Capítulo 12

Um mês depois, Cris e eu nos conhecíamos melhor. Aprendi que ele não gosta de piadas, mas ri, riu de mim quando caí em cima de um monte de papéis que nós mesmos tínhamos colocado no chão, descobri também que ele não gosta de coisas muito doces, mas adora frutas cítricas e coisas salgadas. Mas nada supera o que aconteceu hoje à tarde.

- Você se enganou.

- Esta constelação é difícil, eu vejo mais um peixe do que um... Jovem Cris, você falou comigo, você falou comigo...

- …

- …Sim! Mmm que bom, digo, você poderia me mostrar qual constelação eu localizei errado [ele apenas apontou, mas não importava, ele falou comigo! Ha! Duque, tome esta!]

- …

- Poderíamos pintar estas constelações em tamanho grande para podermos ver as distâncias, se desenharmos as mais distantes menores. Vou perguntar ao Duque se ele nos dá tecido. Amanhã é meu dia de folga, irei à vila e comprarei o necessário.

Saí muito feliz em direção ao escritório do duque e disse ao belo guarda Paolo para avisar ao duque que eu precisava falar com ele.

- Lady Aurora, amanhã é seu dia de folga.

- Sim, jovem Salvatierra, irei à vila.

- Lady Smith, pode passar.

- Obrigada, Sir Callum.

O duque estava revisando alguns papéis, mas quando me viu entrar, os deixou de lado e olhou para mim com raiva.

- Boa tarde, Lady Aurora, o que precisa?

- Boa tarde, Duque. Preciso que autorize a compra de tecido, porque...

- Acredito que suas funções como enfermeira estão sendo muito para você e agora vai se dedicar à moda.

- [Ele é meu chefe, ele é meu chefe, ele é meu chefe] Senhor, com licença para falar francamente.

- Estava esperando que pedisse essa permissão, fale.

- O tecido é para o jovem Cris e, antes que pense outra coisa, não é para roupas, queremos pintar as constelações em tecido, temos estudado e permita-me dizer que o jovem mestre é muito hábil em astronomia.

- Astronomia?

- Sim, se não acredita em mim, pode falar com ele sobre isso e notará seu interesse, ele me disse quando eu havia me enganado.

- Ele disse?

- [Ha! Te peguei, duende ranzinza, você vai perceber que seu filho não é nenhum inválido] Sim, senhor, ele me disse: “Você se enganou”.



- …

- Parece surpreso, senhor, lembre-se que eu disse que seu filho é muito inteligente e eu não estava errada.

- Bem, vejo que talvez seus parcos conhecimentos estejam fazendo com que Cris, por desespero, tenha que falar e dizer que você está errada... Eu realmente acredito que a primeira frase que ele disse a você foi “Você se enganou”.

- Você! [Maldito duque, ele vive há anos com Cris e eu, em um mês, já o conheço mais e ele só zomba]

- Eu o quê? Lady Aurora.

- O senhor, senhor, autorizaria a compra de tecido? Amanhã irei à vila e posso passar para perguntar.

- Não precisa procurar desculpas para sair da mansão, posso pedir que tragam para você.

- [Ele é meu chefe, ele é meu chefe, ele é meu chefe] É meu dia de folga, senhor.

- Desde que chegou aqui, não saiu e só viu seus pais por alguns momentos, quando eles vieram à mansão.

- Como está bem informado sobre a vida de seus funcionários, senhor, qualquer um pensaria que tem certo interesse por esta humilde enfermeira em treinamento.

- Você!

- Eu o quê, senhor duque? Precisa de mais alguma coisa ou posso me retirar? Já que não preciso me preocupar em procurar o tecido, pedirei ao jovem Paolo que me acompanhe. Tenha um bom dia, senhor.

Saí rapidamente do escritório do duque, ele estava vermelho de raiva e eu sentia que ele queria me matar, lembrei-me da canção “se olhares matassem, pam, pam, pam” e fui me despedir de Cris.

- Jovem mestre, posso entrar?

- …

- Amanhã é meu dia de folga, irei à vila.

- …

- Espero que se cuide e coma toda a comida, pedirei à Senhora Tomasa que prepare uns doces de limão e hortelã para a tarde.

- …

Cris olhou para mim, não nos meus olhos, mas acenou com a cabeça e continuou lendo.

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