Capítulo 14: Sombras do Passado

A luz da manhã começou a filtrar-se através das fendas das Cavernas do Coral, trazendo consigo o calor do sol e o doce perfume do oceano. A festa da noite anterior deixara todos exaustos, mas também repletos de novas esperanças. Layla, sentada na borda de uma rocha, observava as ondas suaves que se quebravam na costa, enquanto os ecos da alegria da noite ainda ressoavam em sua mente.

Ao seu lado, Henrique estava perdido em pensamentos, seu olhar fixo no horizonte. A sensação de paz que havia tomado conta da caverna agora parecia ameaçada por uma sombra que Layla não conseguia identificar. O silêncio entre eles era reconfortante, mas havia algo mais no ar, algo que Layla não podia ignorar.

— Você está pensando em algo? — ela perguntou, tentando quebrar a tensão que pairava entre eles.

Henrique virou-se para Layla, seu olhar profundo e introspectivo. — Estou apenas pensando sobre tudo o que aconteceu. — ele respondeu, a voz ponderada. — A conexão que formamos com os humanos... e como isso pode mudar tudo.

Layla assentiu, lembrando-se da alegria que sentira ao dançar com os amigos de Clara. — Sim, foi mágico. Mas...

— Mas? — Henrique perguntou, percebendo a hesitação na voz dela.

— Mas não podemos esquecer que há aqueles que não aceitam essa união. — Layla respondeu, seu olhar se tornando sério. — Existem seres que não vêem as sereias como amigas, mas como inimigas. E temo que isso possa afetar o que começamos a construir.

*****

Henrique olhou para Layla, os olhos cheios de preocupação. — Você está certa. Eu ouvi rumores de que algumas pessoas ainda têm medo do que não entendem. Eles veem as sereias como criaturas perigosas, não como aliadas.

A conversa fez o coração de Layla apertar. Era verdade; havia sempre aqueles que temiam o desconhecido, que estavam dispostos a atacar o que não compreendiam. O medo tinha o poder de destruir o que estava começando a florescer.

— Precisamos ser cuidadosos. — Layla disse, sua voz baixa. — Se os humanos que nos conhecem se unirem aos que têm medo, poderemos enfrentar uma luta difícil.

— E o que podemos fazer? — Henrique questionou, uma nova determinação tomando conta dele. — Não podemos deixar que o medo vença. Precisamos encontrar uma maneira de mostrar a eles quem realmente somos.

Layla sorriu, sentindo um novo impulso de esperança. — Sim! Precisamos nos unir e criar um laço forte, que mostre a todos que a amizade entre humanos e sereias pode ser benéfica.

*****

O dia passou rapidamente enquanto Layla e Henrique discutiam planos para o futuro. Clara, Luísa e os outros amigos se juntaram a eles, cada um trazendo ideias e sugestões. A energia na caverna era vibrante, e todos estavam determinados a construir uma ponte entre seus mundos.

No entanto, à medida que a tarde se aproximava, um clima de preocupação começou a se instalar. Clara, percebendo a tensão crescente, decidiu que era hora de explorar os limites da caverna e ver se alguém estava se aproximando.

— Vou dar uma olhada lá fora. — Clara disse, colocando a mão no ombro de Layla. — Fique aqui e cuide do Henrique.

Layla assentiu, mas sentiu uma onda de nervosismo. O mundo exterior ainda era desconhecido e cheio de perigos. As preocupações de Clara eram válidas, mas Layla não queria que suas amizades fossem destruídas por desconfiança.

Enquanto isso, do lado de fora da caverna, Clara caminhava pela praia, observando as ondas se quebrando nas rochas. A luz do sol criava reflexos brilhantes na água, mas havia algo sombrio na brisa que fazia seu coração acelerar.

De repente, Clara ouviu vozes ao longe, risadas misturadas com murmúrios. Aproximando-se, percebeu um grupo de homens reunidos perto de uma fogueira. Ela reconheceu alguns deles como amigos de sua família, conhecidos na aldeia. Contudo, havia um homem que não conseguia identificar, alguém que tinha uma aura ameaçadora.

— O que você acha que eles estão fazendo? — um dos homens disse, rindo. — Essas sereias não são nada além de lendas. Se soubermos onde estão, poderíamos capturá-las!

Clara sentiu o sangue gelar. O que estavam planejando? A palavra “capturar” a fez tremer. Sem hesitar, ela se escondeu atrás de uma pedra, ouvindo atentamente.

