Capítulo 17

...— Diga-me a verdade —...

Milla permaneceu em silêncio, seu corpo ainda tenso sob os lençóis. A dor e o desconforto eram um lembrete do que havia acabado de acontecer. Apesar de Amir não ter completado o ato, a intimidade que compartilharam a deixou dolorida e assustada. Ela sentiu algo molhado entre as pernas e, com um pavor crescente, percebeu que era um pouco de sangue.

Amir, impaciente e furioso, não conseguia conter sua frustração. Ele se levantou da cama com um movimento brusco, seus olhos queimando de raiva. A tensão no ar era tensa, quase sufocante.

— Responda, cacete! Por que mentiu para mim? — exigiu ele, a voz carregada de fúria e decepção, enquanto massageava a têmpora.

Milla apertou os lençóis contra o corpo, tentando cobrir-se ainda mais, como se pudesse se proteger da fúria dele. Seu coração batia descompassado, e ela sabia que não tinha mais como escapar da verdade. As palavras de Amir a atingiram como um soco, ecoando em sua mente. Ela sabia que tinha mentido, mas enfrentar as consequências disso agora era apavorante.

— Tudo bem, tudo bem, sim, eu menti — admitiu ela, a voz trêmula, quase um sussurro, mas que soou mais alto do que pretendia. 

— Por que mentiu? Por quê? — a voz de Amir se ergueu novamente, ecoando pelo quarto, carregada de frustração e incredulidade. Ele se aproximou dela, os olhos estreitados, esperando uma resposta. Ele parecia uma força da natureza, avassalador e implacável, exigindo a verdade que ela temia revelar.

Milla sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos, mas lutou contra elas, recusando-se a deixar que ele a visse chorar. Não queria que ele percebesse o quanto a situação a afetava, o quanto ela se sentia pequena e indefesa diante dele. Ela mordeu os lábios com força, tentando se controlar, tentando encontrar as palavras certas. Mas as palavras não vinham. A verdade era que ela estava aterrorizada com o que Amir poderia fazer agora que sabia a verdade. O silêncio dela só parecia alimentar a raiva dele.

Amir não estava disposto a esperar mais. Ele agarrou o lençol, puxando-o com força, revelando o corpo dela, exposto e vulnerável. Milla arfou, surpresa e assustada com o gesto abrupto. O calor subiu ao seu rosto, a humilhação crescendo dentro dela. Ela cruzou os braços sobre o peito, tentando cobrir-se o máximo que podia, mas a sensação de estar completamente à mercê dele a deixava ainda mais assustada.

— Estou fazendo uma pergunta simples e direta, então me responda, eu quero saber! — ele insistiu, a voz grave e cheia de autoridade, deixando claro que não aceitaria mais evasivas.

Milla sentiu-se encurralada. Não havia mais como fugir. Amir estava diante dela, implacável, exigindo uma explicação que ela não sabia como dar. Cada palavra parecia um desafio impossível de superar, cada olhar dele uma acusação. Ela sabia que qualquer resposta que desse poderia piorar ainda mais a situação. A verdade era perigosa, mas o silêncio também.

Ela olhou para Amir, os olhos dele brilhando com uma mistura de raiva e algo mais profundo, talvez mágoa. Aquilo a confundia e a assustava ainda mais. Ele era um homem poderoso, acostumado a ter controle sobre tudo, e sua mentira tinha desestabilizado essa certeza. Milla podia ver o conflito nos olhos dele, mas não sabia como remediar a situação.

— Eu... eu não queria me casar com você — ela finalmente conseguiu dizer, a voz quase inaudível. — E quando vi sobre você e sua bela amante, eu amadureci a ideia na cabeça, não me culpe, porque você também tem culpa.

Amor à encarou, seus olhos escurecendo ainda mais. Ele não disse nada por um momento, deixando o silêncio se estender, como se estivesse processando as palavras dela. Cada segundo parecia uma eternidade para Milla, que agora se perguntava se tinha dito algo que pudesse acalmar a tempestade que se formava dentro dele, ou se havia dito algo para enfurece-lo mais ainda. 

— Você realmente pensou que mentir seria a melhor opção? — Amir finalmente perguntou, sua voz baixa, mas carregada de emoção. Ele parecia menos furioso agora, mas a tensão ainda estava presente, densa no ar.

Milla não conseguia encontrar uma resposta que pudesse aliviar a situação. Ela simplesmente assentiu, uma lágrima solitária escapando do controle que tentava manter. Amir observou a lágrima deslizar pelo rosto dela, e por um momento, algo no semblante dele suavizou, mas foi tão breve que ela mal teve tempo de notar.

Ele se afastou um pouco, respirando fundo, como se tentasse controlar as emoções que o dominavam. O olhar de Amir ainda estava fixo em Milla, mas havia uma nova intensidade ali, algo que a fez sentir um arrepio percorrer sua espinha.

— Eu não sou um homem que perdoa mentiras facilmente, Milla — ele disse, sua voz mais controlada, mas ainda firme. — Mas agora que sabemos a verdade, teremos que lidar com as consequências. Eu estava aguardando você para casarmos, e só então depois do casamento eu teria que possuí-la, mais por conta de sua mentira, me fez fazer isso antes do casamento. Droga! Era para ser um dia especial para ambos, mas olha o que a mentira causa. 

As palavras dele soaram como uma sentença, e  Milla sabia que tinha cruzado uma linha ao mentir para Amir, e agora tudo havia mudado entre eles. O futuro era incerto, mas uma coisa era clara: as coisas nunca mais seriam as mesmas, e ela tinha certeza disso. 

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