Capítulo 11

— Lady Margaret, lamento se fui rude consigo; estava sob muita pressão e a humilhação do arquiduque tinha-me afetado. — O homem tentou pegar a mão de Margaret, mas esta esquivou-se, ajeitando o cabelo.

— Não se preocupe, Lorde Derby. Todos estávamos stressados para encontrar uma solução. — Margaret manteve-se taciturna; nada do que aquele homem dissesse tinha importância para ela.

— Milady, há muito tempo que tenho uma mulher que ocupa os meus pensamentos e está dentro do meu coração, e essa é você. Queria saber se me concedia a honra de casar comigo. — Nesse instante, Margaret percebeu que o conde lhe tinha armado uma pequena armadilha; todos os nobres estavam suficientemente perto para ouvir a conversa, e o arquiduque quase teve um ataque de desgosto.

— Já lhe disse repetidas vezes que meu pai seria o encarregado de selecionar o meu futuro esposo. Lamento rejeitar a sua proposta, mas eu também tenho um homem no fundo do meu coração. O meu pai aceitou o compromisso e em breve nos casaremos; estou muito emocionada por isso. — Margaret mostrou-se tão doce que os presentes amaldiçoaram o homem que ocupava o seu coração, enquanto o conde Derby também amaldiçoava internamente.

— Mas eu pensei que...

— Lamento se confundiu a nossa amizade de infância com algum sentimento real, mas a verdade é que sempre admirei esse homem em segredo. Até que ele próprio foi pedir a minha mão, foi tão emocionante que senti o meu coração explodir de tanta emoção. Espero que também possa encontrar uma mulher que o ame. Com licença, Lorde Derby. — Margaret retirou-se com um sorriso discreto para onde seria a sua tenda; esta ficava bastante perto da do arquiduque.

— Foi muito ganancioso da sua parte, Conde Derby, pretender a flor da sociedade; foi mesmo ousado. Há mulheres que não estão ao alcance de um simples conde. — O arquiduque foi para a sua tenda a rir-se da cara do conde. Tinha transpirado em excesso, por isso precisava de tomar um banho. Iria buscar os seus pertences para entrar no rio, mas deixou um par de guardas a tomar conta de Margaret; não queria que ninguém se aproveitasse dela.

Margaret tinha visto as idas e vindas do arquiduque, por isso, sorrateiramente, decidiu segui-lo. O bom era que a luz da lua a ajudava um pouco a ver o caminho por onde andava. Os guardas que a custodiavam estavam indecisos se a deixavam continuar ou não.

— Não creio que o arquiduque goste da presença da jovem. — Disse um deles.

— Deixa-a, ele pediu-nos para a proteger, não para intervirmos nas suas decisões. É assunto dela se o quer seguir. — O homem não deu mais importância ao assunto e continuou com a sua tarefa.

Margaret conseguiu chegar até onde estava o arquiduque e o que viu deixou-a maravilhada. Bastian era um homem impressionante em todo o seu esplendor; mesmo que morresse de frio, far-lhe-ia companhia. Ao submergir, abraçou Bastian pelas costas, o qual não se surpreendeu minimamente.

— Milady, podia apanhar uma constipação por andar por aí, atrevida. — Disse o arquiduque, virando-se para a tomar nos seus braços. Margaret era uma caixa de surpresas e ele gostava disso.

— Então deste conta da minha presença. És um homem incrivelmente audaz, meu arquiduque. Margaret, chama-me apenas Margaret. — Margaret falava roçando os lábios nos dele enquanto lhe acariciava o rosto; precisava de ouvir o seu nome da boca de Bastian, o seu amado Bastian.

— Margaret, não te farei minha mulher até que te cases comigo. Também não te tomaria num lugar como este; mereces muito mais, minha arquiduquesa. — O arquiduque deu-lhe um beijo terno nos lábios enquanto a olhava com ternura. Isto apaixonou ainda mais Margaret.

— Como o meu arquiduque desejar. — Margaret estava em êxtase com o homem. Ambos partilharam um lindo momento sem imaginarem o escândalo que se ia formar ao chegarem ao acampamento.

Todos estavam impressionados com a visão. O arquiduque Chevalier trazia nos braços Lady Margaret, que estava encharcada, tal como ele. Rapidamente, um guarda do arquiduque foi buscar um cobertor para cobrir a dama, mas quem estava realmente indignado com tal cena era o conde Derby, que explodiu de raiva.

— Margaret! Como te atreves? Pareces uma meretriz. Onde diabo estavam? Que vens tu fazer nesse estado e na companhia de semelhante homem, que se poderia aproveitar da tua inocência a qualquer momento? Acabaste de arruinar a tua reputação. O que diria o duque desta situação? Não passas de uma qualquer. — Gritou o conde, furioso, mas recebeu um soco na cara que o fez cair no chão. O arquiduque tinha-o atingido sem contemplações.

— Não sabia que o Conde Derby gostava de visitar meretrizes; deve conhecer muito bem o seu aspeto para me comparar com uma delas. Devo reconhecer a sua coragem ao insultar a filha de um duque, que está acima do seu estatuto. Lembro-lhe que sou uma mulher comprometida, mas para que não veja a minha reputação comprometida, direi uma coisa: eu sim, faço o meu trabalho, não como você. Perto do rio encontrei umas plantas que nos faziam falta; aqui estão. — Margaret atirou as plantas aos pés do conde. — Infelizmente, caí ao rio; quando estava prestes a afogar-me, o arquiduque Chevalier salvou-me. Devo a minha vida a esse homem que o está a difamar.

O Conde Derby arregalou os olhos. Margaret estava furiosa; tarde demais se apercebeu do seu erro, um erro que lhe iria custar muito caro.

— Deem-lhe cinquenta chicotadas por ofender uma nobre de alto escalão. Amanhã será levado perante o Imperador para receber o seu castigo por me difamar. — Disse o arquiduque com raiva. Margaret começou a espirrar e o arquiduque concentrou a sua atenção nela. — Milady, creio que se constipou. A minha tenda é a que tem melhores condições; durma esta noite lá. Eu farei guarda para garantir que o conde não foge e que ninguém se atreve a ajudá-lo. — Margaret não teve tempo de refutar; os médicos deram-lhe imediatamente uma poção para a constipação e deixaram-na descansar na tenda, que estava fortemente vigiada.

— Maldito conde, não sabes o quanto vou gostar de te ver arruinado. Este pequeno castigo é o início da tua ruína. — Margaret dormiu tranquilamente entre os cobertores e peles que compunham a cama do arquiduque.

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