Capítulo 11

Eram seis da manhã e quatro pessoas estavam sentadas na sala de jantar: o Sr. George, uma jovem que ela tinha visto tocar piano, outra que aparentemente ensinava etiqueta e a professora Trunchador, a professora de história.

- Bom dia, como estão? [bem, obrigada Aurora e você?, como está seu dia?, são todos uns amargos]

- …

- Tenham um bom dia.

Todos se levantaram e foram trabalhar, ainda faltava uma hora para as crianças acordarem, então preparei um material para trabalhar com o Cris.

- Lady Smith, o jovem Cris a espera no salão principal.

- Vou já, muito obrigada, Sr. Callum. Sr. George Callum.

Quando entrei no salão, o Cris estava olhando pela janela. O mordomo saiu e ficamos sozinhos, em um grande silêncio.

- Bom dia, jovem Cris, nós nos conhecemos ontem, sou a Aurora. A partir de hoje, estaremos juntos.

[Eu sei que ele me entende, mas preciso saber qual é o interesse dele, as crianças com autismo sempre têm fixações ou interesses específicos, se eu descobrir isso, posso me aproximar dele]

- Cris, olha, trouxe cartões de diferentes temas, quer um?

Fiquei na frente dele e comecei a mostrar os recortes que havia pegado na biblioteca. Ele não olhava para mim e parecia não estar me ouvindo, mas pegou um cartão com estrelas e o levou para a janela.

- Estrelas? Você gosta de estrelas? Espere aqui, vou buscar outro livro na biblioteca.

[Meu Deus! Vou ter que estudar astronomia]

- Já desistiu, Lady Aurora, deixando meu filho sozinho?

- Duque, [que não tem nada para fazer] se me permite, vou até a biblioteca pegar um livro para o jovem Cris.

- A biblioteca? Me lembrei que acabaram de me avisar que há vários livros rasgados.

- Traças? Talvez esteja acontecendo um ataque de traças, senhor. Aos livros, quero dizer.

- Pode ser… talvez eu devesse eliminar essas traças de uma vez por todas.



- !glup! Muito bem, duque, tenha um bom dia. [Maldito duque, tem milhares de livros e reclama de algumas páginas, além disso, eu também não gosto de quebrar coisas, mas levaria muito tempo desenhando-as].

Voltei com vários livros de astronomia, mas percebi que o Cris já os sabia praticamente de cor. Notei isso quando eu estava lendo uma imagem de algumas constelações e errei alguns nomes.

- Então, à direita do mar estreito, está a Ursa Maior.

O Cris olhou para mim, não nos olhos, mas olhou para mim e apontou para as costas do antigo continente no mapa. Depois disso, fingi estar errada algumas vezes e ele me corrigiu. E então eu entendi, entendi tudo, o Cris seria um grande astrônomo e eu o ajudaria nisso.

Os dias foram passando e eu aprendi mais sobre astronomia, às vezes seu irmão Franz se juntava à nossa conversa silenciosa ou às vezes ele só entrava para se esconder do mordomo ou das aulas de história. Estou me aproximando das mulheres que trabalham na mansão e já entendo melhor a dinâmica deste lugar. Às vezes, quando não há ninguém por perto, abro todas as cortinas e coloco flores, só para irritar meu chefe.

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