Segredos nas Sombras

A vila de Mirabel era pitoresca, com ruas de pedra estreitas e casas que pareciam ter saído de um conto de fadas. No entanto, havia algo de inquietante no ar. Os poucos moradores que Marina avistava evitavam seu olhar, passando por ela como sombras apressadas. As janelas estavam fechadas, e as portas, trancadas.

Marina caminhou pela rua principal, tentando encontrar algum sinal de quem poderia ter o segredo que precisava. Ela lembrou-se das palavras de Rafael: "As aparências podem enganar." Isso significava que deveria ter cuidado em quem confiar.

No centro da vila, uma pequena praça com uma fonte velha e desgastada pelo tempo chamava sua atenção. Sentada à beira da fonte, estava uma mulher idosa, vestida com um manto escuro. Seus olhos estavam fixos na água da fonte, e ela parecia alheia ao mundo ao redor.

Marina hesitou por um momento, mas decidiu se aproximar. A mulher levantou a cabeça lentamente ao perceber sua presença. Seus olhos, de um azul pálido, eram penetrantes e pareciam enxergar além do que era visível.

— Você é Marina — disse a mulher, sua voz rouca como o vento nas folhas secas. Não era uma pergunta, mas uma afirmação.

Marina assentiu, sentindo um frio na espinha.

— Como sabe quem eu sou?

A mulher esboçou um sorriso triste.

— As águas contam segredos para quem sabe escutar. E você, jovem, carrega um destino pesado. Mas cuidado, nem todos que se aproximam de você querem ajudá-la.

Marina engoliu em seco.

— Estou procurando por alguém... alguém que tenha um segredo importante para mim. Você sabe quem pode ser?

A idosa inclinou a cabeça, pensativa.

— O que você procura pode estar mais próximo do que imagina, Marina. Mas a verdade pode ser dolorosa. Às vezes, o que pensamos ser a solução é apenas o início de um novo problema.

Antes que Marina pudesse responder, um jovem apareceu correndo pela praça, seu rosto pálido de terror.

— Eles estão chegando! Precisamos nos esconder! — ele gritou, olhando para a idosa com desespero.

A mulher permaneceu calma, mas seus olhos se estreitaram.

— Vá, Marina. Encontre abrigo. Os caçadores de sombras estão à espreita.

Sem tempo para perguntar mais nada, Marina seguiu o jovem, que a levou para uma casa abandonada nos limites da vila. O medo em seu rosto era contagiante, e ela sentiu seu próprio coração bater mais rápido.

— Quem são os caçadores de sombras? — Marina perguntou, enquanto se escondiam atrás de uma parede de pedra.

— Eles... eles caçam aqueles que possuem conhecimento proibido — respondeu o jovem, ofegante. — E qualquer um que estiver por perto também corre perigo.

Marina tentou processar a informação. Ela estava mais confusa do que nunca, mas sabia que precisava continuar. O diário em suas mãos parecia pulsar,como se estivesse vivo, como se soubesse que estava perto de uma verdade importante. Marina segurou o diário com mais força, tentando acalmar seu coração acelerado.

— Precisamos sair daqui — o jovem sussurrou, olhando pela pequena janela quebrada. Seus olhos escaneavam a rua, agora deserta, exceto por algumas sombras que pareciam se mover de maneira estranha, como se tivessem vida própria.

— Para onde vamos? — Marina perguntou, tentando manter a voz firme.

— Há uma passagem secreta nas ruínas da igreja antiga, na colina. É o único lugar seguro para nós agora. — Ele olhou para ela com seriedade. — Se você realmente está atrás de respostas, talvez as encontre lá.

Marina assentiu, confiando no instinto que lhe dizia que deveria seguir aquele estranho. Eles saíram da casa, movendo-se rapidamente pelas ruas estreitas da vila, sempre à espreita de qualquer movimento suspeito. As sombras, que antes pareciam inofensivas, agora tomavam formas assustadoras, e a sensação de estar sendo observada não a abandonava.

Quando finalmente chegaram às ruínas da igreja, Marina sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A estrutura estava em ruínas, com paredes desmoronadas e uma torre parcialmente caída. No entanto, havia algo de majestoso e antigo naquele lugar, como se fosse guardião de segredos que o tempo não conseguiu apagar.

O jovem a conduziu para uma entrada escondida atrás de um altar quebrado. Ao passarem pela passagem estreita, encontraram uma câmara subterrânea iluminada por velas. O ar estava denso, e o cheiro de mofo misturava-se ao incenso queimado em algum lugar distante.

— Este lugar... — Marina sussurrou, observando as paredes cobertas de símbolos antigos. — O que é?

— É um santuário, protegido por aqueles que vieram antes de nós — respondeu o jovem, tirando uma chave de prata do bolso. — Aqui, você encontrará o que procura, mas cuidado, Marina. O conhecimento que deseja pode vir com um preço.

Ele se afastou, deixando-a sozinha no centro da câmara. Marina se aproximou de um pedestal de pedra, onde um antigo livro estava aberto, suas páginas amareladas e desgastadas pelo tempo. Ao lado do livro, uma pequena caixa de madeira repousava, e dentro dela, um cristal azul brilhava suavemente.

Sentindo-se atraída pelo cristal, Marina o pegou nas mãos. No mesmo instante, uma onda de energia percorreu seu corpo, e visões começaram a preencher sua mente. Ela viu sua família, sua mãe cansada e seus irmãos rindo despreocupados. Viu também sombras ao redor deles, ameaçando tudo o que ela amava.

— O que é isso? — Marina murmurou, tentando entender as imagens que lhe eram mostradas.

Uma voz suave, quase sussurrante, ecoou em sua mente. "Este cristal é a chave para o passado que você deseja mudar. Mas cuidado, Marina. As sombras que você viu são consequências de suas escolhas. O que você está disposta a sacrificar para salvar sua família?"

As palavras da idosa na praça voltaram à sua mente. "Às vezes, o que pensamos ser a solução é apenas o início de um novo problema." Marina fechou os olhos, lutando contra as lágrimas. Ela queria salvar sua família mais do que qualquer coisa, mas agora entendia que o caminho para isso não seria simples.

Com o cristal nas mãos, ela sabia que tinha o poder de mudar o destino. Mas também sabia que precisaria ser cautelosa. As sombras estavam à espreita, e cada escolha que fizesse poderia ter consequências que não conseguia prever.

Determinada a seguir em frente, mas com uma nova compreensão do que estava em jogo, Marina se preparou para encarar o próximo desafio, sabendo que, seja qual fosse o destino, ela enfrentaria com coragem e coração.

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