— Se conseguirmos pegar uma, podemos provar que elas são reais. — disse outro homem, sua voz cheia de ganância. — E depois, podemos vendê-las!

A ideia de capturar e vender sereias fez Clara sentir náuseas. Como podiam pensar assim? Eram seres sencientes, com sentimentos e histórias, não mercadorias. Ela precisava voltar rapidamente e avisar Layla e os outros.

Quando Clara retornou à caverna, seu coração batia descontroladamente. Layla e Henrique estavam discutindo animadamente, mas assim que ela entrou, perceberam sua expressão alarmada.

— Clara! O que aconteceu? — Layla perguntou, preocupada.

— Há homens lá fora... — Clara começou, tentando recuperar o fôlego. — Eles estão falando sobre capturar sereias. Eles não têm ideia do que estão fazendo!

O ambiente na caverna se tornou tenso. Os rostos de Henrique e Luísa ficaram pálidos enquanto a realidade do que Clara havia dito se instalava.

— Precisamos nos preparar! — Henrique exclamou, sua determinação aumentando. — Não podemos deixar que eles façam mal a vocês.

— O que podemos fazer? — Luísa perguntou, sua voz tremendo.

Layla sentiu uma onda de responsabilidade. Elas não eram apenas sereias, mas também guardiãs do mar. — Precisamos encontrar uma maneira de proteger nossas casas e nossas vidas. Se eles vierem, precisamos estar prontas para defendê-las.

As sereias se reuniram, e Layla compartilhou o que havia ouvido. Elas estavam determinadas a proteger seu lar e seus amigos humanos. Juntas, começaram a elaborar um plano.

— Precisamos de uma estratégia. — Layla disse, sua voz firme. — Se eles se aproximarem, vamos nos reunir na costa e usar nossas habilidades para desorientá-los.

— E se eles forem agressivos? — uma das sereias perguntou, o medo visível em seus olhos.

— Temos que ser mais rápidas e espertas. — Henrique interveio. — Eles podem ser apenas homens, mas têm a vantagem do número. Mas nós temos a habilidade de nos mover rapidamente na água. Se trabalharmos em conjunto, podemos distraí-los e criar uma rota de fuga.

— Concordo! — Luísa disse, agora determinada. — Vamos mostrar a eles que não somos apenas lendas. Precisamos ser a voz que protege nossas casas.

As sereias e os humanos passaram horas discutindo, planeando e se preparando. O sol estava começando a se pôr quando todos sentiram que era hora de agir.

Layla liderou as sereias para a entrada da caverna, enquanto os humanos se posicionaram na praia. Com um sinal de Layla, as sereias começaram a se mover em direção à água, preparadas para qualquer eventualidade.

— Lembrem-se, o mais importante é manter a calma e confiar uns nos outros. — Layla disse, olhando para todos os rostos determinados. — Juntos, somos mais fortes.

Quando a escuridão caiu, o som das ondas se tornou mais forte, e a tensão no ar era palpável. Layla sentiu o frio na barriga, mas sua determinação a impulsionava. Elas não iriam deixar que o medo de alguns destruísse a amizade que estavam construindo.

As primeiras luzes de uma fogueira surgiram à distância, e as vozes dos homens começaram a se aproximar. Layla fez um sinal para que todos ficassem quietos. O plano estava prestes a ser posto em prática.

Os homens se aproximaram, rindo e conversando, mas o tom de suas vozes era de desprezo. Layla e as sereias se esconderam entre as rochas, observando. Henrique estava ao lado de Clara, sua expressão tensa.

— Lembrem-se, — Layla sussurrou, — vamos nos manter juntos. Isso é crucial.

Quando os homens se aproximaram da água, Layla deu o sinal. As sereias emergiram, suas caudas brilhando sob a luz da lua. Um canto hipnotizante começou a ecoar, criando uma sensação de confusão e encanto.

Os homens pararam, surpresos. O brilho da água e a beleza das sereias eram de tirar o fôlego. Mas, no fundo, Layla sabia que isso não era suficiente para desfazer o ódio que existia em alguns corações.

Um dos homens, o que Clara não conseguiu identificar, olhou com desdém. — Não se deixem enganar por essas ilusões. Elas são criaturas perigosas!

Mas Layla não se deixou abalar. — Nós não somos inimigos. — ela disse, sua voz ecoando na noite. — Somos guardiãs do mar. Viemos em paz, mas não permitiremos que nos façam mal.

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