O Passado Revelado

Marina emergiu do portal em um lugar familiar, mas diferente. Estava de volta ao seu antigo bairro, mas era uma versão do passado, antes de seu pai ter abandonado a família. As ruas pareciam mais vivas, cheias de cores e risos que ela quase esquecera. A atmosfera era alegre e vibrante, um reflexo do tempo mais simples que havia conhecido na infância.

Ela sabia que tinha pouco tempo. Precisava encontrar seu pai antes que ele partisse e tentasse entender o que o motivava a deixar sua mãe e os irmãos. Se pudesse convencê-lo a ficar, talvez pudesse mudar tudo e evitar o sofrimento que sua família passou. Com uma determinação renovada, Marina percorreu as ruas que conhecia tão bem, tentando localizar o café onde seu pai costumava passar o tempo.

Após uma busca angustiante, Marina encontrou seu pai em um café local, sozinho, com um semblante pensativo e distante. O ambiente ao seu redor estava cheio de luzes suaves e o aroma do café fresco no ar, mas nada parecia mais importante para Marina do que ver seu pai. Ver seu rosto jovem a afetou mais do que esperava. Era como se estivesse olhando para um espelho do passado, antes de todas as tristezas e separações.

Com o coração pesado e as mãos tremendo, ela se aproximou dele. A voz de Marina saiu hesitante, mas cheia de emoção.

— Pai? — chamou ela, com um tremor na voz.

O homem levantou os olhos, confuso ao ver uma mulher que ele não reconhecia, mas havia algo familiar nela. Ele a estudou por um momento, tentando colocar uma etiqueta naqueles olhos carregados de dor e esperança. Marina sentou-se à sua frente e começou a falar, tentando escolher suas palavras com cuidado, com a esperança de não afastá-lo.

— Sei que não me conhece, mas preciso falar com você sobre sua família. Sobre a decisão que está prestes a tomar.

Seu pai franziu a testa, claramente perturbado. Ele olhou para ela com desconfiança e uma pitada de curiosidade.

— Quem é você? Como sabe disso?

Marina respirou fundo, tentando manter a calma. O desafio de falar com ele era grande, mas não havia volta. Era sua chance de mudar o destino.

— Não posso explicar tudo agora, mas sei que você está pensando em ir embora. Acredita que essa é a única maneira de resolver seus problemas, mas... isso vai destruir sua família. Vai machucar sua esposa, seus filhos. E vai te machucar também.

As palavras de Marina pairaram no ar, e ela viu a expressão dele vacilar. A dúvida estava presente, mas ele ainda estava preso em suas convicções. O olhar confuso e angustiado dele mostrava que ele estava em um conflito interno profundo, lutando contra uma tempestade de emoções e decisões.

— Não sei quem você é, mas... — ele começou, mas Marina o interrompeu.

— Eu sou alguém que já viveu as consequências dessa escolha. Eu vi o que vai acontecer, e posso te dizer que não é o que você deseja. Você ama sua família, mas o medo está cegando você. Não deixe que esse medo determine seu futuro.

Marina notou a intensidade das palavras em seus próprios olhos e percebeu que, mais do que salvar sua família, estava tentando salvar o próprio coração e reconquistar um futuro melhor. Suas lágrimas começaram a escorregar pelo rosto, enquanto ela tentava transmitir a urgência e a importância do que estava dizendo.

Seu pai a observou em silêncio, tocado por suas palavras, mas ainda lutando com a sua decisão. Ele parecia estar à beira de uma revelação, mas algo ainda o mantinha preso. O conflito interno era evidente, e ele parecia hesitar entre a razão e a emoção.

— E se eu ficar? O que vai garantir que as coisas vão melhorar? — perguntou ele, sua voz cheia de incertezas e um visível cansaço.

Marina segurou a mão dele, tentando transmitir toda a força e esperança que podia. Seus olhos estavam fixos nos dele, implorando por compreensão.

— Nada é garantido, pai. Mas fugir nunca foi a solução. Ficar e lutar, juntos, é o que vai fazer a diferença. Confie em sua família, assim como eles confiam em você.

Houve um longo silêncio entre eles, e a tensão no ar parecia palpável. Marina sabia que suas palavras estavam chegando ao fundo de seu coração, mas não sabia se seriam suficientes para alterar seu curso. Finalmente, ele assentiu, as lágrimas brilhando em seus olhos também. Marina sabia que o convenceu a ficar, mas ainda não sabia quais seriam as consequências de sua escolha.

O portal estava à sua espera, brilhando suavemente no final da rua, sinalizando o fim da sua jornada no passado. Com um último olhar para seu pai, Marina se despediu com um olhar esperançoso e atravessou o portal, determinada a enfrentar o futuro com coragem e otimismo. Ela sabia que o que havia feito era importante, mas agora precisava voltar e ver o impacto de suas ações no presente.

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