Capítulo 08

— Oi... Natalie fala entrando no quarto de Gael, somente ela entrava sem bater, após o jantar Gael estava sentado na varanda do seu quarto olhando o céu escuro da cidade G.

— Oi... Ela sentou ao seu lado e tirou um cigarro de sua bolsa, acendeu e deu duas tragadas.

— Se a mamãe sentir o cheiro em você, sabe as consequências. Ele disse e bebeu mais um gole de seu uísque.

— Por isso eu venho aqui, ela acha que é você quem fuma... Natalie riu e fumou novamente.

Isso era comum, desde que Natalie ficou compulsiva por cigarros ela sempre vem ao quarto dele para fumar as escondidas, sempre que perguntam era Gael quem estava fumando e ela somente sentou ao seu lado, levar culpa pelos erros dos filhos de Cora era comum para ele.

— Como você está? Ele perguntou, Natalie suspirou.

— Ainda traumatizada, estranho não é, nunca fiquei assim, sofri dois sequestros relâmpagos, apesar da polícia me achar rapidamente, mas esse mexeu comigo, não sei o porquê.

Ela fumou novamente, estar na mira de pessoas que queriam a fortuna King era comum, nenhum deles saíam sem seguranças, sem um aparato, mas aquela noite foi diferente e Natalie tinha sonhos ruins todas as noites, talvez estar totalmente refém de uma situação nova a fez ficar assim.

— Desculpa por não chegar a tempo. Gael falou e ela parou de fumar e olhou para ele.

— O que você poderia fazer? Estava na cidade Y a trabalho, devo minha vida a Lena, ela me ajudou e não pediu nada em troca, acho que só soube quem eu era ontem de manhã quando mamãe foi ao ateliê falar com ela.

Gael estava interessado nessa parte da conversa, Lena, ele tem que saber quem ela é na realidade.

— Lena? Ah sim eu ouvi mamãe falando sobre isso, como é a moça?

Seu timbre de voz era normal, não havia excitação e assim Natalie não desconfiaria, ele queria ver até onde ela estava na história do casamento.

— Ela é incrível Gael, linda também, não consegui falar com ela direito, mas quero voltar até o ateliê, pelo que entendi, ela é designer no estúdio de Madame Duval, sabe aquele estúdio que Guster comprou para Lurdes.

Gael bebeu novamente um gole de seu uísque lentamente, algumas coisas estavam se encaixando.

— Huum.

— Ela me tirou de lá, eu pensei que seria morta, eles estavam ligando para mamãe e para Paul, quando ela chegou e me desamarrou e me puxou eu fiquei apavorada, pensei que ela era como os trabalhadores do ateliê, mas não, ela me salvou e nem sabia que eu era uma King.... Natalie iria falar mais, iria contar mais, mas a porta foi aberta e James entrou.

— Madame, Sir... Ele se curvou e olhou para Natalie que jogou seu cigarro longe.

— Já disse que antes de entrar tem que bater James. Gael tomou um gole do uísque e colocou seu copo na mesinha ao lado lentamente.

— Perdoe-me Sir, mas Madame King o chama no escritório.

James olhou para todos os lados, tudo ali seria dito posteriormente para sua mestra.

— Pode sair, estarei no escritório em breve.

Gael falou e James olhou para Natalie com desaprovação, Madame King não irá gostar nada de saber que sua filha fuma as escondidas.

Ele se virou e antes de chegar na porta Gael falou calmamente.

— Falta duas semanas para o casamento de Natalie e mamãe e ela não precisa brigar por conta de um simples cigarro, não queremos que Natalie fique nervosa e acabei com o casamento com o filho do senador, somente por conta de um fuxico.

Gael não olhou para James, continuou olhando para o jardim da casa, não era a melhor vista já que Cora só não o colocou no porão por conta do senhor King, mas James entendeu os fatos ali, se ele contasse algo a sua mestra e Natalie desistisse do casamento a família King seria rechaçada pelo senador Tonford e seria culpa dele, sua mestra o demitiria e como ele ficaria sem a ajuda financeira dos Kings.

— Entendi Sir, não se atrase. Ele saiu fechando a porta depois, Natalie olhou para o irmão e agradeceu.

— Obrigada, mamãe iria pegar no meu pé por dias e estou tão estressada com tantos preparativos do casamento e o sequestro aí da veio para me deixar atordoada.

— Tudo bem e como está Paul e o casamento?

Ela suspirou.

— Paul é legal, me trata bem, além do mais, serei a esposa do futuro senador do estado, então, estamos bem.

— Você sabe que não precisa se casar.

— Eu sei, mas não estou me casando contra meus desejos, terei mais visibilidade, minha vida será uma loucura e é isso que quero, mamãe disse que como esposa do senador posso opinar e tomar decisões, quero uma cidade com meu nome imagina condado Natalie King, um luxo só. Ela se levantou deixou um beijo na testa do irmão e saiu, Gael apenas balançou a cabeça em negação.

Como ele sempre viu, Natalie se importa com status,poder, o resto será como o destino preferir, ele se levantou, olhou no espelho, ele nunca entendeu, mas a etiqueta que Cora colocou na casa nunca os fizeram andar desmazelados, sempre estão de terno e gravata, no máximo um camisa sem blazer, vestimenta social era para fora do quarto, ninguém andava desarrumado, ele ajustou sua gravata, colocou sua arrumou seu cinto e desceu.

Guster, Lurdes e as duas crianças deles já havia partido para sua casa, que ficava no final da rua, um bairro todo para família King, a casa de Natalie já estava em fase terminal de construção e decoração, tudo será entregue assim que ela voltar de viagem de lua de mel de um mês.

Ele bateu na porta e logo ouviu a voz de seu pai lhe dando permissão para entrar.

Ao entrar, Cora e Oliver o olharam, o seu pai estava sentado na sua cadeira habitual, ela era adornada com ouro e couro de jacaré albino, uma raridade encontrada especialmente para Oliver King.

— Olha ele aí, vamos entre meu filho.

Oliver se levantou e foi até seu filho, Gael já sabia que ele queria algo, Oliver não era gentil e muito menos amigável, a não ser quando se tratava de algo relacionado a dinheiro e liberação de pagamentos ou investimentos fora da mesa diretória da empresa.

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