Capítulo 12

...— A Mentira —...

— Sheik Amir... — Milla tentou falar, mas sua voz saiu quase como um sussurro. Ela estava decidida a dizer algo, a tentar escapar, mas a presença dele era avassaladora e a desarmou.

Amir à encarou com uma expressão que misturava desdém e frieza. Milla sabia que ele abordaria o assunto que ela temia. O primo Ali. O ambiente ficou tenso, e Milla sentiu um frio na espinha ao perceber que Amir estava prestes a tocar novamente naquele assunto.

Amir, com seu olhar penetrante, parecia um predador observando sua presa. A presença dele era dominante, e Milla não pôde deixar de notar o magnetismo que ele exalava. Seu rosto, com seus traços fortes e definidos, parecia tão impenetrável quanto as rochas. Seus olhos azuis, intensamente claros, fixaram-se nela com um brilho que a fazia sentir-se vulnerável e constrangida.

Layla, percebendo a tensão crescente no escritório, fez uma leve reverência antes de falar:

— Vou deixar vocês conversarem, mas estarei aqui perto. Qualquer coisa, é só me chamar.

Amir assentiu para a mãe, que discretamente saiu do escritório, deixando a porta ligeiramente entreaberta. Assim que ficaram a sós, a atmosfera entre eles mudou. Amir deu um passo à frente, aproximando-se ainda mais de Milla. Seus olhos fixaram-se nos dela com uma intensidade que parecia quase percebido. Com um movimento lento e deliberado, Amir passou o polegar suavemente sob os olhos de Milla, borrando o rímel que alongava seus cílios. Os seus dedos desceram para seus lábios fazendo o mesmo.

— Está parecendo uma mulher vulgar — ele declarou, a voz carregada de desdém.

As palavras dele a atingiram com a força de um golpe, mais doloroso que um tapa. Milla havia passado maquiagem para esconder as marcas das noites insones, tentando mascarar o cansaço que agora parecia impossível de disfarçar. Seu esforço em manter uma aparência apresentável foi em vão diante da crueldade da observação de Amir. A vergonha e a frustração afloraram em seu rosto, e Milla sentiu a umidade dos seus olhos ameaçando transbordar.

— Não acho que um simples olhar me faça parecer vulgar — Milla disse, tentando manter a voz firme apesar do embaraço. — Se está tão insatisfeito com minha aparência, talvez devesse ter me conhecido melhor antes de fazer esse arranjo, meu senhor.

Amir arqueou uma sobrancelha, claramente intrigado com a ousadia dela. Ele se aproximou ainda mais, seus olhos fixos nos dela.

— E o que você espera, Milla? Que eu tenha feito isso porque realmente a conheço, ou que sinto qualquer tipo de sentimento por você? — Ele sorriu de forma sardônica. — O que você realmente me diz é que seu primo, Ali, lhe deu algum tipo de instrução para se maquiar de um modo que supostamente agradaria a ele? Porque a mim, não agradou e nunca agradará.

Milla sentiu um choque ao ouvir o nome do primo mencionado.

— Ali não tem nada a ver nessa história — Milla respondeu, tentando esconder sua frustração. — Eu me maquiei para me sentir um pouco mais confiante, apesar da situação, não me maquiei para agradar a ninguém.

Amir manteve seu olhar fixo em Milla, analisando suas palavras.

— Confiança? — Ele repetiu, sua voz cheia de sarcasmo. — Não é isso que vejo. O que vejo é uma tentativa desesperada de esconder o cansaço e a insegurança. E, honestamente, não acho que isso vá ajudar em nada.

Milla respirou fundo, tentando se controlar. Ela não queria deixar Amir ver o quão abaladas estavam suas emoções.

— Se é isso que pensa de mim, então é melhor eu saber agora. No entanto, devo lembrar que essa situação não foi criada por mim, mas por escolhas que outros fizeram.

Amir hesitou por um instante, seu olhar suavizando um pouco, mas ainda mantendo uma firmeza calculada.

— Então, o que espera de mim? — ela perguntou, desafiando-o.

Amir parecia ponderar a pergunta dela, e então, com uma expressão mais séria, disse:

— Quero saber se você é capaz de lidar com a situação como deve. Se é capaz de ser mais do que apenas uma aparência bem feita.

Milla ergueu o queixo, decidida a não se deixar abater.

— Não vou ser definida apenas pela aparência ou pelas expectativas dos outros. Estou aqui para enfrentar o que vier, com ou sem maquiagem.

Amir a observou com uma expressão contemplativa, mas não deixou de lado sua atitude dominante.

— Então vamos ver do que você é capaz. O casamento será esta noite, e o que acontecerá depois dependerá do que você mostrar hoje.

Milla hesitou por um momento, antes de reunir coragem para falar novamente.

— Há algo que você deve saber antes do casamento. Não posso me casar com você porque não sou mais virgem. — mentiu, sustentando seu olhar nos de Amir.

A revelação caiu no escritório como uma bomba. Amir olhou para Milla, surpreso e claramente confuso. O que ela acabara de dizer parecia mexer com seus planos e expectativas.

— O que está dizendo? — ele perguntou, a voz baixa e tensa.

Milla tomou uma respiração profunda e continuou.

— Eu não sou mais virgem. Eu fiz isso antes, e isso muda as regras do nosso casamento. Portanto não sou sua, senhor sheik Amir Al-Farooq.

Amir à estudou com um olhar que misturava incredulidade e frustração. A tensão no ambiente aumentou, e Milla sentiu o peso das palavras dela pairando no ambiente. Ela sabia que isso mudaria tudo entre eles, mas estava decidida a enfrentar as consequências de suas mentiras.

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