13 - Alexandre

As coisas começaram a mudar quando comecei a chegar em casa

e encontrar nossa cozinheira, Rita, chorando escondida. Na primeira vez, ela me

disse que estava passando por alguns problemas familiares. Na segunda vez,

desconversou e praticamente saiu correndo quando insisti que dissesse o que

estava acontecendo, para que eu pudesse ajudá-la. A cada dia, era uma desculpa

ou fuga diferente.

Até que um dia em que estava mais tranquilo no trabalho,

decidi ir para casa mais cedo, para aproveitar uma tarde com minha companheira.

Assim que coloquei os pés dentro de casa, ouvi uma gritaria e barulhos de vidro

se quebrando, vindos da cozinha. Corri para ver o que estava acontecendo e

encontrei uma Rita encolhida no chão, enquanto Emily estava arremessando pratos

e copos nela.

- Você tem que parar de chorar na frente dele\, entendeu? Eu

já te disse! Sua velha estúpida! Você devia morrer!

- Desculpa\, senhora!

- LUNA! Sou sua Luna! Me chame de Luna!

- Pelo amor da deusa\, uma Luna como você é um castigo!

- Sua louca!!! Você não sabe com quem está mexendo!

Emily liberou suas garras lupinas, mas consegui segurar seu

braço antes que ela acertasse o rosto de Rita, que se protegia como podia, e mesmo

assim estava repleta de cortes e sangue.

- O.. QUE... SIGNIFICA... ISSO? – Disse tentando manter a

calma, diante de tanta destruição.

- Alezinho... Essa mulher... ela.... Ah!!!!!

Emily desmaiou em meus braços.

“Carlos, chame duas ambulâncias para minha casa, AGORA!” –

Convoquei meu beta por nosso elo mental. Em seguida, coloquei Emily deitada no

sofá, e tentei ajudar Rita. Peguei alguns panos limpos e tentei estancar o

sangue dos cortes que ela tinha. Porém alguns eram muito fundos, e com certeza

ela precisaria de alguns pontos.

- Há quanto tempo isso vem acontecendo\, Rita?

- Alfa... Eu não quero me encrencar com ela...

- Me fale\, Rita\, por favor! Eu preciso saber o que está

acontecendo!

- Alfa\, você sabe que eu cuido de você desde que era apenas

um menino. Eu trabalhei com muito amor para sua mãe e seu pai. Você irá

acreditar em mim?

- Sim\, Rita\, me fala\, por favor!

- Alexandre\, meu menino\, essa mulher é louca. Ela bate nos

empregados da casa. Eu intervi quando ela quase matou a Sara. A menina estava

passando as roupas e acabou queimando sem querer uma blusa de cetim. Ela bateu

na menina com o ferro quente! Eu separei e ela começou a me perseguir.

- Como não fiquei sabendo disso?

- Ela nos ameaçava. Dizia que nos expulsaria da cidade se

abríssemos a boca. Você sabe que muitos de nós não temos para onde ir.

- Sara está bem?

- Ela foi para o hospital\, depois disso não tivemos mais

notícias.

- Céus\, o que ela pensa que está fazendo?

As ambulâncias chegaram e seguimos para o hospital. Emily

logo recebeu alta, mas Rita precisou ficar em observação, pois o estresse fez

com que sua pressão subisse muito. Aproveitei e passei no quarto onde estava

Sara. Descobri que a mulher estava em coma, pois recebeu muitas pancadas na

cabeça.

Assim que coloquei os pés em casa, olhei para Emily me

segurando para não partir para cima dela.

- O QUE VOCÊ FEZ?

- Nada. Ela mereceu.

- Ninguém\, escute bem\, NINGUÉM merece o que você fez com

essas mulheres!

- Preciso manter as coisas funcionando direito por aqui. Se

elas não fazem a parte delas, eu preciso ensinar.

- Você é louca\, Emily? Você age com violência extrema e

espera que eu ache que está tudo bem? Você podia ter matado elas!

- Alezinho\, me desculpa\, não tinha visto por esse lado...

- Visto por esse lado? VOCÊ SABIA BEM O QUE ESTAVA FAZENDO E

NÃO PAROU! Quer que eu acredite que foi sem querer?

- Sim... foi... não fiz por mal... é só que....

Emily começou a chorar compulsoriamente e correu para o

banheiro. Assim que entrou, trancou a porta. Eu fui atrás, pois precisávamos

terminar essa conversa. Bati na porta, até que ela abriu. Assim que saiu do

banheiro, o cheiro de rosas tomou conta do ambiente, e eu me acalmei.

“Ela nos acalma, Peri. Eu sei que foi errado, mas é nossa

companheira, precisamos perdoar...”

“Sei não, Alexandre. O que ela fez foi muito sério”.

- Emily\, nunca mais faça isso\, você me entendeu? Você não

pode gritar e nem bater em ninguém!

- Desculpa\, Alezinho... Eu não vou mais fazer isso...

Seguimos para nosso quarto, e Emily me proporcionou uma

noite bem agitada. Passamos a noite acordados, até que adormeci enquanto o sol

nascia.

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