pátio e conversas | reformatório

Após o café da manhã, Void, Lira, Jax e Kai foram levados ao pátio, um espaço ao ar livre cercado por altos muros e sob a vigilância constante dos guardas. O sol brilhava, mas a atmosfera ainda estava tensa, como um fio prestes a se romper. O pátio era um respiro de ar fresco, mas a lembrança da noite anterior ainda pairava sobre eles.

Os quatro amigos se sentaram em um canto mais afastado, tentando ficar discretos enquanto observavam os outros prisioneiros interagindo.

— É bom estar fora da cela, mesmo que só por um tempo — comentou Kai, olhando para o céu. — Mas ainda me sinto inquieto.

— Eu também — disse Lira, puxando os joelhos para perto do peito. — Ouvindo as conversas ao nosso redor, parece que todos estão nervosos. Ninguém sabe ao certo o que fazer.

Jax, que estava olhando em volta, assentiu.

— É verdade. Todos estão com medo da criatura. Mas precisamos nos manter unidos e conversar sobre isso. Não podemos deixar que o medo nos controle.

Void concordou, olhando para os rostos dos outros prisioneiros. Havia murmúrios de apreensão, e muitos evitavam fazer contato visual.

— Precisamos ter um plano, algo que nos mantenha seguros — disse Void, sua voz firme. — Se soubermos como agir quando a criatura aparecer, podemos aumentar nossas chances de sobrevivência.

— Como poderíamos fazer isso? — perguntou Lira, a preocupação evidente em seu olhar. — Não sabemos exatamente como ela age ou quando aparece.

— Talvez devêssemos tentar observar mais. Ficar atentos ao que acontece ao nosso redor, especialmente durante a noite — sugeriu Jax. — Se conseguirmos identificar padrões, podemos nos preparar melhor.

Kai olhou para os outros, pensativo.

— E se tentássemos conversar com outros prisioneiros? Alguém pode ter visto a criatura ou saber mais sobre como ela se comporta.

Void balançou a cabeça.

— Isso pode ser arriscado. Mas se encontrarmos alguém que já teve uma experiência, pode valer a pena.

A conversa foi interrompida por um grupo de prisioneiros que passavam, rindo e tentando aliviar a tensão do ambiente. Lira observou-os com uma expressão melancólica.

— Como conseguem rir em um lugar como este? — perguntou ela, com um tom de incredulidade.

— Todos lidam com a dor de maneiras diferentes — respondeu Kai. — Alguns preferem ignorar o medo, enquanto outros se afundam nele.

Void olhou para o grupo de risadas, uma sensação de nostalgia invadindo-o.

— Talvez seja uma defesa emocional. Rir pode ser uma forma de enfrentar a realidade — comentou ele, pensativo.

— É, mas nós sabemos que não podemos nos deixar levar pela ilusão de que tudo está bem — Jax acrescentou, seu olhar sério. — Precisamos ficar focados no que é real e no que precisamos fazer para sobreviver.

Enquanto o sol começava a se por, pintando o céu de tons laranja e rosa, os amigos sentiram que, apesar do terror que os cercava, havia um fio de esperança em sua união. Eles estavam juntos nessa luta, e a determinação de enfrentar o desconhecido os tornava mais fortes.

— Vamos nos manter unidos e alertas — disse Void, olhando nos olhos de cada um deles. — Não importa que aconteça, enfrentaremos isso juntos...