16 Blair

O jeito como ele me olhava, como se eu fosse a única pessoa na sala, tornava tudo ainda mais surreal.

— Então, vou ter que te preparar psicologicamente — ele continuou, segurando a minha mão com mais firmeza.

— Porque eu nunca perco.

— Nossa, estou amedrontada — falei, revirando os olhos teatralmente, mas não consegui evitar o sorriso que brotava em meu rosto.

A música de fundo mudou para uma melodia mais lenta, e percebi que os casais ao redor começaram a dançar. Lucca olhou ao redor, claramente percebendo a mudança no ambiente. Ele voltou o olhar para mim, como se considerasse a ideia de me convidar para dançar.

Eu me antecipei.

— Se você quiser, eu topo uma dança

sugeri, sentindo o nervosismo de novo, mas não queria perder o momento.

Ele sorriu, como se estivesse esperando por isso, e me puxou suavemente para mais perto. Senti o calor do corpo dele contra o meu, e, por um momento, o resto do salão desapareceu. Era só eu e ele, e a música suave que preenchia o espaço entre nós.

— Eu devia ter feito isso antes

ele sussurrou perto do meu ouvido, me deixando arrepiada.

— Feito o quê?

perguntei, minha voz saiu mais baixa do que eu esperava.

— Isso

ele disse, me girando levemente, me conduzindo no ritmo da música.

Eu ri, completamente enfeitiçada pela facilidade com que ele me fazia sentir à vontade. Era como se estivéssemos em perfeita sincronia, mesmo que eu não fosse exatamente a melhor dançarina.

— Confesso que estou surpresa

Falei tentando manter o tom leve.

— Não esperava que você fosse bom nisso.

— Ah, é?

Ele arqueou uma sobrancelha, divertido.

— Subestimando minhas habilidades, Blair?

— Talvez um pouquinho

admiti, sorrindo enquanto nossos olhares se cruzavam mais uma vez.

Ele balançou a cabeça, ainda com aquele sorriso charmoso, e me puxou mais perto, nossas testas quase se tocando.

— E agora? Ainda subestimando?

Eu estava prestes a responder algo sarcástico, mas minha mente parecia ter sido esvaziada com o momento. Tudo o que conseguia pensar era como ele estava perto, como seus olhos escuros pareciam ler cada pensamento que eu tentava esconder.

— Acho que você acabou de provar seu ponto

sussurrei de volta, com um sorriso que, dessa vez, não tentava esconder nada.

Por um minuto, pensei que ele me beijaria, mas isso não aconteceu.

Estava confortável ali, nos braços de Lucca, com o mundo ao nosso redor parecendo tão distante. Nunca imaginei que uma noite que começou com a expectativa de apenas ver Lucca de longe se transformaria nisso—nós dois, dançando juntos, as barreiras finalmente caindo.

— Blair, você tá muito quieta

ele comentou, inclinando-se para me observar de perto, um sorrisinho brincando em seus lábios.

— Parece um daqueles momentos dos filmes, sabe? Onde, do nada, tudo dá certo e fica perfeito.

Ele sorriu mais largo, os olhos brilhando de maneira divertida.

— Eu diria que tá mais pra um momento real do que de filme. Mas, se for filme, espero que seja uma comédia romântica boa, não aquelas onde o casal só se junta no último minuto.

Eu ri, balançando a cabeça.

— Eu odeio quando eles esperam até o último minuto. Já passei muito nervoso com isso.

Ele riu junto comigo, os ombros sacudindo levemente. O riso dele era contagiante, como se pudesse transformar qualquer situação em algo leve e natural.

— Então vamos garantir que não vamos deixar tudo pro último minuto

ele disse, de repente ficando mais sério, mas ainda com aquele brilho nos olhos que sempre me deixava meio hipnotizada.

Antes que eu pudesse perguntar o que ele quis dizer com isso, a música começou a desacelerar, chegando ao fim. Estávamos parados no meio da pista de dança, mais perto do que eu imaginava, e a realidade da proximidade entre nós finalmente bateu com força.

Lucca inclinou a cabeça, observando-me com uma intensidade que fez minhas pernas parecerem mais fracas.

— Tava querendo te dizer o que eu sinto há um tempo, mas... sempre achei que você não ia querer saber.

Eu pisquei, surpresa.

— Como assim?

perguntei, minha voz carregando uma mistura de descrença e curiosidade.

Ele deu de ombros, os dedos ainda entrelaçados nos meus.

— Bom, você é... incrível. Inteligente, bonita, engraçada... Eu sempre pensei que você me veria só como um amigo.

— Eu achava que você só me via como a amiga que vive tropeçando em tudo.

Ele riu, mas o riso estava cheio de alívio e carinho.

— Bom, sempre achei isso um dos seus charmes

ele admitiu, passando o polegar levemente sobre minha mão.

Senti meu rosto esquentar com o elogio. Eu não sabia como alguém podia ser tão gentil e charmoso ao mesmo tempo, mas Lucca parecia dominar essa arte.

A música mudou para uma batida mais animada novamente, trazendo de volta a energia da festa. Lucca olhou ao redor, então para mim, como se estivesse ponderando a próxima jogada.

— Quer sair daqui?

ele perguntou, com um sorriso travesso.

— Ou talvez enfrentar mais uma rodada de dança ridícula?

Eu ri, me sentindo leve como nunca.

— Vamos sair daqui!

Ele riu de novo, dessa vez balançando a cabeça enquanto me puxava pela mão.

— Então, vamos!

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