Marina voltou à clareira, o coração batendo forte enquanto segurava o amuleto do Guardião. A noite estava silenciosa, e a luz da lua iluminava o espaço onde ela enfrentara as sombras pela primeira vez. Agora, estava pronta para dar o próximo passo em sua jornada.
Rafael estava esperando por ela, parado ao lado de um antigo círculo de pedras, coberto por musgo e símbolos desgastados pelo tempo. Era ali que o portal seria aberto.
— Você trouxe o amuleto — disse ele, observando o brilho dourado do objeto em suas mãos. — E está preparada para o sacrifício?
Marina assentiu, mas sua mente estava cheia de perguntas. O que ela deveria sacrificar? E o que isso significaria para sua vida e para sua família?
Rafael, lendo sua hesitação, explicou:
— O portal exigirá algo de grande valor para você, algo que não poderá ser recuperado. Pode ser uma memória, um laço, ou até mesmo uma parte de quem você é. A escolha é sua, mas lembre-se: o que você perder, não voltará.
Marina fechou os olhos, respirando fundo. Ela pensou em sua mãe, que trabalhava incansavelmente para sustentar a família, e nos irmãos gêmeos, ainda jovens e inocentes. A ideia de perder algo tão precioso era dolorosa, mas sabia que não poderia recuar agora.
— Estou pronta — respondeu ela, sua voz firme, embora seu coração estivesse apertado.
Rafael estendeu a mão para ela, e juntos, eles colocaram o amuleto no centro do círculo de pedras. O chão começou a tremer suavemente, e uma luz dourada envolveu o amuleto, crescendo até formar um vórtice brilhante.
— Faça sua escolha, Marina — disse Rafael, dando um passo para trás. — E prepare-se para o que virá a seguir.
Marina olhou para o vórtice que se formava, a luz dourada refletindo em seus olhos e em seu coração. Com lágrimas nos olhos, ela fez sua escolha. O peso de sua decisão era imenso, e a dor da perda era palpável. Ela ofereceu uma memória preciosa: o dia mais feliz de sua infância, o dia em que sua família ainda estava unida, antes de seu pai partir. Era uma memória que carregava consigo como um tesouro, uma recordação do tempo em que o amor e a união eram evidentes em sua vida.
Enquanto entregava essa memória ao portal, Marina sentiu uma sensação de perda instantânea e intensa, como se uma parte de si mesma estivesse sendo arrancada. O vórtice pulsou com uma força renovada, e uma onda de energia envolveu Marina, fazendo-a sentir como se estivesse sendo puxada para outra dimensão. O amuleto desapareceu no centro do círculo de pedras, e a luz dourada se intensificou, envolta em um brilho ofuscante.
Com um último olhar para Rafael, Marina entrou na luz do portal, sua determinação firme apesar da dor que sentia. A luz a envolveu completamente, e ela sentiu-se sendo arrastada por um redemoinho de emoções e sensações. A sensação era ao mesmo tempo desconcertante e empolgante, uma mistura de medo e esperança.
Quando a luz finalmente se dissipou, Marina encontrou-se em um lugar que parecia familiar, mas diferente. Estava de volta ao seu antigo bairro, mas era uma versão do passado, antes de seu pai ter abandonado a família. As ruas pareciam mais vivas, cheias de cores e risos que ela quase esquecera. O bairro estava em um estado de alegria e prosperidade, e Marina podia sentir a diferença na atmosfera.
Ela sabia que tinha pouco tempo. Precisava encontrar seu pai antes que ele partisse e tentasse entender o que o motivava a deixar sua mãe e os irmãos. Se pudesse convencê-lo a ficar, talvez pudesse mudar tudo. Com o coração batendo forte, Marina começou a procurar pelas ruas que conhecia tão bem, movendo-se com urgência e esperança.
Após uma busca angustiante, Marina encontrou seu pai em um café local, sozinho, com um semblante pensativo e distante. Ver seu rosto jovem a afetou mais do que esperava. Ela não o via assim há muito tempo, antes de tudo desmoronar. As lembranças do passado e os sentimentos de saudade invadiram seu coração, misturando-se com a determinação de mudar o futuro.
Com o coração pesado e as mãos tremendo, ela se aproximou dele. A voz de Marina saiu hesitante, mas cheia de emoção.
— Pai? — chamou ela.
O homem levantou os olhos, confuso ao ver uma mulher que ele não reconhecia, mas havia algo familiar nela. Marina sentou-se à sua frente e começou a falar, tentando escolher suas palavras com cuidado.
— Sei que não me conhece, mas preciso falar com você sobre sua família. Sobre a decisão que está prestes a tomar.
Seu pai franziu a testa, claramente perturbado.
— Quem é você? Como sabe disso?
Marina respirou fundo, tentando manter a calma. A conversa estava indo conforme o esperado, mas ela sabia que precisava ser persuasiva.
— Não posso explicar tudo agora, mas sei que você está pensando em ir embora. Acredita que essa é a única maneira de resolver seus problemas, mas... isso vai destruir sua família. Vai machucar sua esposa, seus filhos. E vai te machucar também.
As palavras pairaram no ar, e ela viu a expressão dele vacilar. A dúvida estava presente, mas ele ainda estava preso em suas convicções.
— Não sei quem você é, mas... — ele começou, mas Marina o interrompeu.
— Eu sou alguém que já viveu as consequências dessa escolha. Eu vi o que vai acontecer, e posso te dizer que não é o que você deseja. Você ama sua família, mas o medo está cegando você. Não deixe que esse medo determine seu futuro.
As lágrimas surgiram nos olhos de Marina enquanto falava, e ela percebeu que, mais do que salvar sua família, estava tentando salvar o próprio coração. Seu pai a observou em silêncio, tocado por suas palavras, mas ainda em conflito interno.
— E se eu ficar? O que vai garantir que as coisas vão melhorar? — perguntou ele, sua voz cheia de incertezas.
Marina segurou a mão dele, tentando transmitir toda a força que podia.
— Nada é garantido, pai. Mas fugir nunca foi a solução. Ficar e lutar, juntos, é o que vai fazer a diferença. Confie em sua família, assim como eles confiam em você.
Houve um longo silêncio entre eles. Finalmente, ele assentiu, as lágrimas brilhando em seus olhos também. Marina sabia que o convenceu a ficar, mas ainda não sabia quais seriam as consequências de sua escolha.
O portal estava à sua espera, brilhando suavemente no final da rua, sinalizando o fim da sua jornada no passado. Marina se despediu de seu pai com um olhar esperançoso e atravessou o portal, determinada a enfrentar o futuro com coragem e otimismo.
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Atualizado até capítulo 26
Comments
KLOWOR GAMING apa??
Cativante! 🤗
2024-08-26
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