16 - Alexandre

Miguel me falou o dia em que Julia voltaria, mas lembrei de

tudo que havia acontecido e fiquei com receio de ir encontrá-la. Então

permaneci em meu escritório e não disse nada para Emily. Pedi que Carlos fosse

no meu lugar, para a recepção, mas o proibi de falar algo para a filha. A

última coisa que eu precisava agora era de um novo escândalo da minha

companheira.

Mas é claro que em algum momento ela ficou sabendo e então

chegamos ao ponto em que ela entra em meu escritório fazendo um verdadeiro

escândalo. E foi também o momento em que decidi dar um basta em tudo aquilo e a

mandei um tempo para a casa dos pais.

Tudo com relação à Emily me deixava a flor da pele, e isso afetava minha liderança. Já ouvi muitos dos meus homens questionando a minha capacidade de liderança, já que minha companheira acaba dominando tudo.

E então, quando ela invadiu meu escritório, tudo veio a tona.

Senti Peri furioso. Ele queria se soltar.

"Calma, Peri. Agora não é uma boa hora. Vamos perder o controle."

"Essa fêmea precisa aprender a ser uma Luna. Ela é desrespeitosa e desagradável. Ela precisa se colocar em seu lugar. Eu ensino isso com prazer!"

"Não"

Eu precisava manter o controle. Assim que ela saiu do meu escritório, respirei fundo. Peguei uma cerveja no frigobar, e tomei um longo gole. Precisava me concentrar novamente em tudo o que estava acontecendo.

POV Emily

Eu não suportava Julia. Nunca suportei.

Quando éramos crianças, até que fazia sentido. Nós temos a

mesma idade, e na época, brincar era tudo o que importava. Além disso, nossos pais estavam sempre juntos, por conta do trabalho deles na nossa cidade.

Mas o tempo passou e fomos crescendo e ela ficou cada vez mais bonita.

Acho que até mais bonita que eu. E isso me irritava. Eu percebia que os rapazes começavam a olhar mais para ela do que para mim. Isso não era justo.

Mas meu pai era o beta. Não o dela. Isso significava que

Alexandre tinha que ser meu. Eu era a garota mais importante da nossa alcateia,

e precisava do cara mais importante. Não iria aceitar qualquer outro.

Lembro quando Julia me falou o que sentia por ele. Ela estava suspirando e ficou com o rosto todo vermelho enquanto me contava como ela planejava casar com ele no futuro.

Ah, que garota tola! Ela não era ninguém. E ele seria meu, de qualquer jeito.

Fomos levando a nossa "amizade", e eu lutei todo esse tempo para que ela fosse apenas uma sombra minha. E durante alguns anos, eu consegui. Mas, chegamos aos dezoito anos e ela se transformou. A loba dela era linda. Mas eu não iria permitir que ela fosse o centro das atenções. Escolhi um vestido cor de creme, fino, quase branco. Não poderia usar a mesma cor que ela, mas poderia deixar claro o meu lugar naquele evento.

Após a transformação não aconteceu nada com os dois. Não se formou nenhum laço, eles não eram companheiros afinal. Eu me senti poderosa e agradeci por isso. Com certeza ele era meu. Mas ainda existiam sentimentos, que poderiam atrapalhar meus planos. Eu afastei os dois. E o Alexandre caiu muito fácil na minha conversa. Então eu fiz meus dezoito anos e me transformei. Minha loba, Lore, era uma caçadora. Ela entendeu o que eu queria. E num passe de mágica, criei os laços de

companheiro com o Alexandre.

E finalmente, Julia foi embora.

Mas a infeliz voltou. E estava linda. Droga! Eu preciso

tomar muito cuidado agora.

Já faz algum tempo que decidi que preciso

engravidar, para proteger minha ligação com Alexandre. E vou conseguir, custe o

que custar.

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