Adentrando o Reformatório

Void entrou no Reformatório Peixe Vermelho com uma mistura de curiosidade e apreensão. O ambiente era sombrio, com paredes cinzentas e um ar pesado, como se o próprio lugar fosse impregnado de histórias de pessoas que ali estiveram. Assim que pisou no chão frio, ele percebeu que não estava sozinho. Outros jovens, alguns com olhares desafiadores e outros com expressões de desânimo, observavam sua chegada.

Logo, uma mulher de cabelos curtos e olhos penetrantes se aproximou. Ela se apresentou como a diretora do reformatório.

— Bem-vindo ao PPV. Aqui, as regras são claras, e você vai aprender a se comportar — disse ela, com uma voz firme. — E lembre-se, você não está entre os normais. Muitos aqui possuem habilidades especiais.

Ao olhar ao redor, viu jovens que pareciam emitir uma aura diferente. Alguns tinham cabelos que mudavam de cor, outros podiam fazer pequenas faíscas de energia dançar nas pontas dos dedos. Ele se sentiu deslocado, como um peixe fora d'água.

— Você não tem poder, não é? — perguntou um garoto ao seu lado, com um sorriso malicioso. Ele tinha cabelos brancos e olhos azuis brilhantes. — Isso deve ser difícil. Aqui, todos têm algo a mostrar.

Void respondeu, tentando manter a calma.

— Não preciso de poderes para me defender — retrucou, lembrando-se de sua experiência recente.

O garoto riu, balançando a cabeça.

— Você vai aprender da maneira mais difícil, meu amigo. Este lugar não é para fracos. Se você não tem um poder, precisa usar a cabeça. E, quem sabe, até fazer algumas amizades.

Nos dias que se seguiram, Void se viu cercado por pessoas com habilidades incríveis. Um garoto chamado Leo podia manipular o fogo, enquanto uma garota chamada Maya tinha o dom de controlar a água. Eles eram admirados e respeitados, enquanto Void se sentia como se estivesse fora da dinâmica.

No reformatório, os alunos eram divididos em grupos de acordo com suas habilidades. Os mais poderosos eram tratados com mais liberdade, enquanto os que não tinham poderes, como Void, eram frequentemente deixados de lado. No entanto, ele não estava disposto a se deixar abater. Ele observava e aprendia, buscando entender como aqueles jovens usavam suas habilidades para se proteger e se impor.

Certa tarde, enquanto todos estavam reunidos no pátio, uma briga começou entre dois alunos. Leo e Maya estavam no meio da confusão, usando seus poderes para se defender. Void, em vez de ficar parado, decidiu agir. Ele se aproximou da briga, fez os dois disviarem os ataques e gritou:

— Parem! Isso não vai levar a lugar nenhum!

Todos pararam e olharam para ele, surpresos. A tensão diminuiu por um momento, e Void percebeu que, mesmo sem poderes, sua voz tinha um impacto. Ele não precisava de habilidades mágicas para fazer a diferença.

— Se vocês continuarem assim, vão acabar se machucando de verdade! — continuou ele, tentando apelar para a razão deles.

Os alunos, inicialmente céticos, começaram a se acalmar. Void sentiu um impulso de coragem e, naquele momento, percebeu que, embora não tivesse poderes, tinha algo que poderia usar: sua determinação e habilidade de liderança.

Com o tempo, ele começou a ganhar respeito entre os outros. Mesmo sem poderes, Void encontrou seu lugar no reformatório. Ele se tornou uma espécie de mediador, ajudando a resolver conflitos e a unir os alunos. Embora a luta contra a adversidade fosse constante, ele se sentia mais forte a cada dia.

Enquanto olhava para o horizonte, Void decidiu que não importava se não tinha poderes. Ele encontraria seu próprio caminho e mostraria a todos que a verdadeira força vem de dentro. No Reformatório Peixe Vermelho, ele poderia não ser como os outros, mas isso não o tornava menos importante. Ele estava pronto para enfrentar o que viesse pela frente, determinado a descobrir seu verdadeiro potencial em um mundo cheio de desafios.