O Retorno do Guardião

De volta à vila de Mirabel, Marina foi recebida com olhares de surpresa. As pessoas que antes a evitavam agora pareciam intrigadas, talvez até admiradas por sua coragem. A notícia de sua vitória contra as sombras se espalhara rapidamente.

No centro da vila, Marina encontrou Rafael, o guardião da igreja, esperando por ela. Ele a observava com um olhar sério, mas havia uma faísca de respeito emseus olhos. Marina caminhou até ele, sentindo que havia algo mais que precisava ser revelado.

— Você enfrentou as sombras e sobreviveu — disse Rafael, sua voz firme. — Poucos conseguem fazer o que você fez, Marina. Mas saiba que a verdadeira batalha ainda está por vir.

Ela assentiu, entendendo que suas vitórias até agora eram apenas o começo. Rafael a levou para dentro da igreja em ruínas, onde um altar antigo e coberto de poeira ainda se mantinha de pé. O lugar exalava um poder antigo, e Marina podia sentir que algo importante estava prestes a acontecer.

— O que mais preciso saber, Rafael? — perguntou ela, sentindo a urgência na atmosfera.

Rafael se aproximou do altar e retirou uma pedra, revelando uma caixa de madeira intricadamente esculpida. Ele abriu a caixa, e dentro dela havia um pequeno amuleto, semelhante ao cristal que Marina carregava, mas com um brilho dourado intenso.

— Este é o Amuleto do Guardião — explicou Rafael. — Ele foi criado para proteger aqueles que enfrentam as sombras e guiar aqueles que buscam mudar o destino. Mas ele só pode ser usado por alguém que tenha enfrentado seus próprios demônios e emergido mais forte.

Marina observou o amuleto com reverência. Sabia que aquele objeto poderia ser a chave para salvar sua família, mas também sabia que carregava grande responsabilidade.

— O amuleto pode ajudá-la a atravessar o portal para o passado — continuou Rafael. — Mas há uma condição. O portal só pode ser aberto se você estiver disposta a sacrificar algo de valor. O tempo é um tecido delicado, e qualquer interferência requer um preço.

Marina sentiu o peso das palavras de Rafael. Sabia que mexer com o passado era perigoso, mas estava disposta a fazer o que fosse necessário para salvar sua mãe e irmãos. Porém, a pergunta permanecia: o que ela estaria disposta a sacrificar?

— O amuleto também tem outra função — disse Rafael, interrompendo seus pensamentos. — Ele revelará a verdade que você ainda não conhece. Uma verdade que pode mudar tudo o que você acredita.

Marina sentiu um arrepio. O que mais havia para ser revelado? O que ainda estava escondido nas sombras de seu passado?

Ela aceitou o amuleto com gratidão, mas também com cautela. Sabia que, ao usá-lo, estaria abrindo portas que talvez não pudesse fechar.

— Estou pronta para o que vier — disse Marina, mais para si mesma do que para Rafael.

Rafael assentiu, respeitando sua determinação.

— Quando você estiver preparada, vá até a clareira onde enfrentou as sombras. Lá, o portal será aberto. E lembre-se: qualquer escolha que fizer terá repercussões, não só para você, mas para todos ao seu redor.

Marina deixou a igreja com o amuleto guardado em seu peito. Sentia o poder do objeto pulsando contra sua pele, como se estivesse vivo. Agora, sua missão estava mais clara, mas também mais perigosa. Ela sabia que o momento decisivo estava se aproximando.

Com passos firmes, Marina começou a se preparar para a última etapa de sua jornada. O passado a aguardava, e com ele, as respostas que tanto buscava. Mas também sabia que, para salvar sua família, teria que enfrentar os segredos mais sombrios e fazer escolhas que poderiam mudar tudo.

O futuro estava em suas mãos.

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