Capítulo 17

Bastião acordou preso por sua esposa, mas ao vê-la mais de perto, notou as lágrimas na bochecha dela e que seus olhos azuis, como o céu, estavam tingidos de carmesim.

— Meu amor, como você se sente? Fiz algo errado para causar seu sofrimento? — Bastião estava com o coração acelerado, havia começado a suar frio e sentia que o tempo havia parado ao ver o rosto de Margara triste.

— Choro de felicidade, obrigada por me aceitar. Obrigada por esta nova oportunidade. Embora pareça ilógico e seja muito cedo, juro que minha lealdade está com você; meu destino está ao seu lado de agora em diante. Juro acreditar em cada palavra que sair da sua boca. Você é meu, Bastião Chevalier, e nada nem ninguém vai me separar de você. — Margaret sentia a necessidade de desnudar seu coração para Bastião, de baixar seus escudos e defesas, e ser completamente ela, sem máscara nem rodeios. Somente seus corações dançando a melodia de seu amor.

— Margaret, minha senhora, este homem imperfeito cometeu muitos erros. Sou um sanguinário, um homem de guerra que, na hora de matar, não sou um homem condescendente e muito menos piedoso, mas prometo cuidar do seu coração e mantê-la segura, mesmo que me custe a vida. — Bastião a aninhou em seus braços enquanto beijava sua cabeça. Vê-la tão frágil o feriu profundamente. Margaret havia se tornado seu lugar seguro; é onde ele estava em paz, onde só havia tranquilidade.

Os dois ficaram abraçados sem dizer nada, deixando que suas respirações e suspiros falassem por eles. Sentiam-se tão em paz que acabaram adormecendo completamente.

Fermín bateu na porta algumas vezes e, ao não receber resposta, assumiu que eles haviam dormido. Entrou com cautela na pequena antessala que havia no quarto e deixou várias bandejas com comida suficiente para que recuperassem as energias. No entanto, por todo o território começou a correr o boato da cabeça pendurada nos arredores do arquiducado. As criadas que estiveram presentes naquela noite contaram que foi o castigo imposto pela arquiduquesa a uma criada que foi extremamente desrespeitosa e que quase conseguiu ser agredida fisicamente por aquela mulher nefasta.

As damas sentiam-se protegidas e empoderadas pela arquiduquesa, e ainda mais porque surgiu um boato de que aquela mulher queria optar por ser concubina. E se a nova arquiduquesa a castigou de tal forma, isso lhes dava esperança de que no território não fossem aceitas mais concubinas. Por sua vez, as concubinas não concordavam com tal atrocidade e apelidaram Margaret de "a arquiduquesa Sanguinária", uma mulher sem decência alguma.

Mais tarde, o arquiduque acordou, mas sentiu pena de acordar sua esposa. Então comeu um pouco e saiu para cumprir com seus deveres. Apesar de ter se casado recentemente, o trabalho não parava, então decidiu passar o dia inteiro atrás de sua escrivaninha para poder jantar com sua esposa. No entanto, sua tranquilidade e bom humor seriam interrompidos por pessoas desagradáveis. Fermín entrou no escritório sem nem mesmo bater:

— Senhor, temos más notícias. A família daquela mulher está aqui e solicita uma compensação e uma punição para a arquiduquesa. — Bastião só entendeu que buscavam punir sua esposa sem razão aparente.

— Do que você está falando, Fermín? Que mulher? Quem ousou acreditar que tem o direito de punir minha esposa? — A temperatura no escritório havia se tornado glacial.

— Excelência, ontem à noite a arquiduquesa teve um altercado com uma criada. As criadas que a atendiam contaram que a dita criada entrou no quarto sem autorização, desafiando a arquiduquesa e questionando sua autoridade. Também tentou agredi-la fisicamente. Diante de tal ato, minha senhora a jogou escada abaixo e ordenou sua decapitação, e que pendurassem sua cabeça nos arredores do arquiducado como advertência.

Bastião sentiu uma fúria imensa. Como ousavam tratar sua esposa assim? Teria que dar um aviso ao pessoal, mas também estava ciente de que Margaret sabia impor sua autoridade.

— Quem foi a criada?

— Uma das que vieram com a falecida, com a qual o senhor foi casado.

— Faça a família entrar. Já sei o suficiente para retirar meu apoio dessa família e exilá-los de uma vez por todas.

O casal de idosos entrou fazendo uma reverência.

— Excelência, pedimos justiça por nossa menina. A arquiduquesa foi injusta.

— Sua filha cometeu uma falta contra um nobre de alto escalão; merecia um castigo exemplar. Além disso, uma falta a um membro da realeza se paga com a morte, e foi isso que aconteceu com sua filha.

— Sua excelência, nossa senhora jamais teria cometido tal atrocidade. — O duque bateu na mesa com fúria; isso fez o casal se assustar.

— Sua senhora está morta. Seu castigo por sua insolência será serem exilados do império sem benefício algum. Fermín, leve-os.

O casal protestou, mas não podia fazer nada contra a fúria do arquiduque. Mais tarde, Bastião reuniu todo o pessoal para estabelecer novas regras.

— De agora em diante, quem ousar desrespeitar minha esposa morrerá pela minha espada. Espero que tenham entendido.

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