O silêncio dentro do carro era denso, quebrado Na Rota da Fugaapenas pelo zumbido baixo do motor e a respiração tensa dos três. Mariana dirigia com a atenção de uma caçadora, os olhos atentos a cada movimento na estrada. Lucas, no banco do passageiro, olhava pela janela, tentando ignorar a sensação crescente de que estavam sendo seguidos. Ana, no banco de trás, monitorava freneticamente o computador e o celular, tentando identificar qualquer sinal de que a NeoMind ou seus aliados estavam próximos.
A mensagem de Eduardo ecoava na mente de todos: “Eles sabem onde vocês estão.”
O pânico estava ali, à espreita, mas eles não podiam se deixar dominar por ele. Eles haviam vazado as informações, exposto as verdades sombrias do Projeto Cérbero e as conexões de Meirelles. Mas ainda não havia sido suficiente. A NeoMind ainda estava se movendo, e agora, além de lutar por justiça, lutavam por suas vidas.
— Você acha que Eduardo está sendo sincero? — perguntou Lucas, quebrando o silêncio tenso. — E se for uma armadilha? Eles poderiam ter encontrado uma maneira de usá-lo contra nós.
Mariana apertou o volante, pensativa.
— Eu não descartaria essa possibilidade, Lucas. Mas, até agora, ele nos deu informações cruciais. Se for uma armadilha, precisamos estar preparados para enfrentá-la. Se for real, essa pode ser nossa última chance de derrubar a NeoMind de vez.
Ana olhou para o celular, a expressão séria.
— Eu estou rastreando qualquer sinal de interferência, mas não consegui detectar nada ainda. Eduardo foi cuidadoso ao se comunicar. Se ele está sendo monitorado, não está usando os canais normais.
Lucas sentiu um nó no estômago. As últimas semanas o haviam transformado profundamente. Ele não era mais o homem que havia encontrado aquele estranho ensanguentado na calçada. Agora, ele sabia que estava envolvido em uma trama muito maior, e as peças da sua vida — sua mãe, sua infância e o envolvimento da NeoMind — estavam finalmente começando a se encaixar, mas o custo estava se tornando insuportável.
O Novo Encontro com Eduardo
Mariana estacionou o carro em um beco escuro, afastado das ruas principais. Eles haviam escolhido um ponto neutro para encontrar Eduardo: um armazém abandonado nos limites da cidade. O vento soprava frio, levantando poeira e ecoando pelos corredores vazios do prédio decadente.
— Fiquem atentos — disse Mariana enquanto saíam do carro. — Não podemos confiar cegamente em ninguém. Se algo parecer errado, agimos rápido.
Ana concordou, segurando firmemente o laptop enquanto ajustava seu casaco. Lucas, por sua vez, caminhava em silêncio, seus olhos varrendo o local, como se esperasse uma emboscada a qualquer momento.
Dentro do armazém, a escuridão era quebrada apenas por feixes de luz que passavam pelas janelas quebradas. Eduardo estava lá, aguardando com uma expressão tensa no rosto, sua postura ansiosa revelando o quanto ele também temia ser traído.
— Vocês vieram — disse ele, com a voz rouca, claramente aliviado. — Eu sabia que era um risco, mas vocês precisam entender: o Projeto Cérbero não é o fim. Há algo mais... algo que eles ainda não revelaram.
Mariana cruzou os braços, cética, mas mantendo a calma.
— Seja direto, Eduardo. Estamos arriscando nossas vidas aqui. O que mais a NeoMind está escondendo?
Eduardo passou a mão pelos cabelos, nervoso.
— O Cérbero foi apenas o começo. Eles desenvolveram um sistema de controle massivo, mas estão trabalhando em algo chamado Projeto Hydra. É uma evolução do Cérbero. Não se trata apenas de manipular informações e controlar o que as pessoas veem ou acreditam... Eles querem controlar o comportamento biológico. Manipulação genética em larga escala, injetada por meio de vacinas e outros tratamentos médicos. Tudo disfarçado como avanços científicos. O objetivo final é criar uma população submissa, programada desde o nascimento.
A revelação atingiu Lucas como um soco no estômago. O controle sobre a mente era uma coisa; mas agora, eles estavam falando sobre manipular o corpo humano, mexer com a própria biologia das pessoas.
