que ele odiava que o chamassem de Eugê. Lembrava ele do seu pai, que o chamava assim também, e havia fugido com uma prostituta há poucos anos. Ele preferia Siller, mas convenhamos que Eugê é fofo demais para não usar. – estava com saudades. – o abracei, recebendo uma risada e um aperto de volta.

- Eu também Fadinha. – sorriu-  vamos pra Aula? Sua grade pelo jeito é igual a minha desta vez.  – respondeu analisando meus livros

Sorri.

Entrei na sala avistando Alfonso Herrera com Izabel aos beijos no canto da sala. Revirei os olhos, Isso me dava ânsia. O que ele tanto vê nela? É apenas um corpinho bonito, se ele pudesse ver o quão podre é por dentro, com certeza choraria. 

-ANNIEEEEEEE  - ouço um grito, e sem tempo de reagir, Larah me agarra, me fazendo cair sentada na carteira em Que estava apoiada – Que saudades Amiga! 

- Também senti Lah! -sorrio- agora me solta? – pedi rindo

- Ah sim, desculpa.

Após um pouco de conversa entre nós três e a “matação de saudades” como Larah dizia, o sinal ecoa, e sentamos devidamente em nossos lugares.

Olho de relance Alfonso, que agora sentava na fileira ao lado. Ele é simplesmente lindo.

Eu não poderia usar outra palavra para definir ele.

E ele é tão incrível, e esforçado. Pelo menos assim eu o via, mas a realidade é que os boatos diziam que ele foi ameaçado pelo treinador. Ou melhorava as notas este ano ou é adeus para o time.

Ele ao menos estava tentando.

E após uma aula quase inteira prestando atenção nós detalhes e manias de Alfonso Herrera, descobri que uma pequena parte minha está muito feliz por estar de volta.

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