Capítulo 06

...— Uma Decisão Imediata —...

Quando Milla ouviu as palavras de Amir sobre o casamento, e a revelação de que seria dentro de dois dias, sentiu um tremor profundo que se espalhou por todo o seu corpo. Seus braços e pernas tremeram incontrolavelmente, e ela precisou se apoiar na mesa para não cair. O choque e o desespero eram palpáveis, e sua mente estava girando a mil por hora, tentando processar o que acabara de ouvir.

Ela esperava que um noivo, especialmente alguém como Amir, o sheik mais respeitado e poderoso da região, tivesse algum gesto romântico. Pelo menos, imaginava que ele viesse até sua casa, ajoelhasse-se diante dela e fizesse um pedido formal, deslizando um anel de compromisso em seu dedo. Essa era a ideia de um pedido de casamento que ela tinha em mente, um gesto tradicional e cheio de significado.

Mas Milla sabia que Amir não era qualquer homem. Ele era o sheik de Al-Hazan, uma figura de autoridade e respeito que não se conformava com as convenções comuns. Já ouvira dele que não esperasse amor de sua parte, que o casamento seria apenas um acordo, uma formalidade necessária para cumprir com os deveres e expectativas familiares. Ele havia sido claro ao dizer que daria prazer e cuidaria dela como uma esposa, mas o romance, para ele, parecia ser um conceito distante e irrelevante.

Ela se sentou, tentando recuperar a compostura. As palavras de Amir ecoavam em sua mente, e a sensação de impotência era esmagadora. Ela sabia que precisava enfrentar essa nova realidade com dignidade, mesmo que suas esperanças e sonhos sobre um casamento romântico estivessem se desmoronando.

Ainda tentando processar o que havia acontecido, Milla olhou ao redor da sala, procurando algum tipo de conforto. O ambiente da festa continuava alegre e animado, mas para ela, tudo parecia estar em câmera lenta. As risadas e conversas ao fundo eram um som distante, uma trilha sonora que parecia ignorar seu estado emocional devastado.

Alí, seu primo, que estava perto, notou seu desconforto e se aproximou com um olhar preocupado.

— Milla, você está bem? Vi que parecia abalada depois da ligação.

Milla forçou um sorriso, tentando disfarçar a angústia que estava sentindo.

— Sim, Alí, estou bem. Só... surpresas que a vida nos reserva, sabe?

Ele franziu a testa, mas respeitou sua privacidade e não insistiu.

— Se precisar de alguma coisa, estou aqui.

Ela agradeceu com um aceno de cabeça e voltou a pensar em Amir. O que ele esperava dela? Como ela poderia se preparar para um casamento que parecia ser tão impessoal e apressado? A ideia de ser casada com um homem que não compartilhava seus sentimentos e não acreditava em gestos românticos a fazia sentir-se ainda mais isolada.

Enquanto a festa prosseguia, Milla tentou participar das conversas e manter a aparência de normalidade, mas a mente dela estava longe dali. Cada vez que alguém a cumprimentava ou fazia um elogio, ela respondia mecanicamente, seu sorriso se tornando uma máscara para esconder o tumulto interior.

Mais tarde, quando a festa estava desacelerando e as pessoas começavam a se despedir, Milla se retirou para um canto mais tranquilo. Precisava de um momento para refletir e reunir suas forças antes de enfrentar a nova realidade que Amir havia imposto a ela.

Com o celular em mãos, ela tentou ligar para uma amiga próxima, alguém com quem pudesse desabafar. No entanto, a ligação não foi atendida, e Milla se viu novamente sozinha com seus pensamentos. A ideia de um casamento em dois dias era surreal, um turbilhão que parecia estar fora de seu controle. Ela pensava em como sua vida estava prestes a mudar drasticamente, e em como estava sendo forçada a entrar em uma nova fase sem ter a chance de se preparar adequadamente.

Amir havia sido claro em suas intenções, e Milla sabia que era inútil esperar por um gesto romântico ou qualquer forma de sentimento que pudesse suavizar a situação. Ela precisava aceitar que seu futuro estava sendo decidido sem seu verdadeiro consentimento ou participação emocional. A realidade era que ela estava prestes a se casar com um homem que via o casamento como uma formalidade e não como uma união baseada em afeto.

Enquanto observava a cidade iluminada através da janela, Milla se perguntava como seria a vida ao lado de Amir. O que ela poderia esperar de um casamento com alguém que não compartilhava suas esperanças e sonhos? A incerteza era opressiva, e a sensação de estar sendo colocada em uma situação para a qual não estava preparada era esmagadora.

Ela sabia que precisava encontrar uma maneira de lidar com isso, de se adaptar à nova realidade que Amir havia imposto. A decisão de casar em dois dias não deixava espaço para mais preparações ou dúvidas, e ela teria que enfrentar o futuro com a coragem que ainda não tinha certeza se possuía.

Milla fechou os olhos por um momento, tentando encontrar alguma paz interior, e fez uma promessa silenciosa a si mesma: iria enfrentar essa nova fase com dignidade e força, independentemente do que o futuro reservasse ou optaria por inventar alguma mentira, para sair dessa prisão. Ela abriu os olhos e decidiu pela a última opção.

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