Revelações Sombrias

A manhã seguinte à ida de Lucas à delegacia nasceu com um céu cinza, pesado, ameaçando uma chuva iminente. O advogado se mantinha inquieto, tentando manter a mente ocupada com o trabalho, mas o rosto daquele homem continuava assombrando-o. O fato de ele ter se envolvido na investigação parecia uma sombra, e ele se sentia como se estivesse sendo constantemente observado. Toda vez que o telefone tocava ou alguém batia à porta, seu corpo se enchia de um alerta que ele não conseguia controlar.

Ele tentava manter uma rotina normal, mas a normalidade era agora uma miragem inatingível. E era mais do que o medo do homem que encontrou naquela noite – era a própria cidade que parecia ter mudado, como se o mundo ao seu redor tivesse ganhado novas camadas, novas verdades.

Enquanto arrumava a mesa do escritório, o celular vibrou com uma mensagem. Era Mariana.

"Preciso falar com você. Urgente. Pode vir à delegacia o quanto antes?"

Lucas sentiu o estômago se revirar. Ainda estava processando tudo o que havia descoberto sobre a investigação, as insinuações de que aquele homem poderia ser o serial killer. E agora Mariana o queria de volta lá. Ele respirou fundo, tentando manter a calma, e rapidamente respondeu que estaria lá em breve.

Na Delegacia – Uma Nova Peça do Quebra-Cabeça

Quando chegou à delegacia, Lucas encontrou Mariana em sua mesa, com a testa franzida sobre um conjunto de documentos espalhados. A detetive olhou para ele com uma expressão grave, como se estivesse tentando decidir a melhor forma de revelar algo importante.

— Que bom que veio rápido — disse ela, acenando para que ele se sentasse. — Precisamos conversar sobre o homem que você encontrou... As coisas estão ficando mais complexas do que imaginávamos.

Lucas se inclinou para frente, tentando captar cada palavra. Mariana empurrou uma pasta grossa em sua direção.

— Esses são os relatórios preliminares do hospital — explicou ela. — O homem que você encontrou está estável, mas ainda em coma. O que é estranho, porém, é o que encontramos sobre ele. — Mariana fez uma pausa, como se estivesse tentando absorver a informação ela mesma. — Ele não tem identificação registrada, pelo menos nenhuma que possamos encontrar. Impressões digitais, exames de DNA... Não temos nenhuma correspondência nos nossos registros, nem mesmo nos internacionais. É como se ele não existisse.

Lucas sentiu um calafrio. Como alguém pode simplesmente não existir nos registros? Como pode alguém, especialmente alguém com ferimentos tão graves, desaparecer de toda documentação?

— Mas isso não é tudo — Mariana continuou, seus olhos fixando Lucas com intensidade. — Fui até o hospital para ver o estado dele e, por acaso, estavam fazendo uma tomografia. Os médicos encontraram algo... peculiar.

Ela abriu a pasta, revelando uma série de imagens de radiografias e exames cerebrais.

— Ele tem um implante cerebral, Lucas. Algo sofisticado, mas não sabemos ao certo para quê. Nenhum dos médicos conseguiu identificar. É uma tecnologia... diferente de qualquer coisa que já viram.

As palavras de Mariana pairaram no ar, e Lucas sentiu que o chão sumia sob seus pés. Um implante cerebral? Como isso era possível? A ideia de que aquele homem fosse simplesmente um criminoso comum parecia cada vez mais improvável. Havia algo maior, algo mais sombrio, escondido por trás daquela noite.

Mariana fechou a pasta e cruzou os braços, seus olhos nunca deixando o rosto de Lucas.

— Preciso que você seja honesto comigo, Lucas. Tem certeza de que nunca viu esse homem antes? Nunca ouviu falar dele, ou viu alguém parecido?

Lucas balançou a cabeça, tentando afastar a pressão crescente de ser a chave para toda aquela confusão. Ele queria negar, queria dizer que não tinha nada a ver com aquilo, mas a verdade era que, quanto mais pensava, mais se perguntava se havia algo em seu passado que ele estava esquecendo. Algo importante.

— Eu... tenho certeza de que nunca o vi antes — disse ele finalmente, embora com hesitação. — Mas tem algo nele... não sei explicar. Talvez seja só o fato de ter sido eu a encontrá-lo naquela noite, mas sinto que... há uma conexão. Só não sei qual.

Mariana o observou por um momento, avaliando cada palavra, cada expressão facial. Ela parecia à beira de dizer algo, mas se conteve, fechando a pasta com um estalo rápido.

— Vamos continuar investigando. Mas, Lucas, preciso que você fique atento. Se lembrar de qualquer coisa, qualquer detalhe, por menor que seja, me avise. Isso é maior do que você pode imaginar.

Um Visitante Inesperado

De volta ao apartamento, Lucas tentava ignorar a sensação de que estava se afogando em perguntas sem resposta. A mente ainda estava presa às palavras de Mariana, às imagens daquele implante estranho, e ao sorriso do homem que continuava a rondar seus pensamentos. Ele se jogou no sofá, tentando encontrar alívio na quietude do ambiente, mas a tranquilidade logo foi interrompida pelo som de batidas apressadas à porta.

Lucas hesitou antes de se levantar, o coração acelerando. Ao abrir a porta, viu uma figura que não esperava: Ana, sua amiga de longa data e uma das poucas pessoas que ele confiava. Ela estava claramente agitada, os olhos arregalados e o cabelo um pouco despenteado. Algo estava errado.

— Lucas, eu... eu precisava vir até aqui — disse ela, quase sem fôlego. — Preciso te contar algo que vi.

Ana era jornalista investigativa e, assim como Lucas, estava acostumada a lidar com situações complicadas. Mas ele nunca a tinha visto tão ansiosa, tão... assustada.

— Entre, Ana. O que aconteceu?

Ela entrou apressadamente, olhando para todos os lados como se estivesse sendo seguida, antes de se sentar no sofá. Ela segurou as mãos de Lucas, um gesto que mostrava o quanto estava nervosa.

— Lembra dos assassinatos que estão acontecendo na cidade? — começou ela, a voz trêmula. — Tenho investigado esses casos. Há semanas estou tentando encontrar um padrão, algo que conecte todas as vítimas. Hoje, encontrei algo... e não posso mais ignorar.

Lucas sentiu seu corpo enrijecer. Tudo parecia estar se conectando de uma forma terrível. A investigação da polícia, o homem que ele encontrou, e agora Ana com informações novas.

— O que você encontrou, Ana?

Ela respirou fundo, os olhos fixos nos dele.

— Uma das vítimas, uma mulher chamada Sofia, estava trabalhando em um projeto secreto para uma empresa de tecnologia. Ninguém sabe ao certo o que ela estava desenvolvendo, mas... — Ana fez uma pausa, como se hesitasse em continuar. — Encontrei um e-mail nos arquivos dela. O nome no destinatário era... seu nome, Lucas.

O mundo pareceu parar por um instante. Lucas sentiu como se tivesse levado um soco no estômago, o ar saindo de seus pulmões. Seu nome. Ele estava de alguma forma envolvido, mesmo sem saber. Aquele homem, os assassinatos, a investigação... tudo estava se fechando ao seu redor, e ele não tinha ideia do que esperar a seguir.

Ana o encarava, esperando por uma reação, uma explicação. Mas Lucas não tinha nenhuma resposta. Apenas perguntas. Perguntas que agora se entrelaçavam em uma teia de segredos, mentiras e mistérios.

Ele sabia que sua vida estava prestes a mudar para sempre, e que agora, mais do que nunca, precisava descobrir a verdade.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***