Doce Sabor da Vingança
Naquele dia, a verdade me atingiu como uma tempestade furiosa, uma força incontrolável que arrasou qualquer resquício de esperança ou sanidade. Era como se o roteirista da minha vida, um sádico invisível, gargalhasse enquanto tramava novos desafios, me jogando de cabeça em um abismo de caos. Eu podia quase ouvir sua voz debochada: "Agora, ela vai perder o controle. Será que vai acabar num manicômio ou algemada, envolta em sua própria tragédia?". Não havia outra explicação para o turbilhão que se desenrolava diante de mim, como se a realidade fosse um pesadelo orquestrado para me empurrar ao limite.
Era a noite do meu tão aguardado jantar de noivado, o momento que eu havia sonhado durante tanto tempo. Nos últimos dias, eu me dediquei de corpo e alma para que cada detalhe fosse perfeito, cada instante, uma memória inesquecível. No entanto, o destino, com sua crueldade inesperada, reservava para mim um golpe que eu jamais poderia prever. Do outro lado da porta do banheiro, o som abafado de uma conversa surgiu, uma verdade amarga que cortou minha alma como uma lâmina fria. A voz que eu tanto amava, aquela que deveria ser do meu futuro marido, trazia palavras que nunca deveriam ter chegado aos meus ouvidos junto com a voz de Gardênia, minha irmã mais nova. Naquele momento, todo o meu mundo cuidadosamente construído começou a desmoronar.
Eu estava ali, imóvel, o coração batendo tão forte que parecia ecoar pelo banheiro vazio. Cada palavra que vinha do quarto parecia rasgar o ar, atingindo-me como um golpe certeiro.
— Leoni, você realmente acha que pode continuar com esse teatro patético? — A voz de Gardênia estava carregada de dor e raiva, um misto de desespero e revolta que eu jamais ouvira antes. — Como você espera que eu olhe nos olhos da minha irmã depois disso? Eu estou grávida do noivo dela! Do seu filho, Leoni! Que tipo de monstro você pensa que eu sou? Não posso mais continuar com isso. Precisamos contar a verdade! Não podemos deixar que o noivado de vocês aconteça, de forma alguma.
O som da porta batendo reverberou pela casa, ecoando na minha mente como o prenúncio de uma tempestade que estava prestes a me engolir. Leoni, o homem que deveria ser o meu noivo, o meu amor, respondeu com uma frieza que gelou meu sangue.
— Grite mais alto, Gardênia, talvez os convidados no salão não tenham escutado — O sarcasmo gélido dele cortou o ar como uma lâmina afiada. — O que você quer que eu faça? Desça lá, na frente de todos, e diga o quê? Que cancelei o noivado com a herdeira de um conglomerado em ascensão porque dormi com a minha cunhada e agora ela está grávida? Ninguém com a sanidade intacta estragaria sua vida dessa forma.
Minhas pernas tremiam, e eu mal conseguia respirar. "Grávida?" Essa palavra ecoava na minha mente, se repetindo, cada vez mais alta. Um nó se formava na minha garganta, enquanto eu tentava entender. Como ele pôde...? Como eles puderam...? Tudo o que tínhamos... era mentira?
— Sim, isso é exatamente o que quero. Eu estou grávida do seu primeiro filho. — Gardênia continuou, sua voz fria e calculada. — Acha que me sinto bem te vendo desfilar com minha irmã, com esse sorriso falso, sendo carinhoso com ela? Ela é toda certinha, boazinha, sempre preocupada com os outros e com o certo. Completamente diferente de você, que só pensa no seu próprio umbigo. Não é melhor acabar com tudo isso antes que vá ainda mais longe? E aliás, eu também sou herdeira do conglomerado.
Gardênia... minha irmã. Eu sempre a vi como uma parte de mim, uma extensão do que eu era. E agora, cada palavra que ela dizia era um golpe, me partindo ao meio. Como ela pôde? Como aquilo aconteceu?
Leoni soltou uma risada amarga, sua voz repleta de desprezo.
