— O que você acabou de dizer? Acho que entendi errado. — Bernardo riu, uma gargalhada cheia de incredulidade. — Acabei de ouvir que a noiva do meu filho está me pedindo para casar com ela. Olha que absurdo! — Ele continuou rindo, como se estivesse diante da piada mais ridícula que já ouvira, tentando deixar claro que a ideia era impossível, inalcançável.
Mas eu não recuei. **Minha voz era firme**, mesmo diante de sua incredulidade.
— Não, o senhor ouviu corretamente. Quero me tornar sua esposa, mas apenas por um ano. Algo como um contrato. É só disso que preciso. Depois desse tempo, vou desaparecer, como sempre fiz. Se quiser anunciar um divórcio, tudo bem. Se não, ninguém saberá de mim. — Expliquei meu plano de forma direta, sem titubear. Claro, deixei de fora os detalhes mais profundos, os motivos sombrios que me levavam a fazer aquilo. Mas o essencial, ele já sabia.
Bernardo cruzou os braços, me avaliando com um olhar frio.
— E por que eu me casaria com uma jovem com a metade da minha idade? Ainda mais em um ano de eleição? Você tem noção do estrago que isso causaria na minha campanha? — Ele balançou a cabeça em descrença. — Você não está pensando direito. Vou te levar para casa. Amanhã, quando estiver mais calma, diga ao meu assessor quanto dinheiro você quer, e eu farei a transferência.
Ele me conduziu até o carro, com uma gentileza mecânica, quase irritada. Abriu a porta do passageiro, esperando que eu entrasse. Mas antes que pudesse me acomodar, soltei a carta que vinha segurando.
— Eu sei sobre o acordo que fez com a minha mãe. — Minha voz era um sussurro cortante. — Ouvi tudo. Do começo ao fim.
Vi o choque breve em seus olhos. Eu havia dito exatamente o que ele jamais imaginou que eu soubesse. Um pacto entre as famílias, um casamento forçado para proteger nossos segredos e manter ambos os lados intactos. Eu sabia o suficiente para derrubá-lo.
— Você anda ouvindo mais conversas do que devia. — A voz dele ficou mais dura. — Se está preocupada com seu pai, mantenha o pacto. Case com meu filho. Daqui a um ano, chute a bunda dele e tire tudo que ele tem. Deixe-o sem nada. Parece uma boa vingança, e você ainda salva o seu pai. Todos ganham.
O desprezo em sua voz era inegável. Ele nem cogitava a possibilidade de se casar comigo. Mas eu estava longe de desistir.
— E se eu jogasse na mídia que o filho do presidente está tentando dar um golpe na minha família? Que ele queria se casar comigo só para me usar e, ainda por cima, engravidou minha irmã? — Minhas palavras cortaram o silêncio, como uma faca afiada. — Como isso afetaria sua campanha, Bernardo? Um homem que sequer pode controlar o próprio filho, capaz de destruir a vida de uma jovem e sua família, vai liderar um país? Como você espera administrar uma nação, se nem sua casa você consegue manter em ordem?
Eu sabia que o estava ameaçando, mas não havia outra escolha. Eu estava presa naquele jogo, e agora, era minha vez de fazer as regras.
— Você... perdeu o juízo. — Ele parecia em choque, mas tentou esconder o nervosismo com desprezo. — Vou te levar para casa. Acabou. Eu não vou casar com uma garota de vinte anos que ainda está apaixonada pelo meu filho e acha que pode me usar para se vingar dele.
Bernardo me empurrou para dentro do carro, fechando a porta com um estalo, antes de dar a volta e entrar no lado do motorista. Mas eu não estava derrotada.Longe disso.
— Onde fica sua casa? — ele perguntou, a voz tensa.
Eu respirei fundo, decidida.
— Na sua. Afinal, você é meu noivo agora. Vamos nos casar em um mês. — Eu disse com convicção. Aquilo não era uma súplica. Era uma declaração. Uma verdade que ele precisaria aceitar.
Ele me olhou, perplexo. Eu podia sentir sua confusão misturada à raiva.
— Você está me dizendo que sua vontade de vingança é maior que o amor que sente pelo meu filho? Que você está disposta a casar com o pai dele só para feri-lo?
Eu segurei o olhar dele, implacável.
— A vingança é proporcional ao amor que eu sentia por ele. — Minhas palavras eram frias, mas sinceras. — Sim, eu quero vê-lo sofrer. Quero que ele sinta o que eu senti quando me traiu com a minha própria irmã. Não vou fingir. E, acima de tudo, eu não posso me casar com ele. Não consigo suportar sua presença. Nem seu nome. Mas eu vou proteger meu pai, e manterei o acordo que você fez com minha mãe. Então, sim, eu vou me casar com você. E se você não aceitar, contarei a todos que o filho do presidente é um traidor, e que minha irmã está grávida dele. Se minha família cair, a sua cai junto.
Eu não desviei o olhar. Eu não tinha mais medo.
— Você é completamente maluca. — Ele disse, ligando o carro com força.
Enquanto ele acelerava, vi os pinheiros passando depressa pela janela. A noite estava cada vez mais escura.
— Para onde estamos indo? — perguntei.
— Para minha casa, já que você não quer me dizer onde mora. — Ele respondeu com a voz mais calma, embora o tom permanecesse firme. — Amanhã, quando você estiver mais tranquila, conversaremos sobre isso. Não tome decisões movida pela raiva.
Eu sorri de leve. Em outra ocasião, eu poderia concordar. Mas não agora.
— Minhas decisões não foram tomadas pela raiva. Se eu tivesse deixado a emoção me dominar, eu teria exposto tudo naquela mesa de jantar. Mas eu engoli a dor. Fiz isso pela minha família. E agora, a decisão que tomei também é por ela. A vingança virá, com ou sem casamento. A única diferença é se você estará ao meu lado, ou verá tudo que construiu desmoronar em um estalar de dedos.
Bernardo ficou em silêncio, mas eu sabia que ele estava pensando. Sabia que estava considerando a única saída que lhe restava. O casamento era a decisão mais lógica nessa situação. É a forma de proteger a todos, algo muito além da vingança em si.
Eu estava decidida. E não havia mais volta.
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Atualizado até capítulo 166
Comments
Adiji Abdallah
🤔🤔🤔😕
2025-01-26
1
Vanildo Campos
😢😢🤔🤔🤔🤔
2024-10-18
1
🌸 Alessandra 🌸
a vingança vai acontecer, escolha um lado, Bernardo
2024-10-12
1