Vou para a Turquia

Estávamos indo para o aeroporto, o trânsito na frente estava todo parado.

-Senhorita, verei o que aconteceu.

— Tudo bem.

 O que será que aconteceu? Deve ser um acidente, espero que não tenha ninguém ferido.

Resolvi ligar para meu companheiro de viagem, o celular tocou até cair, então liguei para Melissa, logo Oswaldo atendeu.

-Oi, Can, você já está no aeroporto?

-Ainda não, houve um acidente e estou parada no trânsito.

-Nossa, será que você chegará em tempo?

-O motorista foi ver se vai demorar para liberar a pista, já vem voltando.

-Senhorita, demorará um pouco, mas dará tempo.

-Ouviu Oswaldo, acho que dará tempo. Eu tentei falar com o rapaz que vai comigo, não consegui, avisa ele que encontrarei ele no avião.

-Pode deixar que aviso, Can.

-Se não der tempo, aviso e vê se consegue falar com o fotógrafo para ver se ele conseguirá embarca.

-Tomara que dê, pode deixar que vejo sim.

-Oswaldo, só subirei naquele avião se o fotógrafo estiver comigo, você me entendeu?

-Não se preocupe, ele estará lá.

Desliguei e tentei de novo falar com o rapaz que continuava não me atendendo.

Passaram 10 minutos, o motorista vem e me diz:

-Já vamos, vai dar tempo.

Liga o carro e partimos, olhei a hora e já deve ter começado o embarque.

O motorista conseguiu me deixar em tempo, mas estava tão em cima da hora que não procurei pelo fotógrafo deduzi que ele já estava no avião.

 Entrei no avião e procurei minha poltrona. A aeromoça já estava dando as instruções de voo, sentei e segui, logo decolamos, agora é se acalmar porque são 13 horas de voo até a Turquia.

Mandei uma mensagem avisando o Oswaldo que consegui pegar o avião, desliguei o celular e coloquei um fone e um filme, para passar o tempo. Depois, resolvi ligar meu laptop e começar a traduzir a série nova “Amor e Sangue”, parece que vai ser bonita, mas o galã não se compara com o Meide.

Fiz a tradução de quase 4 capítulos, olhei pela janela do avião e só dava para ver nuvens e escuridão. À noite o voo é sombrio, vamos chegar de madrugada no aeroporto, será que a pessoa que vai estar comigo já vai estar lá esperando? E o fotógrafo?

Quando desci do avião e entrei no saguão, logo vi um cartaz com meu nome, cheguei perto, mas não conseguia ver quem estava com o cartaz, quando cheguei mais perto comecei a ter palpitações, conheço aquelas pernas, não pode ser, Deus está brincando comigo, não pode ser Meide, mas quando ele abaixa o cartaz e me olha eu fiquei parada.

-O que você está fazendo aqui?

-Sou seu acompanhante, para estes dias.

-Não pode ser, vou voltar daqui mesmo, não vou com você a lugar nenhum.

-Para Camila, eu sei que dei vexame no aeroporto do Brasil, mas não precisa fazer isso, somos amigos.

Liguei meu celular para saber notícias do meu acompanhante, mas as mensagens me deixaram mais desesperada, ele não conseguiu pegar o avião, estou sozinha na Turquia, e agora? Terei que confiar no Meide.

-Tá bom, Meide, o que tenho que fazer agora?

 -Me dê seu passaporte, que resolverei os problemas para liberar sua bagagem.

Pensei um pouco, mas entreguei meu passaporte para ele. Acho que não vai tentar nenhuma loucura, ou será que vai?

“Meide”

Consegui, ela me entregou o passaporte, por um momento achei que não ia entregar, mas entregou agora está em minhas mãos, você só sai daqui quando eu deixar minha morena, resolverei a liberação das malas e vou leva-la para casa, e vou resolvendo os problemas conforme forem surgindo, quando ela descobrir, que não vou deixa-la voltar para o Brasil vai surtar, mas conseguirei acalmar minha morena e casarei com ela.

Quando a vi tão perto, quase perdi o controle e abracei e beijei, já pensou no escândalo? Ator de série turca se grudando com uma estrangeira no aeroporto.