— Tem alguém melhor do que ela para se converter em minha noiva justamente por conta dessa personalidade sem sal? — Ele cuspiu as palavras. — Óbvio que não. Noemi é uma tola. Confia em mim de olhos fechados, sem questionar. Eu preciso de alguém fácil de se lidar, alguém que eu possa manipular sem qualquer dificuldade. Quem trocaria uma mulher assim por alguém que pode apunhalar pelas costas na primeira oportunidade? Quem seria o idiota que te escolheria, Gardênia? Vocês duas podem ser gêmeas, mas são tão diferentes quanto o dia e a noite.
Cada palavra dele era um soco. Ele falava de mim como se eu fosse uma peça descartável em sua vida. Uma marionete. O amor que eu achava existir... nada mais era do que uma jogada estratégica. Eu, a tola, a submissa. Meu coração se despedaçava em mil pedaços, e eu queria chorar, gritar, mas estava paralisada.
— Eu sei a verdade, Leoni. — Gardênia disse, sua voz agora mais controlada, mas ainda carregada de amargura. — Você me contou naquele dia, quando estava bêbado. Você quer que seu pai te reconheça. Precisa de alguém que traga benefícios para a campanha dele, por isso se aproximou da minha irmã. Tudo isso é para garantir o financiamento que você precisa para abrir sua empresa. Acha que seu pai vai te apoiar quando souber que você engravidou a cunhada? O que ele vai dizer quando eu contar tudo? A campanha dele vai suportar a imagem de um filho pervertido?
A ameaça pairou no ar, pesada como uma nuvem de tempestade. Leoni estava encurralado, mas não parecia abalado, apenas irritado pela inconveniência.
— Eu estava bêbado, foi um erro.— Ele disse, seco, como se aquilo fosse suficiente para justificar tudo. — Mas estou pronto para criar essa criança. Já te disse que não vai faltar nada. Só que não vou anular o casamento. Não posso destruir a confiança que meu pai deposita em mim, não agora, durante a campanha dele para a reeleição. Se eu cancelar o noivado, sua família vai retirar o apoio e o financiamento. E eu preciso desse dinheiro. Você vai ter que aguentar. Quem mandou me seduzir quando eu estava bêbado?
Eu senti como se o chão estivesse desabando sob meus pés. Ele falava com tanta frieza, como se a culpa fosse de Gardênia, como se eu... como se eu nunca tivesse significado nada para ele.
— Incrível como você tenta se passar por inocente. — Gardênia rebateu, sua voz fervendo de indignação. — Se estivesse tão bêbado assim, eu não estaria grávida. E não finja que foi só um erro. Você voltou para minha cama várias vezes desde aquele dia. Até quando minha irmã estava em casa. Não se atreva a me culpar pela sua falta de caráter!
O silêncio que se seguiu foi como uma facada final. Meu peito ardia, como se cada pedaço do meu coração estivesse sendo esmagado. Eles... haviam me traído tantas vezes. Tantas vezes.... Como eu não percebi?
— Se você não resolver isso até o fim da noite, eu mesma vou descer e contar tudo.— Gardênia lançou seu golpe final, sua voz firme. — E quando eu fizer, Leoni, vai ser um show que você jamais vai esquecer. Eu posso ser muito pior do que imagina quando contrariada.
Eu não aguentava mais ouvir. Minhas pernas fraquejaram, e me escorei na parede, tentando não desabar completamente. Lágrimas silenciosas escorriam pelo meu rosto enquanto o eco das últimas palavras dela ainda vibrava no ar.
O som da porta se abrindo ecoou, e então ouvi a voz de Leoni, desesperada.
— Gardênia, espera! Não podemos simplesmente...
Mas ela já havia partido. E junto com ela, qualquer esperança que eu ainda tinha de tudo aquilo ser apenas um grande engano. Não havia restado nenhuma dúvida. Meu noivo estava tendo um caso com a minha irmã.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 166
Comments
Maria Aparecida Monteiro Firmino Cida
e a soninho da irmã dela tão inocente 😇 coitadinha
2024-11-09
0
Dara Uchiha
Você podia ter falado NÃO, eu estou comprometido, mas não foi lá e se jogou sem pensar na consequência, e ainda colocar a culpa na bebida
2024-09-25
0
Luciana 🥰
Oi autora já estou aquikkkkkk. Que babado hein...dois mau caráter 😡😡😡😡😡😡😡
2024-09-20
0