Capítulo 4

Margaret estava nervosa; seu pai a olhava intrigado. Ambos estavam no hall de entrada quando o mordomo os avisou que o convidado havia chegado. Grande foi a surpresa do duque Vitaly ao ver o arquiduque Chevalier e, atrás dele, uma caravana de cinquenta carruagens.

— Boa noite, duque Vitaly. Minha presença em sua casa se deve ao fato de que vim solicitar sua aprovação para contrair núpcias com sua preciosa filha. Atrás de mim está meu dote; espero que seja do seu agrado, Lady Vitaly. — Pela primeira vez na vida, o duque Vitaly viu o arquiduque Chevalier tão formal. Observou o panorama com atenção; o homem havia se esforçado para ter sua aprovação.

— Vamos jantar; será um assunto que discutiremos após o jantar — Disse o duque, adiantando-se para a sala de jantar.

— My Lady, permite-me acompanhá-la? — O arquiduque estava se mostrando como Margaret o havia conhecido no passado.

— Claro, Excelência, creio que deixou meu pai sem palavras — Disse Margaret com tranquilidade. Sabia que seu pai estava avaliando as vantagens e desvantagens de tal casamento.

Ambos continuaram o caminho em silêncio. Ao chegarem à sala de jantar, o jantar estava servido; o duque estava na cabeceira da mesa, Margaret à sua direita e o arquiduque Chevalier à sua esquerda.

— Arquiduque Chevalier, diga-me, como conheceu minha filha? — O duque lançou a pergunta intrigado. Se algo era de conhecimento público, era que o arquiduque estava viúvo há quinze anos e nunca quis se casar novamente. Todos pensavam que era pelo imenso amor que tinha por sua falecida esposa, mas o pai de Margaret sabia a verdade, e isso o deixou pensativo. O que realmente preocupava o duque era o exorbitante dote que o arquiduque entregou a Margaret; nem à falecida ele entregou algo tão magnífico.

— Todos temos conhecimento da flor da sociedade. Embora eu não estivesse presente no dia em que estreou na sociedade, já a vi várias vezes na corte. Sua beleza impressionante e o fato de ser dotada de tanta inteligência fez com que ela roubasse toda a minha atenção. Por isso, venho solicitar permissão para me casar com ela.

— Não é melhor cortejar primeiro minha filha? É o mais adequado — Disse o duque com dureza.

— Compreenderá que, com minha reputação, posso manchar a de Lady Margaret; é por isso que solicito de uma vez o casamento. A celebração seria em grande estilo no castelo.

O duque ficou pensativo. Embora o arquiduque tivesse razão, ele não queria ignorar os desejos de Margaret.

— Margaret, o que pensa da proposta do arquiduque? —

— Não há homem mais adequado no império do que o arquiduque Chevalier. Sinto-me completamente lisonjeada, pai. Creio que seria melhor que Sua Excelência se encarregasse dos preparativos do casamento e que a identidade da noiva continue sendo uma surpresa; não queremos rumores maliciosos.

— Isso quer dizer que aceita a proposta de Sua Excelência? — Perguntou o duque interessado.

— Se tiver a aprovação do meu pai, aceitarei com todo o prazer. — Margaret olhava para o pai com ilusão; embora não parecesse, para ela era muito importante a sua aprovação.

— Acertarei os detalhes com Sua Excelência, após o jantar.

O jantar seguiu tranquilo; os três conversavam pacificamente sobre diversos assuntos. Quando o jantar terminou, o duque e o arquiduque deixaram a sala de jantar para conversar animadamente no escritório.

Ao entrar, o duque ofereceu uma bebida ao arquiduque e seu característico sorriso tranquilo mudou para uma expressão severa.

— Algo que prometi à minha falecida esposa foi sempre respeitar as decisões de Margaret. Sei que ela está interessada em você; pude ver em seu olhar. Só peço uma coisa: ame e respeite minha filha. Não me importa se tem o apoio do próprio rei; para mim, minha filha é meu maior tesouro e sua reputação vem em primeiro lugar.

— Sei a que se refere. Meu casamento anterior foi arranjado pelo falecido rei; aquela mulher nunca me interessou. Prometo que Lady Margaret terá todo o meu apoio e proteção.

— Espero que sim. Devo reconhecer que se esforçou no dote; isso dará o que falar em todo o império durante anos.

— Mais falatório causará o anel; proponho que o casamento seja em um mês.

— Seis, um mês é muito cedo. — Protestou o duque com raiva, não queria entregar sua princesa tão cedo.

— Quatro, por ser da realeza. Posso acelerar todo o processo. — O arquiduque não queria ceder; queria se casar com Margaret o mais rápido possível.

— Parece-me bem. Margaret quer que seja você o encarregado de fazer todos os preparativos do casamento, desde a cerimônia até a festa que será no palácio. Não quero que exponha minha filha a ser atacada no dia do seu casamento por seus inimigos.

— Não se preocupe, estaremos protegidos pelo meu batalhão. Não quero que ninguém estrague o casamento. Margaret é meu bem mais precioso.

— Espero que sim.

Os homens assinaram o compromisso entre as duas famílias. Ao sair, o arquiduque se ajoelhou diante de Margaret, entregando-lhe o anel de noivado.

— Lady Margaret Vitaly, entrego-lhe este anel que foi patrimônio das imperatrizes deste império por gerações, como prova do meu afeto. — Apesar de não estar apaixonado por Margaret, sentia que aquela joia lhe pertencia. Margaret ficou fascinada; aquela joia era patrimônio histórico do império.

O duque quase desmaiou ao ver o anel; aquele anel era mais importante que a própria coroa da imperatriz, e era de conhecimento público que o anel foi entregue ao arquiduque pela imperatriz antes de morrer, na esperança de que seu casamento fosse tão duradouro quanto os alicerces do império. A arquiduquesa morreu e o anel nunca mais havia sido visto. Ele não tinha mais dúvidas de que aquele homem sanguinário estava perdidamente interessado em sua menina.

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