A chuva fina caía sobre Londres, encharcando as ruas e lançando um brilho úmido sob as luzes amareladas dos postes. O som rítmico das gotas contra as janelas ecoava pelo apartamento de Alexandra, onde ela e Ethan estavam sentados em silêncio. A batalha recente havia deixado marcas profundas, não apenas em seus corpos, mas também em seus corações. As sombras dos acontecimentos ainda pairavam sobre eles, como fantasmas do passado que se recusavam a partir.
Alexandra estava junto à janela, observando as gotas escorrerem pelo vidro, perdendo-se em seus pensamentos. Ela ainda podia sentir a presença de Lucien, como se sua memória estivesse gravada na própria cidade. Os olhos vermelhos, o sorriso cruel, tudo parecia ecoar na escuridão da noite lá fora.
“Você não pode continuar se punindo por tudo o que aconteceu,” a voz grave de Ethan quebrou o silêncio. Ele estava sentado no sofá, observando-a com preocupação. Mesmo em sua forma humana, havia algo de primal em seus olhos, uma intensidade que nunca desaparecia completamente.
Alexandra suspirou, sem desviar o olhar da chuva. “É difícil não pensar nas vidas perdidas, no que poderíamos ter feito de diferente.” Havia um peso em sua voz, uma melancolia que parecia crescer a cada palavra. “Lucien não era só um inimigo, ele era alguém que eu conhecia. E agora...”
Ethan se levantou, aproximando-se lentamente. Ele parou ao lado dela, os braços cruzados sobre o peito. “Perder pessoas que conhecemos, mesmo aqueles que se tornaram nossos inimigos, é sempre difícil. Mas não podemos deixar que isso nos destrua. Nós ainda estamos aqui, Alexandra, e isso significa que ainda há uma chance de fazer as coisas certas.”
Ela virou-se para ele, finalmente encontrando os olhos de Ethan. Havia uma vulnerabilidade ali, uma incerteza que ele raramente mostrava. “E o que é certo agora, Ethan? Como continuamos depois de tudo isso?”
Ele hesitou por um momento antes de responder, como se estivesse escolhendo cuidadosamente suas palavras. “Nós seguimos em frente, juntos. Não há um caminho claro, não há garantias. Mas se há algo que essa batalha me ensinou, é que precisamos um do outro. Sozinhos, somos fortes, mas juntos, somos invencíveis.”
As palavras de Ethan carregavam um peso sincero, e Alexandra sentiu uma leveza começando a se espalhar por dentro dela, como se algo estivesse começando a desmoronar. Havia tanto medo, tanta dor acumulada, que por um momento, ela permitiu-se pensar que talvez, apenas talvez, houvesse esperança.
“Você sempre soube o que dizer para me fazer acreditar,” disse ela, um pequeno sorriso curvando seus lábios. “Mas e se eu falhar? E se não formos fortes o suficiente?”
Ethan estendeu a mão, tocando gentilmente o rosto dela. O calor de seu toque era reconfortante, uma ancoragem no meio da tempestade. “Eu também tenho meus medos, Alexandra. Mas a diferença entre falhar e vencer não está na ausência de medo, mas na escolha de lutar apesar dele.”
Ela fechou os olhos por um momento, absorvendo a força de suas palavras. Quando abriu novamente, havia uma determinação renovada em seu olhar. “Você tem razão. Não podemos deixar que o medo nos controle. Não importa o que aconteça, precisamos continuar lutando pelo que acreditamos.”
Ethan sorriu, um sorriso que continha tanto alívio quanto esperança. “Exatamente. E eu estarei ao seu lado, a cada passo.”
O silêncio caiu sobre eles novamente, mas desta vez não era um silêncio pesado ou desconfortável. Era um silêncio de compreensão, de aceitação. Alexandra sabia que ainda havia um longo caminho a percorrer, mas pela primeira vez em muito tempo, sentiu que não estava sozinha nessa jornada.
Ela aproximou-se mais de Ethan, permitindo-se sentir o conforto de sua presença. “Você acha que... podemos ter um futuro, Ethan? Um futuro juntos?”
Ele olhou para ela, seus olhos suaves, mas cheios de convicção. “Sim, acredito que podemos. Não será fácil, haverá muitos desafios pela frente. Mas se há algo que aprendi, é que qualquer coisa vale a pena lutar se for por algo ou alguém que amamos.”
Alexandra respirou fundo, sentindo a esperança florescer dentro dela. “Então vamos lutar. Vamos criar um futuro juntos, onde vampiros e lobisomens possam viver em paz, onde nós possamos viver em paz.”
Ethan assentiu, sua mão ainda segurando a dela. “Sim, vamos lutar por isso. E enquanto estivermos juntos, sei que podemos superar qualquer coisa.”
A chuva continuava a cair lá fora, mas dentro do apartamento, um novo sentimento havia surgido. Não era mais apenas a sombra da batalha, mas um novo começo. Alexandra e Ethan, unidos não apenas pela necessidade, mas pelo desejo de um futuro juntos, estavam prontos para enfrentar o que viesse.
Eles sabiam que o caminho à frente seria difícil, mas pela primeira vez, sentiram que a esperança não era apenas um sonho distante. Era algo que poderiam alcançar, juntos. E enquanto o som da chuva preenchia a noite, eles se permitiram acreditar em um futuro onde a reconciliação e a esperança poderiam prevalecer.
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Atualizado até capítulo 26
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