— Vamos ver. Será que você vai aceitar tudo que eu impor? — O sorriso nos lábios de Bernardo era uma provocação maldosa, uma armadilha. Ele acreditava que tinha finalmente encontrado a chave para me fazer desistir. Mal sabia ele que eu não tinha o luxo de recuar, não importava o absurdo que viesse. Eu precisava daquele casamento, custasse o que custasse.
— Tente. Sou muito mais determinada do que você imagina. Se eu disse que daqui a um mês estaremos casados, assim será. Não importa o quão absurdo seja o que você me exigir. — Minha voz saiu firme, com uma convicção que eu nem sabia que possuía.
Ele riu, satisfeito com o que acreditava ser uma vitória iminente. — Vamos ver. Será um contrato de um ano. Nesse tempo, você não poderá se envolver com ninguém. Nada de escândalos, de polêmicas. Além disso, dormirá todas as noites na minha cama. E jamais, sob hipótese alguma, poderá fazer algo sem me informar antes. Eu devo estar ciente de cada passo seu, de cada pensamento que passar pela sua cabeça. Em troca desse casamento, você abrirá mão da sua liberdade. Será minha. Fará tudo o que eu mandar. Está disposta a fazer isso? — A vitória brilhava nos olhos dele.
Senti uma chama de desafio crescer dentro de mim. Era claro que ele queria me quebrar, testar meus limites. Talvez ele fosse, de fato, controlador. Mas isso não importava. Um ano. Apenas um ano. Eu suportaria qualquer coisa por minha família. E por mim.
— Onde fica o seu escritório? — Perguntei, deslizando da bancada com um sorriso frio. Ele poderia me tratar como uma boneca por um ano, mas eu não me importava. Eu lidaria com as consequências quando elas viessem.
Bernardo me olhou, confuso e levemente frustrado. Ele realmente achava que aquelas condições iriam me abalar. — O que você quer no meu escritório?
— Vamos redigir um contrato. Colocar todas as suas exigências e as minhas. Assim, ninguém poderá voltar atrás. — Respondi, meus olhos buscando ao redor por uma pista de onde seria o escritório.
Ele suspirou, quase com compaixão. — Você abriria mão da sua liberdade por isso? Noemi, você tem apenas vinte e um anos. Uma vida inteira pela frente. Esse casamento não vai fazer bem para o seu futuro. Você será lembrada como a ex-esposa do presidente, envolvida com pai e filho. Isso pode destruir sua reputação, sua carreira. Eu sei que está pensando na sua família, mas deveria pensar em si mesma. No final, só você vai sair perdendo.
Bernardo podia ser mais humano do que eu imaginava. Mas seus avisos não me abalavam. — Eu sei de tudo isso. Sei que parece insano, imaturo, mas cada decisão que tomo é calculada. Eu quero esse casamento. Quero proteger minha família. E quero minha vingança. O que os outros pensam de mim não importa. O que importa é como eu me vejo. E eu sou muito mais do que "a esposa do presidente", muito mais do que "a filha dos Matarazzos". Eu não vou me encaixar nas caixas que me impõem. Esse ano ao seu lado? Não mudará quem eu sou. — Naquele momento, eu acreditava plenamente nas minhas palavras. Mal sabia eu o que o destino ainda me reservava.
Ele me encarou, mais frio do que nunca, e pela primeira vez senti um arrepio percorrer minha espinha. — Se você tem tanta certeza, eu aceito seu acordo. Mas tenho mais duas condições. E são inegociáveis.
Meu coração deu um salto, mas mantive a calma. — Duas condições? Duvido que sejam piores do que me exigir a liberdade. Eu aceito. — Eu estava tão aliviada por ele ter concordado que, na minha ingenuidade, pensei que o pior já tinha passado.
— Primeira: se você se apaixonar por mim, o contrato será cancelado imediatamente. E nesse caso, você e sua família estão proibidos de mencionar meu nome pelo resto da vida. — A seriedade na voz dele era cortante.
Minha resposta foi imediata, sem hesitação. — Não se preocupe. Eu ainda amo seu filho. Meu coração está machucado, ocupado. Você pode ser atraente, mas é impossível que eu me apaixone. Se depender de mim, nunca mais amarei ninguém. — Disse com uma confiança que, naquele momento, parecia inabalável.
Ele sorriu, mas seu olhar ficou ainda mais sombrio. — Fico feliz em ouvir isso. Agora, a segunda e última condição: se você engravidar, terá duas opções. Ou abre mão de seus direitos como mãe, ou aborta. Não permitirei que haja qualquer ligação entre nós quando esse ano acabar. E jamais aceitarei que você seja mãe de um filho meu. Entendido?
Eu engoli em seco. Bernardo já não era o homem que eu imaginava, e aquelas palavras revelavam um abismo dentro dele. — Entendido. — Respondi, tentando manter minha voz firme, enquanto um pressentimento gelado me envolvia.
Naquele momento, eu ainda não compreendia o quanto essas duas condições mudariam o rumo toda minha vida.
— Então vamos redigir esse contrato. Preciso ligar para o advogado para soltar meu filho. Leoni foi preso ontem por posse de drogas, mas acabou tentando chantagear os policiais, depois subornar. Sem contar que menosprezou o delegado. Aquele menino só me arruma problema. Por hoje, quero deixar ele dormir na delegacia para ver se aprende alguma coisa nessa vida. — Bernardo voltou a ter a voz gentil, aquilo me surpreendeu bastante. Será que eu tinha feito uma escolha errada? Bem, não tem opção.
— Eu posso ir liberar ele. Sou advogada. Posso resolver isso amanhã. — Estava nos meus planos, prender Leoni e também soltar, mas não exatamente como seu pai desejava— Faremos o contrato e depois, resolverei esse problema. Combinado?
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Atualizado até capítulo 166
Comments
Adiji Abdallah
Vão se apaixonar ❤️❤️
2025-01-27
1
🌹
Será que o Bernardo é bonito ou feio como os outros presidentes do Brasil 😁🤭🤭
2024-10-27
2
Ju Lopes de Almeida
Imaginando como ela com 21 anos já é formada em direito...
2024-10-24
2