Marina deu alguns passos hesitantes pela floresta, tentando entender como havia parado ali. Tudo ao seu redor era estranho e familiar ao mesmo tempo. O ar estava impregnado de um perfume adocicado de flores que ela não reconhecia, e o céu tinha uma coloração diferente, um tom de azul que ela nunca havia visto antes. O chão estava coberto por uma densa camada de folhas caídas, e o som dos seus passos parecia abafado, como se a própria floresta estivesse absorvendo cada movimento que fazia.
— Isso deve ser um sonho — disse a si mesma, mas a sensação de realidade era intensa demais para ser ignorada. O frio na espinha e a palpitação constante no peito indicavam que aquilo não era uma mera ilusão. Cada vez mais, o cenário se tornava real, e ela precisava encontrar uma explicação.
Ela começou a andar mais rápido, seu coração disparado. Cada som, cada movimento nas sombras das árvores fazia com que seu corpo se enrijecesse de medo. O vento soprava levemente, e os galhos das árvores balançavam, criando sombras que pareciam se mover sozinhas. No entanto, algo a impelia a seguir em frente, uma voz interior que sussurrava para não desistir. Talvez fosse a esperança de encontrar um caminho de volta para sua vida normal, ou talvez fosse a curiosidade de descobrir o que mais esse mundo estranho tinha a oferecer.
Depois de alguns minutos que pareciam horas, Marina chegou a uma clareira, onde uma figura solitária estava de pé, observando o horizonte. Era um homem, alto e vestido com roupas antigas, algo que ela só havia visto em filmes de época. Seus cabelos negros caíam em ondas pelos ombros, e seus olhos, quando se voltaram para ela, pareciam carregar o peso de mil histórias. Ele estava parado com um ar de tranquilidade quase sobrenatural, como se a clareira fosse o seu lar e ele tivesse esperado por muito tempo por alguém como Marina.
— Quem é você? — Marina perguntou, tentando manter a voz firme, mas a tremedeira em suas mãos a denunciava. Sua pergunta estava carregada de um misto de medo e determinação. A presença do homem e o ambiente ao redor tornavam claro que qualquer interação aqui poderia ter consequências profundas.
O homem sorriu levemente, um sorriso enigmático que a deixou ainda mais desconfiada. Seus lábios se curvaram em um gesto que parecia ser ao mesmo tempo acolhedor e desafiador.
— Meu nome é Rafael, e você, Marina, acabou de entrar em um mundo que poucos têm o privilégio de conhecer.
— Como você sabe meu nome? Onde eu estou? — Ela apertou o diário contra o peito, como se aquilo pudesse protegê-la de qualquer perigo que estivesse por vir. A sua mente girava, tentando conectar as peças desse quebra-cabeça que parecia não ter uma imagem clara.
— Todas as respostas virão a seu tempo, mas agora, o mais importante é que você entenda que este lugar é tanto um refúgio quanto uma prisão. Depende de como você o encara. — Rafael disse, sua voz carregada de um tom que misturava sabedoria e mistério. Ele parecia ter um conhecimento profundo sobre o mundo e suas regras, algo que Marina precisava entender para encontrar uma forma de voltar para casa.
Marina franziu a testa. Ela não estava disposta a se deixar levar por enigmas e mistérios. Precisava de respostas concretas. O desejo de entender sua situação era mais forte do que o medo do desconhecido.
— O que você quer dizer com isso? E como eu volto para casa?
— Ah, voltar para casa... — Rafael murmurou, olhando para o horizonte novamente. Seus olhos estavam distantes, como se contemplassem algo muito além do que estava visível. — É possível, claro. Mas o caminho de volta pode ser mais complicado do que você imagina. Antes, há algo que precisa ser feito. Algo que só você pode realizar.
— E o que seria? — Marina estava começando a perder a paciência. Cada minuto que passava sem respostas concretas parecia aumentar a complexidade da situação.
Rafael se aproximou lentamente, até ficar a poucos passos dela. Seus olhos, agora mais sérios, encontraram os dela com uma intensidade que fazia o ar ao redor parecer ainda mais carregado. Ele parecia estar avaliando o valor de sua presença ali e o impacto de suas próximas palavras.
— Este mundo é uma versão paralela do seu, Marina. Aqui, há poderes antigos, segredos que podem moldar o destino de quem os possui. Mas também há perigos, e seu papel aqui é descobrir como esses poderes podem ajudar a salvar o que você mais preza no seu mundo real.
— Minha família... — Marina sussurrou, a realização do que estava acontecendo começando a se formar em sua mente. As palavras de Rafael começaram a fazer sentido, conectando-se com a angustiante situação que ela havia enfrentado recentemente. — Você está dizendo que posso salvar minha família? Evitar tudo o que aconteceu?
Rafael assentiu lentamente, o movimento fazendo com que o sol da clareira brilhasse em seu rosto, criando uma aura quase etérea ao seu redor.
— Sim, mas o preço pode ser alto, Marina. As escolhas que você fizer aqui terão consequências lá. Está disposta a correr esse risco?
Marina olhou para o diário em suas mãos, sentindo a responsabilidade se espalhar por todo o seu ser. Ela havia passado a vida tentando cuidar de todos ao seu redor. Agora, parecia que finalmente tinha a chance de fazer uma verdadeira diferença. Mesmo que isso significasse enfrentar perigos desconhecidos e encarar desafios que ela não poderia prever.
Ela pensou em sua família, em como seus dias haviam mudado drasticamente e como sua vida havia sido marcada por eventos que pareciam estar além de seu controle. O desejo de corrigir erros e proteger aqueles que amava era mais forte do que o medo de enfrentar o desconhecido. A sensação de que tinha uma missão a cumprir a motivava a seguir em frente.
— Sim, estou disposta. — Ela respondeu, sua voz agora mais firme, refletindo uma resolução que vinha de um lugar profundo dentro dela.
Rafael sorriu novamente, dessa vez um sorriso que trazia um misto de aprovação e preocupação. Ele parecia estar satisfeito com sua resposta, mas também ciente das dificuldades que Marina enfrentaria pela frente.
— Então, nossa jornada começa agora. — Ele disse, e com essas palavras, deu um passo em direção a um caminho que se estendia pela floresta, um caminho que parecia prometer tanto esperança quanto perigo.
Enquanto Marina começava a seguir Rafael, seu coração batia acelerado, e sua mente estava cheia de perguntas. O mundo ao seu redor parecia pulsar com uma energia antiga, e cada passo a aproximava de um destino que ela ainda não compreendia completamente. O cenário místico da floresta parecia se transformar a cada instante, como se estivesse se moldando ao seu redor, e ela sabia que estava prestes a entrar em um capítulo novo e desconhecido de sua vida.
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Atualizado até capítulo 26
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