Capítulo 09

...— A Ligação —...

Amir saiu do escritório e caminhou lentamente até seu quarto, sentindo o peso dos acontecimentos do dia. Ele tirou a roupa com pressa, jogando-a sobre uma cadeira, e foi direto para o banheiro. A água quente do chuveiro escorreu sobre sua pele, relaxando seus músculos, mas não conseguia dissipar o turbilhão de pensamentos em sua mente. Ele sabia que seu casamento com Milla estava se aproximando, e isso o deixava inquieto.

Após o banho, Amir se vestiu com sua roupa de dormir, um pijama de seda escura que contrastava com sua pele bronzeada. Ele estava prestes a deitar-se quando seu celular tocou, vibrando no criado-mudo ao lado da cama. Ao olhar para a tela, viu o nome de Penélope. Suspirou profundamente antes de decidir atender, esperando até a quarta chamada para finalmente pegar o telefone.

— O que quer? — Amir perguntou com a voz fria, já antecipando o tom da conversa.

— Porque não atendeu as minhas ligações? Estou tão feliz em ouvir a sua voz — disse Penélope com uma doçura que Amir já conhecia bem. — Poderia vir aqui amanhã ou depois para nos divertirmos um pouco, o que acha?

Amir fechou os olhos por um momento, lembrando-se de como, em outros tempos, teria aceitado a proposta sem hesitar. Penélope sempre foi uma companhia agradável e, aos 45 anos, ainda mantinha uma aparência invejável. Sua vaidade a fazia parecer muito mais jovem, e seu corpo bem cuidado sempre havia sido uma tentação para Amir. Mas, desta vez, ele não sentia o mesmo desejo de antes.

— Penélope, preciso te falar uma coisa... — ele começou, com a voz mais séria do que o habitual.

— Venha e me conte pessoalmente, estou sentindo sua falta — ela interrompeu, insistente, sem perceber o tom diferente de Amir.

— Vou casar — ele declarou, direto, sem rodeios.

Do outro lado da linha, houve um breve silêncio, seguido por uma risada incrédula.

— E o que quer que eu faça? Que eu o parabenize? — Penélope perguntou, sua voz agora carregada de frieza.

— Nosso relacionamento foi só por uma noite, e você sabe disso. Embora eu não devesse dizer nada! Mas obrigado pelos seus parabéns — Amir respondeu, tentando manter a compostura diante da reação dela.

Penélope, no entanto, não deixou passar a oportunidade de questionar. Havia um tom de raiva em sua voz quando perguntou:

— Quem é ela?

— Milla — Amir respondeu calmamente, já antecipando a próxima reação de Penélope.

— Ah, claro, Milla... o que viu nela? — Penélope continuou, agora com um tom de desprezo. — Não é tão bonita quanto as mulheres que você se acostuma a ficar.

Amir sentiu a tensão aumentar. Ele conhecia Penélope o suficiente para saber que ela não deixaria o assunto morrer tão facilmente.

— Penélope... — ele tentou acalmá-la, mas foi interrompido mais uma vez.

— Ela está feliz, com toda certeza. Qual a mulher que não ficaria? — Penélope soltou, sua voz carregada de sarcasmo.

Amir sentiu uma pontada de irritação, mas se controlou. Ele sabia que Penélope estava apenas tentando provocá-lo, e ele não queria prolongar essa conversa.

— Isso não é da sua conta — ele disse finalmente, sua voz firme. — O que tínhamos foi divertido enquanto durou, mas acabou.

Do outro lado da linha, Penélope bufou de frustração. Ela não estava acostumada a ser dispensada, especialmente por Amir, que sempre parecia disposto a ceder aos seus encantos.

— Você vai se arrepender, Amir — ela disse, sua voz agora com uma mistura de raiva e amargura.

— Talvez — ele respondeu, indiferente. — Mas essa é a minha decisão.

— Você pode voltar atrás, você sabe disso. Porque não manter nosso caso, você pode casar e ter quantas mulheres quiser.

— Não quero, já decidi que me casarei com uma só mulher, ela será minha esposa, amante e amiga.

Houve um silêncio tenso, e Amir esperou que Penélope fosse desligar, mas em vez disso, ela continuou:

— Não pense que vou esquecer isso tão fácil. — Sua voz agora estava mais baixa, quase um sussurro cheio de ameaça.

— Eu não espero que esqueça — Amir respondeu com calma. — Mas isso não muda nada.

Penélope suspirou pesadamente do outro lado, talvez percebendo que suas palavras não teriam o efeito desejado.

— Boa sorte, Amir. — Ela finalmente disse, sua voz voltando a ser doce, mas desta vez soando forçada. — Você vai precisar.

Amir desligou o telefone sem dizer mais nada. Ficou em pé por um momento, olhando para o aparelho em sua mão, antes de jogá-lo de volta no criado-mudo. As palavras de Penélope ecoaram em sua mente, mas ele não permitiu que elas o afetassem. Ele sabia que sua decisão de casar com Milla estava tomada, e não havia nada que pudesse mudar isso.

Deitando-se na cama, Amir tentou relaxar, mas a conversa ainda o incomodava. Ele sabia que Penélope não era uma mulher que aceitava bem a rejeição, e isso o deixava em alerta. Porém, ele também sabia que precisava manter o foco no que estava por vir. O casamento com Milla era inevitável, e ele tinha que se preparar para o que isso significaria, tanto para ele quanto para sua vida.

Com um último suspiro, Amir apagou as luzes e tentou fechar os olhos. A noite seria longa, e ele sabia que não seria fácil encontrar o sono tão rapidamente.

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