Resolvi o problema, liberei as malas dela e voltei para onde ela está.

-Vamos, Camila, suas malas já estão no carro.

-Vamos, em qual hotel eu ficarei?

-No carro, te falo, proponho sairmos deste aeroporto, por favor.

Ela está desconfiada, preciso tirar ela logo daqui, porque se ela chamar a polícia antes de sair do aeroporto, estarei em problemas.

Subimos no carro e travei as portas. Agora você é minha. Comecei a dirigir, eu montei uma residência afastada da cidade, o que dificulta para ela fugir. Assim que o dia nascer, enviarei os documentos necessários para a realização dos papéis do casamento, mas ela terá que concordar comigo, sob pena do juiz não comparecer e não realizar o casamento.

Se ela disser não, o juiz não realiza o casamento, preciso convencê-la a se casar comigo.

-Meide, onde você está me levando?

-Você ficará em minha casa, morena, não se preocupe, achei melhor termos privacidade.

-Meide, quero ir para o hotel, não ficarei na sua casa, quem mora com você?

-Ninguém, montei essa casa para nós dois.

-Eu não estou acreditando, você me sequestrou?

-Claro que não, você veio de livre e espontânea vontade, você acreditou mesmo que estavam te dando um prêmio por tradução?

-Claro que acreditei, não acredito que minha amiga esteja envolvida nessa sujeira. Como ela pode deixar você me sequestrar?

-Ofereci muito dinheiro para aquele marido nojento dela, ele me ajudou, não sei o que ele disse para sua amiga, mas foi ele quem fez tudo para mim.

-Quero ir embora, Meide, não ficarei aqui, me leva no consulado que eu me viro.

-Desculpa, não farei isso, tive muito trabalho para trazer você para mim, não vou te deixar ir, quero uma coisa séria com você, vou me casar com você.

-Vai se danar, eu não casarei com você, nem se eu estiver morta eu me caso obrigada, quero minha liberdade de volta, sou uma mulher livre.

-Desde que você se deitou comigo, me pertence, sou seu dono e não deixarei você ir. Tenta se acalmar, porque não quero ter que te prender.

-Olha o que você está falando, você me conheceu livre, sou brasileira. Quanto tempo você acha que vai me manter trancada sem ninguém saber que estou aqui como sua prisioneira?

-Resolverei esta parte, vou me casar com você, aí você só poderá falar se eu deixar.

-Você enlouqueceu, precisa voltar ao seu juízo, não pode me segurar aqui contra minha vontade.

-Logo você perceberá que fiz isso por nós, porque te amo.

“Can”

Resolvi me calar, não adiantará falar, ele não está escutando, mas assim que conseguir saber onde estou vou fugir.

Se você acha que pode me obrigar a ficar aqui está enganado, se eu não estivesse tão brava poderia até estar gostando do passeio por Istambul, está escuro ainda a ponte Gálata está toda iluminada, parece magia de tão bonita, Meide está me levando para o outro lado dela, onde será que ele vai me trancar?

Passamos pela ponte e andamos mais uma hora, chegamos a uma casa com portão eletrônico, câmeras por todos os lados, este deve ser meu presídio, vou me manter calma para que ele ache que me dobrou.

A casa de dois andares, toda decorada com estilo tradicional, cheia de tapetes trabalhados de vários estilos, até nas paredes tem tapetes, remete a uma tenda super confortável e, ao mesmo tempo, sofisticada. Os tapetes são de uma beleza esplendorosa.

-Gostou da nossa casa, morena?

-Se você não tivesse me sequestrado, talvez eu até gostaria, mas do jeito que você fez isso aqui me parece mais uma prisão.

Ele atravessa a sala e me pega no colo, começa a subir as escadas em direção aos quartos.

-Estou morrendo de saudades de você, morena, preciso te tocar.

  Esperei chegar no quarto e peguei a primeira coisa que achei e joguei nele, e peguei uma estatueta e segurei como se fosse uma arma.

-Não se atreva a encostar em mim, eu arranco a sua cabeça.

-Você vai se acalmar, eu voltarei mais tarde. Sei que vai me entender, eu te amo morena.

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