— Como eles estão fazendo isso? — perguntou Ana, tentando absorver a magnitude do que Eduardo estava dizendo.
— Eles já começaram os testes — respondeu Eduardo, com a voz trêmula. — Os primeiros lotes de tratamentos experimentais foram distribuídos em pequenas cidades. Os resultados ainda estão sendo analisados, mas os testes mostram que é possível alterar comportamentos humanos, suprimindo agressões ou aumentando a submissão. Se o Projeto Hydra for implementado, a NeoMind não precisará mais controlar a mídia ou a comunicação. Eles controlarão o próprio DNA das pessoas.
Mariana olhou para Lucas e Ana, seu rosto endurecido pelo choque. Não era mais apenas uma questão de expor crimes corporativos. O que estava em jogo agora era o controle total sobre a humanidade.
Decisões e Conflitos Internos
— Precisamos derrubar isso agora — disse Lucas, sua voz sombria. — Já conseguimos expor o Cérbero, mas se não pararmos o Hydra antes que ele se espalhe, será tarde demais.
Mariana assentiu, sua mente correndo com as possibilidades. Eles estavam correndo contra o tempo, e agora sabiam que a NeoMind estava a apenas um passo de transformar suas ambições de controle total em realidade.
— Precisamos de mais provas sobre o Hydra — disse ela. — Algo concreto que ligue a NeoMind a esses experimentos. Sem isso, será impossível derrubá-los antes que o projeto avance.
Eduardo, que parecia estar à beira do desespero, respirou fundo.
— Eu posso conseguir essas provas. Ainda tenho acesso aos laboratórios. Mas vocês têm que me prometer que vão me tirar daqui depois. Eles já estão desconfiando de mim. Se eu for pego, não terei mais chance.
Ana se aproximou, seus olhos fixos nos de Eduardo.
— Conseguiremos as provas. E vamos protegê-lo. Mas precisamos de tudo. E rápido.
Eduardo assentiu, parecendo resignado ao seu destino.
— Vou voltar e pegar o que vocês precisam. Mas, por favor, não me deixem para trás.
Mariana deu um passo à frente, olhando profundamente nos olhos de Eduardo.
— Você vai nos entregar tudo. E nós vamos garantir que você saia dessa. Mas, se estiver mentindo, não vamos ter misericórdia. Já vi pessoas demais morrerem por causa dessa corporação. Não vou arriscar mais vidas em vão.
Eduardo engoliu em seco, mas manteve o olhar fixo.
— Eu não estou mentindo. Vou trazer tudo o que vocês precisam.
Com isso, ele se afastou, desaparecendo na escuridão do armazém, enquanto o som do vento continuava a soprar pelas janelas quebradas. O silêncio voltou a dominar o ambiente, deixando Lucas, Ana e Mariana sozinhos com seus pensamentos.
O Risco Imediato
— Não podemos confiar plenamente nele — disse Mariana, finalmente, enquanto caminhavam de volta para o carro. — Eduardo pode estar dizendo a verdade, mas ele também pode ser usado como isca. Precisamos estar preparados para o pior.
— O que faremos agora? — perguntou Lucas, claramente agitado. — Se o Projeto Hydra for real, estamos correndo contra o tempo. Não podemos esperar muito.
Ana, que estava silenciosa até então, finalmente falou:
— Precisamos garantir que as provas sobre o Hydra sejam tão explosivas quanto as do Cérbero. Se Eduardo conseguir as informações, temos que estar prontos para divulgá-las rapidamente. Mas também precisamos de um plano de contingência. Se formos atacados, ou se algo der errado, tudo deve ser exposto de forma automática.
Mariana assentiu.
— Precisamos de um local seguro, mais seguro do que qualquer um que tenhamos usado até agora. E precisamos de aliados de fora. Jornalistas, investigadores independentes, qualquer pessoa que tenha influência e que possa ajudar a sustentar essa luta quando estivermos vulneráveis.
Lucas respirou fundo. Sabia que estavam cada vez mais próximos de uma verdade que ninguém estava preparado para enfrentar. Mas também sabia que eles estavam à beira de uma guerra total com a NeoMind.
— Vamos terminar isso — disse ele, com a voz determinada. — Não podemos deixar que continuem destruindo vidas.
Continua...
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Atualizado até capítulo 55
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