12 Blair

Chegamos em casa, e a minha mãe como sempre muito educada agradeceu e despediu-se de Elijah.

Mamãe, completamente alheia a tudo isso, estava dentro de casa, tranquila, sem a mínima ideia de que o Dr. Elijah Jones, estava oficialmente "interessado" nela. E, talvez de alguma forma, eu tinha ajudado nisso.

Entrei em casa e encontrei minha mãe na cozinha, cantarolando baixinho enquanto fazia um chá.

— Ele é muito gentil, né?

disse a ela, ela assentiu sem tirar os olhos da chaleira.

— Quem? O Elijah?

perguntou, com um tom casual.

— Claro que estou falando dele! Quem mais seria?

ela riu.

— Não é todo dia que alguém se oferece para nos levar para casa, ainda mais de forma tão... charmosa. E ainda mais, você aceita!

Ah, se ela soubesse. Elijah estava mais "interessado" do que ela poderia imaginar, mas a ideia de contar a verdade sobre o perfil de namoro que criei para ela, me deixa um tanto temerosa.

- Nem começa, ele é um homem respeitoso, e eu trabalho com ele. Ele é um cirurgião famoso e de carreira feita.

- Muita gentileza dele, o senhor respeitoso.

Nem pensar que eu não iria começar. Estou profundamente enfiada nesse plano e, honestamente, quero ver até onde vai. Minha mãe se acha pouco para um homem desses, ela também estudou muito, também fez carreira, é uma ótima instrumentadora, está certo que ela muda de trabalho constantemente, mas nunca se envolveu em escândalo.

— Pois é, ele é super gentil...

murmurou, pegando duas xícaras, me serviu uma, enquanto eu tentava evitar o olhar dela.

Mamãe se sentou à mesa, tomando um gole do chá.

— Sabe, Blair, ele até mencionou algo sobre tomarmos um café depois do expediente. Talvez eu aceite.

Eu quase cuspi meu próprio chá, quando o derramei na boca. Como assim, um café? Talvez isso estava indo rápido demais!

— Um café? Vocês dois? Sozinhos?

Ela deu de ombros, como se não fosse nada demais.

— Por que não? Ele parece uma pessoa divertida... E quem sabe, com o tempo, a gente até se torna bons amigos.

Amigos? Só amigos? Claramente, ela não tinha percebido os olhares que ele estava lançando. Eu me vi em um dilema: contava logo o que estava acontecendo ou deixava essa confusão romântica continuar desenrolando?

— Ah, mãe... Acho que você devia aceitar o café. Vai ser... interessante

sugeri, tentando esconder o sorriso travesso que se formava nos meus lábios.

Ela assentiu, tranquilamente, completamente inconsciente do caos divertido que eu estava criando.

Hailey Miller

Eu estava no quarto da Blair, ajudando-a a escolher o vestido para o baile. Como sempre, ela estava indecisa entre dois vestidos. Um preto clássico e outro vermelho que, sinceramente, a deixava deslumbrante.

— Mãe, o preto ou vermelho?

ela me perguntou pela terceira vez, segurando cada um dos vestidos contra o corpo.

— O vermelho. Sem sombra de dúvida

respondi, enquanto disfarçava uma vibração no celular no bolso da calça.

Blair estreitou os olhos para mim.

— Você tem certeza? Porque o preto parece mais... sofisticado.

— Blair, querida, o vermelho grita confiança. E confiança é algo que você tem de sobra

respondi com um sorriso. Ela fez uma careta de indecisão, e eu aproveitei o momento para verificar rapidamente o celular.

Era Elijah. De novo.

Elijah: "Por que o cirurgião levou uma escada para o hospital?"

Eu rolei os olhos, já antecipando o trocadilho.

Elijah: "Porque ele queria subir de carreira!"

Eu ri baixinho, ele e essas piadas de médico. Tento disfarçar, mas Blair me lançou um olhar desconfiado no espelho.

— O que foi, mãe?

Blair perguntou, olhando para mim com desconfiança, ao me ver esconder o celular apressadamente.

— Nada demais, só mensagens bobas do pessoal do trabalho

Menti, pegando o vestido vermelho e colocando-o em frente ao espelho para ela ver.

— Veste esse e vai arrasar.

Ela deu de ombros e começou a se trocar, enquanto eu desviava os olhos para dar um pouco de privacidade, aproveitando para responder Elijah.

Hailey: "? Está se superando, doutor."

Blair se olhou no espelho, analisando o vestido.

— Acho que o vermelho realmente é melhor

ela finalmente cedeu, alisando o tecido.

— Eu disse!

Falei com entusiasmo, enquanto o celular vibrava de novo. Elijah era rápido.

Elijah: "O que o coração disse para o cirurgião depois de uma cirurgia bem-sucedida?"

Eu já podia sentir que vinha algo absurdo.

Elijah: "Você me consertou!"

Eu tentei conter, mas um riso baixo escapou.

— Mãe, o que é tão engraçado?

— Nada, querida. Nada mesmo. Só... bom humor dos médicos, sabe como é.

Blair não parecia convencida, mas deixou passar, voltando a se concentrar no vestido.

A minha mente, no entanto, estava em outro lugar. Elijah definitivamente não estava falando só de um café casual ontem. Eu sabia que estava metida em algo, e Blair não fazia ideia. Algo que eu poderia, mas não posso me meter, não depois de tanto tempo fugindo.

E eu só pude sorrir, enquanto o celular vibrava de novo no bolso.

Preciso deixar claro que só podemos ser amigos.

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